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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Tel Aviv em movimento

FSP / Marcelo Ninio (21/02/2012): Tel Aviv em movimento: Por 13 votos a 7, o conselho municipal de Tel Aviv aprovou uma decisão que abre caminho para a circulação de ônibus na cidade durante o shabat, o descanso semanal judaico, que vai da noite de sexta à noite de sábado. Perece trivial, mas na eterna disputa entre religiosos e laicos em Israel, é uma pequena revolução. Tem tudo a ver. Tel Aviv é a cidade mais cosmopolita de Israel, dominada por um estilo de vida hedonista, extrovertido e laico, de business, praia, cafés e vida noturna (até um animado baile de Carnaval rolou este ano). Em muita coisa, parece mais o Rio que a circunspecta Jerusalém. (...) Segundo uma ampla pesquisa divulgada recentemente, 80% dos judeus em Israel acreditam em Deus. 43% se consideram “laicos”, 32% “tradicionais”, 15% “religiosos” e 7% “ultraortodoxos”. Além disso, 59% são favoráveis à circulação de transporte público no shabat. Mas o apoio da maioria não deve bastar para influenciar a decisão do governo em relação aos ônibus de Tel Aviv. Em 2012, o interesse político de manter o status quo de 1947 ainda é prioridade. >>> Leia mais, clique aqui. >>> FSP, Blog do Marcelo Ninio no Oriente Médio: Marcelo Ninio é correspondente em Jerusalém >>> Leia mais

domingo, 2 de janeiro de 2011

Bourekas e caipiras: Topol e Mazzaropi

ALCEU - v. 9 - n.18 - p. 56 a 72 - jan./jun. 2009

Bourekas e caipiras: Topol e Mazzaropi

José Gatti

Resumo: Este ensaio aborda comparativamente filmes de dois gêneros cinematográficos: boureka, em Israel, e caipira, no Brasil. Os dois países produziram comédias retratando os conflitos de personagens oriundos do meio rural em seu processo de assimilação no meio urbano. Essas comédias atingiram seu apogeu nos anos 1960 e obtiveram grande popularidade até o final dos anos 1970. A despeito das enormes diferenças entre as cinematografias israelense e brasileira, certos pontos de contato permitem vislumbrar tendências presentes em muitos cinemas nacionais. A temática do personagem oriundo do meio rural e seus enfrentamentos com o mundo urbano está na origem dos cinemas israelense e norte-americano, assim como na origem do cinema brasileiro. Compara-se aqui o trabalho de dois atores centrais na história desses gêneros, assim como na história do cinema de seus países: Topol e Mazzaropi.

Palavras-chave: Políticas de representação; Representação étnica; Cinema brasileiro; Cinema israelense; Comédia.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Israeli diplomats packing bags

Ynet news (27/12/2010): Israeli diplomats packing bags: Expenses coming out of their own pockets, no travel reimbursements and embarrassed requests for help from mom and dad: Nine emissaries head home, claiming they can't live off diplomatic salary. >>> Leia mais, clique aqui.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Descoberta casa da época de Jesus em Nazaré

Último Segundo: Nahum Sirotsky (21/12/2009): Descoberta casa da época de Jesus em Nazaré: Escavações realizadas na área da Igreja da Anunciação, construída no tradicional local onde Maria soube que estava grávida do filho de Deus, revelaram a existência de uma casa da mesma época.


Vejam mais:

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Premiado artista israelense se apresenta em SP e RJ


Em comemoração aos 60 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Israel, chega ao país o renomado contra-tenor israelense David D'Or para performances exclusivas.


Seu talento é reconhecido internacionalmente e D'Or tem viajado o mundo transmitindo ao público seu suntuoso espetáculo que cobre uma ampla gama de gêneros musicais como o pop, rock, dance, clássica e ópera. Sua notável voz não somente lhe permitiu performances com as melhores orquestras filarmônicas do mundo, mas também lhe rendeu a oportunidade de apresentar-se para autoridades como o rei da Tailândia Bhumibol Asulyadej, o Ex-Presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e para os Papas João Paulo II e Bento XVI.


O show de David D'Or foi considerado pelo jornal "Whashington Post" como "surpreendente, magnífico e imperdível" e poderá ser visto no Brasil em duas únicas apresentações em São Paulo e Rio de Janeiro.


