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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Bíblia Hebraica (2)

Esserim VeArbaá (Cânone Judaico Bíblico)


A Bíblia Hebraica recebe três nomes diferentes: Bíblia Hebraica, cânone palestinense ou ainda texto massorético.

O conjunto formado pela Bíblia Hebraica (cânone judaico), também chamado de Antigo Testamento (cânone cristão), recebe em hebraico o nome de Tanach, uma acrossemia das palavras Torá (Pentateuco), Neviim (Profetas), Ketuvim (Escritos ou Hagiógrafos).


Observamos a tendência, em substituir os termos Antigo Testamento e Novo Testamento por Primeiro Testamento e Segundo Testamento, para evidenciar sua continuidade e por razões ecumênicas.


O Tanach abrange os Vinte Quatro Livros Sagrados (Esserim Vearbaá24”), que foram canonizados como Escritos Sagrados no cânone judaico. Os livros canonizados da Bíblia Hebraica (Tanach) segundo o arranjo judaico tradicional:

1º grupo: Torá (Pentateuco) – 1) Bereshit (Gênesis), 2) Shemot (Êxodo), 3) Vayikrá (Levítico), 4) Bamidbar (Números) e 5) Devarim (Deuteronômio);

2º grupo: Neviim (Profetas): Neviim Rishonim (Primeiros Profetas) – 6) Josué, 7) Juízes, 8) I Samuel – 8) II Samuel, 9) I Reis – 9) II Reis / Neviim Acharonim (Últimos Profetas) – Maiores - 10) Isaías, 11) Jeremias, 12) Ezequiel / Shenei Assar (Os Dozes Profetas) – Menores - 13) Oséias, Joel, Amós, Obadia/Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias;

3º grupo: Ketuvim (Escritos): 14) Salmos, 15) Provérbios, 16) Jó / As cinco Meguilot (“rolos”, “pergaminhos”) - 17) Cântico dos Cânticos; 18) Rute, 19) Lamentações, 20) Eclesiastes, 21) Ester / Livros-Escritos Históricos – 22) Daniel, 23) Esdras – 23) Neemias, 24) I Crônicas – 24) II Crônicas.


Observações Importantes:

Obs 1: Os seguintes livros, no cânone judaico, são contabilizados como um só: Samuel 1 e 2 (um livro – por isso a repetição do número); Reis 1 e 2 (um livro), Crônicas 1 e 2 (um livro), e Esdras e Neemias (um livro).

Obs 2: Neviim Acharonim (Últimos Profetas) Maiores e Menores - Essa parte da Bíblia está dividida em Profetas Maiores e Profetas Menores, uma distinção que se refere não à sua importância relativa (ou qualidade), mas ao tamanho dos livros.

Obs 3: Os Profetas Menores, em hebraico Shnei Assar (“os Doze”), formam uma coleção de 12 livros curtos. No cânone judaico, os Doze Profetas Menores são contabilizados como um só livro.


O cânone judaico aceita como livros sagrados os que foram escritos nas línguas hebraica e aramaica, na Terra de Israel e até o tempo de Esdras.


A lista dos livros (judaicos) foi aprovada entre os anos 80 e 100 E.C., na cidade de Jâmnia, ao sul da terra de Israel e a cerca de 50 km de Jerusalém.


O cânone judaico não aceita na sua lista sete livros escritos que foram incluídos pelos judeus da Diáspora (fora de Israel). Esses sete livros foram escritos fora de Israel, provavelmente na língua grega (o koiné) e depois do período de Esdras (398 a.E.C.): 1) Tobias; 2) Judite; 3) 1 e 2 Macabeus; 4) Eclesiástico; 5) Baruc; 6) Sabedoria e 7) partes de Ester (Est 10,4-16,24) e Daniel (Dn 3,24-25.52-90; 13-14). Esses livros são chamados de deuterocanônicos (segunda lista).


Curiosidades

As Bíblias católicas modernas seguem a ordem da Versão dos Setenta (a primeira tradução da Bíblia hebraica feita para a língua grega, por volta do ano 132 a.E.C.) e a numeração do texto hebraico.

A Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB) traz o texto hebraico separado do texto grego.

A Bíblia de Jerusalém fundiu os dois textos num único, trazendo o texto grego em itálico, para distingui-lo do hebraico.

Os livros da Bíblia Hebraica foram compostos em hebraico, apenas algumas passagens foram compostas em aramaico. O hebraico encontrado nos livros bíblicos do Tanach não é uniforme e apresenta três estágios distintos.

O trabalho com o texto hebraico bíblico possibilita corrigir interpretações de outras teologias que corromperam seu sentido original e, conseqüentemente, a identidade do texto como um todo.

Exemplo: A maior parte das traduções convencionais opta pelo verbo “pairar” para traduzir o hebraico merahefet. O radical rhf, porém, do qual merahefet é derivado, traz a idéia básica de movimento, deslocamento e vibração, um sentido que o hebraico compartilha com o ugarítico (língua semita ocidental, da mesma família do hebraico). O verbo associado a ruach, vento, sopro, espírito divino, reforça ainda mais a idéia de que a superfície das águas estaria agitada: a presença divina gerando movimento e dinamismo e alterando a natureza informe e estática do caos primordial.

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