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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quinta-feira, 27 de março de 2008

Orquestra de árabes e israelenses tocará em palco da era nazista

O polêmico maestro Daniel Barenboim anuncia a execução de uma obra de Wagner em Berlim, por sua orquestra formada por jovens músicos árabes e israelenses.

Uma orquestra formada por israelenses e árabes executará o primeiro ato de uma ópera de Wagner num palco construído pelo governo de Hitler. A verba obtida com a apresentação se destinará à construção de uma sala de espetáculos em Ramallah, na Palestina.

A inusitada combinação foi anunciada pelo maestro Daniel Barenboim, conhecido pelo seu engajamento em favor da paz entre israelenses e árabes e pelo seu gosto pela polêmica. Em 2001, ele causou controvérsia ao executar um trecho de Tristão e Isolda, de Richard Wagner, em Jerusalém, quebrando assim os tabus contra a obra do compositor declaradamente anti-semita.

Teatro da época nazista

O concerto do próximo dia 23 de agosto em Berlim ocorrerá na Waldbühne, um palco ao ar livre construído pelos nazistas para os Jogos Olímpicos de 1936, e será executado pela orquestra West-East Divan, que conta com jovens músicos árabes e israelenses.

A orquestra foi fundada em 1999 por Barenboim e pelo intelectual norte-americano Edward Said, já falecido. Além do primeiro ato de A Valquíria, o programa inclui o Concerto para três pianos de Mozart.

Sem objetivos políticos

Para Barenboim, uma nova sala de espetáculos seria muito importante para melhorar a vida das pessoas que vivem em Ramallah. "Negociações políticas são importantes, mas a vida diária é muito mais", afirmou.

Ele acentua que sua orquestra não possui objetivos políticos. "Apenas dizemos que não acreditamos numa solução militar para o conflito na Palestina. As pessoas devem aprender a conviver", opinou o maestro.

No início do ano, Barenboim recebeu a cidadania honorária palestina. Ele aceitou a distinção afirmando que ela "simboliza a eterna ligação entre os povos israelense e palestino". O maestro nasceu na Argentina em 1942, é filho de judeus russos e possui a cidadania israelense.

Extraído de:
Deutsche Welle, em 27/03/2008.


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