RIO DE JANEIRO - 20/06 (Sábado) às 20h na Hebraica Rio

Endereço: Rua das Laranjeiras, 346

Mais informações na secretaria da Hebraica: (21) 2557 4455

Vendas na Fierj, Wizo, Hellel, Monte Sinai, na Chilli Beans dos Shoppings Leblon Rio Sul e Barra Shopping e na Gavea.com no Shopping da Gávea.


SÃO PAULO - 21/06 (Domingo) às 19h30m no Teatro Arthur Rubinstien

Endereço: Rua Hungria, 1000 - Jd. Paulistano

Vendas pelo site do Ingresso Rápido: www.ingressorapido.com.br


Conheça mais o artista David D'Or no site:

www.daviddor.com

Veja o vídeo de David D'Or cantando para o Papa Bento XVI:

http://www.youtube.com/watch?v=Ut7euIUUAtk

Veja uma seleção de vídeos de David D'Or:

http://www.youtube.com/watch?v=r-CnZzhNAsY


sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Lemon Tree

Jornal do Brasil, Revista Programa, Rubens Lima Jr., página 6, de 8 a 14/08/2008.


Jornal do Brasil, Caderno B, Carlos Helí de Almeida, página B1, em 07/08/2008.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Em Gaza, assim como em Teerã (Renata Malkes)


Fé, repressão e privações marcam a vida um ano após a chegada do Hamas ao poder

Renata Malkes
Especial para O GLOBO
O Globo, Mundo, página 41, em 15/06/2008.

TEL AVIV. Uma caminhada atenta pelos arredores da praça Al Jundi al-Majhoul, no centro da Cidade de Gaza, torna inevitável uma comparação com os bairros conservadores da capital iraniana, Teerã. Um ano após o golpe militar que levou o grupo radical islâmico Hamas ao poder na Faixa de Gaza e um embargo israelense que mergulhou a região na maior crise humanitária dos últimos 60 anos, os moradores de Gaza dão sinais de que se agarrar à fé é a única solução para superar as dificuldades do dia-a-dia. É cada vez maior o número de mulheres cobertas pelo hijab, o tradicional véu islâmico, e muitas que já adotavam o adereço passaram no último ano a usar o chador, a vestimenta negra usada pelas muçulmanas xiitas iranianas. Cada vez mais conservadora, a sociedade de Gaza tem ainda um número recorde de homens que cultivam as barbas, deixando claro um processo de islamização que caminha a passos tão largos quanto a rápida deterioração da qualidade de vida num dos territórios mais populosos do mundo.

Altíssimo índice de desemprego
Para o cientista político Mkhaimar Abu Saada, da Universidade al-Azhar, o marco do primeiro ano da chamada revolução verde, que levou o Hamas ao poder, é uma oportunidade para que os palestinos reflitam. Segundo ele, trata-se do pior ano da história palestina, já que o rompimento das ligações entre o Hamas e o Fatah deixou a população dividida e a comunidade internacional descrente quanto à solução do conflito árabe-israelense. Com índices de desemprego beirando os 65% da população econômicamente ativa e a queda da renda per capita de U$1.500 para apenas US$ 600 anuais, os 1,5 milhão de moradores da Faixa de Gaza parecem ter perdido a esperança por dias melhores.

— Além da pobreza, do abandono e da dificuldade de sobreviver após o embargo israelense que sucedeu a tomada de poder pelo Hamas, hoje vê-se as pessoas nas ruas mais religiosas, mais reclusas e sem esperança.

Nunca se viu tantos homens usando barbas, é um momento de religiosidade extrema. Somos sunitas, mas muitos se voltaram às normas religiosas do Islã xiita por desespero, outros, para sobreviver — afirmou Abu Saada.

— Hoje o Hamas é a única fonte de empregos em Gaza. Por ser um movimento religioso, muitos adotaram um modo de vida conservador em busca de uma colocação, seja nas forças de segurança, seja nos serviços civis do governo Hamas. Essa religiosidade, no entanto, não significa uma volta ao extremismo. Os palestinos de Gaza voltaram a sonhar com uma união nacional e a volta de um governo em que Hamas e Fatah possam estar juntos para combater a ocupação de Israel — arrisca Abu Saada.

A crise sem precedentes tem como símbolo os combustíveis.

