Centro Anne Frank lança Holocausto em quadrinhos na Alemanha
Ilustração 1 Quadrinhos deverá facilitar aprendizagem do Holocausto
Como informar adolescentes desinteressados em História sobre o Holocausto? Um instituto da Holanda sugere uma maneira não convencional de tratar o problema na sala de aula – um livro de história em quadrinhos.
Desde que publicou, na edição da última quinta-feira (31/01) do tablóide Bild, trechos do livro de história em quadrinhos sobre o Holocausto que pretende lançar nas escolas alemãs, o telefone do diretor do Centro Anne Frank de Berlim, Thomas Heppener, não pára de tocar.
Ilustração 2 Livro será usado como material paradidático nas aulas de História
"Estou um pouco surpreso com as reações exaltadas", afirmou Heppener. "É claro que ouvir as palavras 'história em quadrinhos sobre Hitler' causa espanto, mas logo se vê que se trata de uma tentativa séria de encontrar novos caminhos para abordar a história numa época em que as testemunhas do Holocausto estão morrendo e os jovens perdem cada vez mais o interesse por este período", acrescentou.
A nova ferramenta de ensino surgiu da preocupação gerada por estudos que comprovam que crianças da Alemanha reunificada sabem muito pouco sobre o Holocausto.
Pelos olhos de família judia de ficção
O livro, intitulado Die Suche (A Busca) e produzido originalmente pelo instituto holandês Centro Anne Frank, relata eventos fundamentais da era nazista da ótica de uma família judia fictícia, os Hecht.
Esther conseguiu escapar do campo de extermínio, mas seus pais foram mortos. Após pesquisas na internet, Daniel localiza Bob, que sobreviveu a Ausschwitz, o que estimula Esther a começar a falar sobre suas experiências.
De acordo com Maatje Mostart, assessora de imprensa do Centro Anne Frank de Amsterdã, o livro já foi testado com crianças de escolas holandesas e foi um sucesso. Um predecessor de A Busca foi lançado no país em 2004 e ainda é usado em escolas por toda a Holanda.
Ainda que o livro deva se tornar motivo de controvérsia na Alemanha, país onde fazer piadas públicas sobre o nazismo pode ser motivo de demissão e a representação de qualquer insígnia nazista é proibida por lei, a história em quadrinhos deverá ser bem aceita nas salas de aula.
Refrescar tema complexo
Na Alemanha, as aulas de História são uma combinação de aula expositiva e discussão. Livros didáticos espessos, documentários e visitas a campos de concentração fazem parte dos métodos de ensino sobre este capítulo da história. O livro de quadrinhos poderá refrescar a veiculação de um tema complexo que em geral é tratado de forma demasiadamente acadêmica.
"Estudos mostraram que o aprendizado do Holocausto na escola é, muitas vezes, cansativo para os alunos e que, freqüentemente, estes são emocionalmente sobrecarregados pela carga moral implícita", explica Verena Radkau-Garcia do Instituto Georg Eckert de Braunschweig, especializado em pesquisas sobre livros didáticos.
"O livro em quadrinhos, se ensinado com adequação e responsabilidade, pode ser um material paradidático interessante e refrescante para o currículo de História", esclarece ela.
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Extraído de:
Deutsche Welle, em 05/02/2008.
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