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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sábado, 26 de janeiro de 2008

Pesquisa questiona relação da população palestina com o nazismo

Deutsche Welle, 12 de janeiro de 2008.
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3055209,00.html

Pesquisa questiona relação da população palestina com o nazismo


O alemão René Wildangel questiona as versões históricas que apontam o apoio do povo palestino ao regime de Hitler. Segundo o historiador, os colaboradores entre os palestinos eram minoria.

"Entre o Eixo e o poder do Mandato" é o título da pesquisa do historiador René Wildangel, que se ocupa da relação entre palestinos e nazistas. Embora a posição do mufti (acadêmico responsável por interprestar as leis islâmicas) Haji Amin el Husseini, anti-semita ferrenho e colaborador do regime de Hitler, seja um fato comprovado, Wildangel acredita que essa postura "não seja representativa. É preciso se ocupar, antes de tudo, com as coisas que aconteciam na Palestina naquele momento, e não apenas com essa pessoa, que veio para a Alemanha e aí colaborou com os nazistas".

Imagem errônea
Wildangel, que se interessa em primeira linha pela perspectiva palestina, acredita que boa parte dos historiadores, até agora, partiram, em suas pesquisas, de fontes alemãs, britânicas e israelenses, chegando à conclusão de que a Alemanha de Hitler contava com um apoio ilimitado por parte dos palestinos.

Tudo levando a crer que o povo palestino, de forma geral, tenha se mostrado anti-semita. – "aos moldes do mufti" – diz Wildangel. A razão de tal "imagem errônea", segundo o historiador, está no fato de a contexto ter sido reconstruído a partir de relatos dos serviços secretos do Terceiro Reich e da SS.

Em 400 páginas, Wildangel analisa como a Alemanha nazista era retratada pelas publicações e jornais palestinos da época. O historiador acredita que palavras de ordem nazista, bem recebidas na Palestina, eram repetidas menos em função de um anti-semitismo existente, mas como oposição à hegemonia britânica, a partir do lema: "O inimigo do meu inimigo é meu amigo".

História hoje
Wildangel aponta para o fato de que, nas publicações palestinas, havia também relatos diferenciados sobre o ditador alemão e o programa político do regime nazista. O que, segundo o historiador, prova que, pelo menos quem lia jornal na época, tinha consciência das metas perseguidas por Hitler e sabia que a Palestina só atraía o interesse da Alemanha nazista devido à emigração dos judeus alemães e não porque o governo quisesse, de alguma forma, apoiar os palestinos na luta contra o colonialismo britânico.

Para o historiador alemão, a imagem dos palestinos como simpatizantes do nazismo foi criada principalmente no pós-guerra. "Quanto maior o ódio no conflito do Oriente Médio, maior a disposição em transportar tais imagens históricas errôneas. Os autores israelenses apontam para a existência do mufti e os árabes se negam a discutir o anti-semitismo e o Holocausto", diz Wildangel.

Debate necessário
Segundo o historiador, meias-verdades históricas acabam, dessa forma, servindo como argumentos políticos duvidosos. "Acredito que o conflito no Oriente Médio seja, em grande parte, uma luta pela legitimação. Cada lado aponta a culpa do outro e nenhum dos dois se ocupa da história do outro. Isso acentua o confronto e impede que se consiga sair da espiral do conflito", resume Wildangel.

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