O fechamento das fronteiras e o corte parcial das transferências de diesel para a Faixa de Gaza após um ataque contra o terminal de Nahal Oz, na fronteira com Israel, em abril, paralisaram 85% dos transportes. Pelo menos 145 postos de gasolina foram obrigados a lacrar as bombas e, em algumas cidades, são raros os carros circulando nas ruas. Houve até quem tentasse usar óleo de cozinha para abastecer seus veículos. O diretor do Centro Palestino de Direitos Humanos, Jaber Wishah, garante que 50% dos alunos da rede de ensino correm risco de perder o ano letivo por não conseguir chegar às escolas e universidades.

Longas distâncias são percorridas à pé ou de carroça.

— A situação é insustentável.

Não sabemos se culpamos a administração do Hamas ou o bloqueio israelense. Ou os dois. O fato é que Israel precisa liberar as fronteiras. Por diversas vezes estivemos à beira do caos, mas nunca como agora — afirma Wishah.

As possibilidades de retomar o governo de união nacional entre todas as facções palestinas dividem os analistas locais e racham ainda mais a opinião pública.

Falta consenso entre o Hamas e o Fatah em áreas fundamentais como política interna, externa e a reconstrução da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

O desafio das fronteiras
Apesar de uma aparente queda da popularidade do grupo, segundo as últimas pesquisas de opinião, o futuro político do Hamas estaria condicionado à reabertura imediata das fronteiras, que facilitaria a vida dos moradores e ajudaria a melhorar a imagem de um governo desgastado e tido como ilícito pela comunidade internacional. Cético, o cientista político Assad Abu Sharek, da Universidade de Gaza, acredita que as propostas de diálogo feitas na última semana pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, do Fatah, são apenas uma forma de pressionar Israel a levar adiante as negociações de paz mantidas entre Ramallah e Jerusalém com a supervisão da Casa Branca. A crise na Faixa de Gaza, para ele, só seria solucionada com a intervenção da Liga Árabe.

— Os esforços do Egito não são suficientes. Ninguém quer intervir num processo já condenado ao fracasso. Estamos encurralados e não se sabe como superar as divergências entre as facções, embora todos compreendam a necessidade de união nacional. Talvez como resistência o Hamas esteja mais organizado e tenha se fortalecido, ganhado novos armamentos e técnicas de combate, mas o governo Hamas está condenado ao fracasso. Eles levam apenas uma vitória, que é a devolução da segurança às ruas de Gaza. Há um ano, gangues se enfrentavam nas ruas, matavam e roubavam à luz do dia. Parece contraditório, mas hoje a Faixa de Gaza é um lugar mais seguro. Há lei e ordem, além da qualidade no atendimento dos serviços públicos, reorganizados, e do fim da corrupção. Este mérito não se pode tirar do movimento islâmico — afirma Abu Sharek.

Veja mais:

sábado, 17 de maio de 2008

Israel 60 anos - Uma Imagem

Essa foto foi usada para a publicidade do Bank Hapoalim (Israel), em homenagem aos 60 anos do Estado de Israel. Os braços retratados na foto são de uma criança e de sua avó.

sábado, 10 de maio de 2008

"Em Israel a política escorre pelo seu quarto", diz o cineasta Amos Gitai

Israel Punzano
Em Barcelona

O cineasta israelense Amos Gitai (nascido em Haifa em 1950), ao qual o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (Macba) dedica um ciclo, é um sobrevivente. Em seu caso não se trata de uma metáfora: ele mesmo participou da guerra de Yom Kipur. Seus filmes -"Zona Livre" (2005), "Terra Prometida" (2004) ou "Éden" (2001)- reivindicam a utopia e mostram a realidade da região-estopim que o viu nascer.

El País - O cinema como entretenimento o aborrece?
Amos Gitai - Todas as disciplinas da arte entretêm, mas é necessário algo mais. Não podemos ser só consumidores, mas devemos nos transformar em espectadores-intérpretes, como acontece quando nos colocamos diante de um quadro de Velázquez.

EP - Seus filmes têm uma grande carga biográfica. Não é de estranhar, porque está vivo por milagre...
Gitai -
Isso de sobrevivente é verdade. Quando jovem, em 1973, participei da guerra de Yom Kipur. Em meu aniversário, num dia ensolarado de outubro, estava sobrevoando com um helicóptero a frente líbia em busca de feridos para transportá-los para o hospital. O helicóptero foi derrubado por um míssil. O co-piloto estava a menos de um metro de mim e morreu decapitado. Éramos sete tripulantes. A maioria ficou ferida e morreu depois. Eu consegui sobreviver. As forças aéreas israelenses telefonaram para minha mãe e lhe disseram com secura que seu filho era uma exceção à estatística: ninguém sobrevive a uma coisa assim. Como não sou místico, aquela afirmação me perturbou.

