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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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segunda-feira, 28 de abril de 2008

EUA: novas traduções levantam polêmica sobre anti-semitismo de escritora judia

NOVA YORK, 28 ABR, Por Alessandra Baldini (ANSA) - A republicação das obras da escritora judia Irène Némirovsky, a aclamada autora de "Suíte Francesa", morta em Auschwitz em 1942, e uma mostra sobre suas obras no Museum of Jewish Heritage de Nova York reacenderam nos Estados Unidos o debate sobre seu possível anti-semitismo.

Nascida na Rússia em uma abastada família de banqueiros judeus, Irene ganhou projeção quando, em 2004, o manuscrito incompleto de "Suíte Francesa" foi publicado, meio século após sua morte, tornando-se um best-seller internacional. No Brasil, o livro saiu em 2006, publicado pela Companhia da Letras.

O sucesso de "Suíte Francesa" levou à reedição de outros trabalhos, como "David Golder". "(Esses livros) nunca haviam sido traduzidos para o inglês e a publicação provocou algumas novas análises aprofundadas da vida e da carreira de Nemirovsky", escreveu a revista judaica The Forward.

As posições mais polêmicas foram aquelas da revista The New Republic, na qual o crítico literário Ruth Franklin definiu Irene como "o clássico exemplo de judeu que odeia a própria raça". Segundo Franklin, a escritora "deve seu sucesso à sua habilidade de cortejar as forças da reação e os fascistas".

As acusações do The New Republic -- contestadas fortemente nas mesmas páginas por Olivier Phillopanat e Patrick Lenhart, autores de uma recente biografia da escritora -- são dirigidas ao romance "David Golder", "povoado por uma galeria de judeus deformados, de pele amarelada e nariz em forma de bico".

Outros críticos são muito menos severos com Irene e tem quem veja nas representações dos personagens de David Golder um "clichê literário" (assim como Phillopanat e Lenhart) ou exemplos da arte da sátira usada por outros escritores judeus. "Os artifícios retóricos que ela usa são usados em textos anti-semitas mas também por Marcel Proust", escreveu Alice Kaplan no The Nation.

Não há dúvida, por outro lado, de que Irene, convertida ao catolicismo e autora de textos publicados em revistas de extrema-direita, é um personagem complexo. Após sua prisão, seu marido Michel Epstein, um devoto católico, escreveu ao embaixador alemão dizendo que a mulher "não tinha simpatia nenhuma pelos judeus, (como) demonstrou em todos os seus livros", segundo lembrou Forward.

Por outro lado, questiona a revista hebraica, quem não teria dito e tentado mesmo com esta carta salvar uma vida? Em meio a estas polêmicas, o Museu of Jewish Heritage de Nova York se prepara para explorar as facetas do personagem Irene em uma mostra que "irá provocar controvérsias", segundo anunciou seu diretor, David Marwell. (ANSA)

Extraído de:
Último Segundo, em 28/04/2008.


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