da Folha Online, em 18/04/2008.
O papa Bento 16 visitou nesta sexta-feira a sinagoga de East Park em um "gesto de amizade" perante a numerosa comunidade judaica de Nova York, a quem pediu que continue a construir "pontes de amizade" com os outros grupos étnicos e religiosos da cidade.
A visita à sinagoga nova-iorquina não estava prevista em um primeiro momento no programa da viagem do papa aos Estados Unidos e foi incluída de última hora pelo Vaticano como um "gesto de amizade" com os judeus, que nesta sexta-feira iniciam os preparativos para o Pessach (Páscoa judaica), que começa neste sábado.
O papa começou seu discurso exclamando "Shalom", a saudação judia para desejar paz.
"Vim aqui com grande alegria, poucas horas antes do começo da celebração de vossa Pessach para expressar meu respeito e afeto à comunidade judaica de Nova York", afirmou o papa.
O pontífice disse se sentir "comovido" ao lembrar que "Jesus, sendo jovem, escutou as palavras da Escritura e rezou em um lugar como este".
Pontes de amizade
Bento 16 pediu à comunidade judaica de Nova York, que conta com mais de um milhão de integrantes, a "continuar construindo pontes de amizade com os diversos grupos étnicos e religiosos" que vivem na cidade.
O papa ficou cerca de 30 minutos na sinagoga, onde teve breve conversa com os representantes da comunidade.
O rabino chefe da Sinagoga, Arthur Schneier, 78, de origem austríaca e que sobreviveu ao Holocausto e milita a favor da aproximação entre religiões, afirmou em seu discurso de boas-vindas ao papa que "o sol brilha neste dia, no qual os irmãos estão juntos com prazer".
Schneier, que se mostrou simpático com Bento 16, afirmou que os judeus mantêm "um desejo sincero de reconciliação".
No início do ano, uma polêmica teve início depois que instituições judaicas denunciaram que o Vaticano queria discriminá-las com a reinstalação e nova formulação da oração em latim da Sexta-Feira Santa.
Oração polêmica
Bento 16 mudou na oração a frase na qual se pedia pela "conversão do povo judeu", que tantas críticas tinha gerado, por "ilumine seus corações para que reconheçam Jesus Cristo como salvador de todos os homens", fato que também não aplacou as críticas.
O presidente da organização judaica Liga Antidifamação, Abraham Foxman, disse à agência de notícias France Presse que "o fato de que o papa tenha se reunido várias vezes com os judeus durante sua viagem aos Estados Unidos, incluindo uma vez em uma sinagoga, é muito importante simbolicamente".
"É a terceira vez na história do Vaticano que um Papa visita uma sinagoga", destacou Abraham Foxman, ao lembrar que João Paulo 2º foi a um templo hebraico em Roma e Bento 16 fez o mesmo em Colônia (Alemanha).
Na quinta-feira, em Washington, Bento 16 se encontrou com uma delegação judaica, à qual transmitiu uma mensagem de amizade, às vésperas do Pessach. No encontro, o Papa reafirmou a vontade da Igreja Católica de continuar o diálogo com o Judaísmo, após o mal-estar provocado na comunidade pelo ressurgimento de uma antiga oração católica para a conversão dos judeus.
Com Efe e France Presse
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