EP - Sente-se à vontade quando rotulam seus filmes como "cinema político"?
Gitai - Quando se vive em um país como Israel, mesmo que pretenda ignorá-la, a política escorre por baixo da porta do seu quarto. O arrasta, seja qual for seu estado. É a tragédia da região em que vivo. Quando o conflito diminui e as pessoas começam a sarar e a estabelecer novas relações sociais, ressurge a selvageria que as atrai para o redemoinho.

EP - Seu cinema é a outra face do que contam as notícias?
Gitai - Não aceito os discursos politicamente corretos. Vivemos em uma situação de conflito altamente intoxicado pelas imagens dos telejornais. Todos juntos, tanto israelenses como palestinos, aceitamos ser colaboracionistas com a intoxicação que se faz de nossa imagem. Caímos em uma armadilha e damos carniça para alimentar os telejornais universais da noite, que nos consideram uma novela digna de ser vista de vez em quando. Cada um de nós utiliza suas feridas para obter vantagens políticas, sem entender que somos todos perdedores.

EP - Não resta sequer a esperança?
Gitai - Ao refletir sobre isso, penso em minha mãe, que nasceu em Israel quando ainda era simplesmente palestina. Tinha raízes dos judeus da Rússia. Casou-se com meu futuro pai nos anos 1930 e passaram a lua-de-mel no Líbano. Quando eu era pequeno, as fronteiras já estavam fechadas e cruzá-las me parecia algo extremamente perigoso. Mas em cima da mesa na qual almoçávamos minha mãe sempre punha umas estranhas passagens de trem com o trajeto Haifa-Beirute, os da sua lua-de-mel. Parecia-me muito preocupante que algum dia tivesse havido essa possibilidade de viajar em paz. Com esse gesto, minha mãe queria nos dizer que se aquele trem havia existido no passado poderia voltar a existir. Em Israel não devemos perder a esperança.

EP - Como decide se uma história deve ser um filme de ficção ou um documentário?
Gitai -
Por razões éticas. Quando rodei "Terra Prometida", fiz um acompanhamento do tráfico de mulheres do Leste Europeu para o Oriente Médio para exercer a prostituição. Quando se trata de explorar essas mulheres, não há problemas. Os mafiosos israelenses e palestinos se unem pelo bem do negócio. Nesse caso não quis utilizá-las para fazer um exorcismo de seu sofrimento e optei pela ficção. O documentário exige mais pudor que um filme de ficção, porque as pessoas que aparecem nele seguirão suas vidas quando o filme terminar.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Extraído de:
El País, em 10/05/2008.

sábado, 26 de abril de 2008

Ronit Elkabetz: "Israel nasceu perante as câmaras"

EuroNews, em 26/04/2008. - Ronit Elkabetz e o irmão Shlomi estão a dar os últimos retoques na montagem do mais recente filme, "Sete dias". Ronit é a diva do cinema israelita contemporâneo. É actriz, mas também realizadora. Num estúdio de som de Telavive, os irmãos Elkabetz estão a fazer a sonorização deste "one-shot movie", todo filmado no interior de uma casa, no seio de uma família afectada pela tragédia. É a história de um clã que se desmorona. No espaço de dez anos, o cinema israelita não só sarou as feridas, como se tornou uma importante fonte de boas histórias, a nível mundial. Conhecida do público internacional pelo filme "a visita da Fanfarra", Ronit recebe-nos no café Horace, para nos falar do que é hoje a sociedade de Israel, sessenta anos depois da fundação do país.

Hans Von der Brelie, EuroNews: "Sete dias" é a história de uma família que fica fechada durante exactamente sete dias. Durante esse período, passa-se muita coisa, as pessoas começam a discutir, há conflitos, há tensões e, no fim, um certo apaziguamento. Isto é, de alguma forma, simbólico da sociedade israelita?
Ronit Elkabetz: É um país que nasceu perante as câmaras. Quer dizer, desde a fundação até hoje, temos sido muito bem filmados, entre aspas. O Estado de Israel está de face virada para o resto do mundo. Tudo o que se passa no conflito israelo-palestiniano está no centro, mas as pessoas não conhecem tudo sobre a sociedade israelita.

