Globo on-line, Plantão, em 10/03/2008 - VIENA - A Áustria inaugurou nesta segunda-feira uma exposição que mostra como empregados judeus da Ópera Estatal de Viena foram alvo de expurgos durante o período de governo nazista no país. A mostra é parte das cerimônias que relembram a anexação da Áustria pela Alemanha comandada por Adolf Hitler, 70 anos atrás.
A Ópera Estatal de Viena é um dos focos dos sentimentos de culpa da Áustria do pós-Segunda Guerra Mundial pelo fato de ter aceitado rapidamente o comando dos nazistas e, após o fim do conflito, reincorporado poucos dos funcionários perseguidos durante o Terceiro Reich.
A exposição na ornamentada sede da Ópera de Viena, que tanto na época da guerra como hoje constitui parte importante da vida vienense, detalha o destino de 92 integrantes da companhia - muitos deles, judeus - que foram excluídos, perseguidos ou assassinados depois da anexação (ou "Anschluss", a palavra alemã que designa a incorporação da Áustria pela Alemanha em 1938).
"A Ópera é uma das instituições prontas para enfrentar seu passado, mesmo se isso às vezes for doloroso", disse o chanceler (primeiro-ministro) Alfred Gusenbauer, ao abrir a mostra. "Infelizmente, atitudes como esta ainda são exceção na Áustria de 2008."
A mostra inclui documentos recém-descobertos e revela detalhes horripilantes de como a administração rompeu os vínculos com artistas, frequentemente judeus, considerados inaceitáveis pelos nazistas,
As imagens das tropas alemãs sendo recebidas como salvadoras quando entraram no país, em 12 de março de 1938, ainda assustam muitos austríacos.
Por muito tempo, os austríacos procuraram apresentar-se como vítimas do nazismo. Mas o reconhecimento da cumplicidade com o nazismo e gestos de reparação aumentaram depois que nos anos 1980 se descobriu que o então presidente do país, Kurt Waldheim, escondeu seu passado como membro de uma corporação nazista.
Na Áustria viviam cerca de 200.000 judeus na época do Anschluss. Muitos fugiram, mas cerca de um terço morreu durante a guerra. Atualmente há apenas cerca de 10.000 judeus no país.
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