EN: Como é que a mudança numa sociedade se reflecte na mudança no cinema israelita?
RE:
O que se está a passar neste momento, ao nível cultural, é incrível. Estão a passar-se coisas extraordinárias. Pusemos de parte a visão política da nossa história cultural, embora as coisas não sejam bem assim: mesmo nós, estando aqui a tomar o nosso café, parecemos calmos, mas na verdade não estamos. É preciso dizer isso. Faz parte da situação. Mesmo se estamos a fazer um filme que fala sobre uma relação entre duas pessoas, que estão a conversar num café, as coisas podem explodir de um momento para o outro.

EN: O cinema israelita começa a descobrir toda uma paisagem interior, mais centrado em retratos individuais?
RE: É exactamente isso. Podemos dizer que o cinema israelita se tornou bastante mais feminino.

EN: A União Europeia tem vindo a apoiar cooperações dentro da região. Entre Israel, a Turquia, a Palestina e outros países. Há apoios financeiros e eu pergunto-me: não é um pouco artificial juntar este e aquele realizador, encontrar uma verdadeira cooperação na região? Ou será que é algo que pode mesmo servir para que as pessoas se compreendam melhor?

RE: Sinceramente, acredito que pode ter um efeito positivo, que o governo não consegue. Somos nós, as pessoas da rua, os artistas, que podemos realmente criar laços. recisamos de quê? Precisamos de falar, nada mais do que isso. Falar de uma maneira simples, com palavras de amor e não com palavras de medo. É isso. A paz pede-nos o quê? Palavras simples! Um homem, uma mulher, um homem frente a outro homem, duas mulheres, simplesmente juntos, que se falam, olhos nos olhos. Para aceitar o outro tal qual como ele é.

EN: Sessenta anos depois da criação do Estado de Israel, que que posição estamos, nesta sociedade? Qual a verdade interior que podemos encontrar através dos seus filmes?
RE: É difícil nascer num país em guerra, crescer e envelhecer num país em guerra. Não há mudança. Tudo o que fazemos vem desta mistura que nem é paz, nem é guerra, nem é preto, nem é branco. É qualquer coisa de intermédio. É uma espécie de pesadelo, quero dizer, o sonho é as coisas melhorarem e o pesadelo é as coisas irem de mal a pior. Porque podem piorar.

EN: Isso coloca, para um artista, a questão da relação entre política e arte...
RE: Sinto que existe uma responsabilidade de contar através da minha alma e do meu corpo, do meu espírito, do meu conhecimento, toda a sociedade tal qual como ela é. Há uma situação política e uma vida pessoal que faz parte dessa situação política. Como dizia antes, não podemos separar as duas coisas.

EN: Tenho a impressão de que o cinema israelita é muito influenciado pelos documentários. Estar muito ligado à realidade, às histórias reais, pessoais, não é um risco?
RE: O sucesso do cinema israelita começou no momento em que as pessoas começaram, de uma maneira documental, a filmar as coisas no interior do país, o que se passa nas ruas e dentro das personagens, dentro das pessoas. Isso são histórias íntimas. A Europa também conta histórias íntimas.

EN: O ponto comum entre os cinemas europeu israelita é, talvez, essa procura da intimidade?
RE:
É, sem dúvida, o nosso ponto comum. O país tem seis milhões de habitantes e 15 ou 20 culturas diferentes, que vêm do mundo inteiro e vivem, de forma excessiva e muito íntima, uns com os outros. Num simples prédio em Telavive, podemos encontrar um georgiano, um palestiniano, de vez em quando um romeno, um marroquino, um polaco, um russo... todos os países! É uma riqueza extraordinária, que nos permite contar histórias através dessas pessoas. É uma cultura rica!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Amos Gitai vai receber Leopardo de Honra em Locarno

Locarno, Suiça, 08 Abr (Lusa) - O realizador israelita Amos Gitai vai receber este ano o Leopardo de Honra do Festival de Cinema de Locarno, que decorrerá em Agosto, anunciaram hoje os organizadores do certame.

Amos Gitai, 58 anos, autor de mais de 40 filmes e documentários, será galardoado pelo seu "impacte no cinema mundial".

O último filme de Gitai, intitulado "Disengagement", tem a actriz francesa Juliette Binoche no papel principal.

Jean-Luc Godard, Bernardo Bertolucci, Abbas Kiarostami e Wim Wenders também já receberam o Leopardo de Honra do Festival de Locarno.

Extraído de:
Notícias.rtp.pt, em 08/04/2008.