Considerados pedantes e complicados, os judeus vindos da Alemanha costumavam ser ridicularizados. Hoje o termo "jecke" é um elogio e a contribuição dos "jeckes" para o desenvolvimento de Israel é amplamente reconhecida.
Situado no parque industrial de Tefen, na Galiléia, o museu documenta sua história. Fotos, cartazes, objetos de uso cotidiano e móveis estão expostos no edifício de dois andares. Pessoas jovens doam com freqüência ao museu livros e cartas de seus avós, que eles próprios já não conseguem ler.
Em todo caso, os "jeckes" sempre foram tidos como corretos, honestos e educados, mas também um pouco complicados e teimosos. Hoje em dia, essas características são apreciadas, segundo Ruthi Ofek. Por isso a designação é entendida agora como um elogio.
Lembranças de um imigrante
Quando os "jeckes" chegaram a Israel na década de
Depois que Hitler assumiu o poder, em 1933, Hans Grünthal teve que fugir. Chegou ilegalmente à Palestina a bordo de um navio – sem ter completado 18 anos, sozinho e sem documentos. Aprendeu a profissão de eletricista e continuou se aperfeiçoando em cursos noturnos.
Mas antes precisou aprender o hebraico. "Ninguém falava alemão, era malvisto", lembra-se. Na melhor das hipóteses, a pessoas falavam iídiche. Para poder integrar-se melhor, logo começou a aprender hebraico. Quando ia a um refeitório para trabalhadores, por exemplo, prestava atenção para ver o que os outros pediam e começou assim a decifrar o que estava escrito no cardápio.
Hans Grünthal tinha 33 anos quando o Estado de Israel foi fundado, em 14 de maio de 1948. Ele se lembra bem desse dia. "Todos nós festejamos", relata. Recorda-se com certa nostalgia dos anos que se seguiram, dizendo que naquela época imperava um grande consenso no jovem país.
Lar de idosos em Haifa
Hoje Hans Grünthal vive em Haifa, no lar para idosos Rishonei HaCarmel. Quase todos os residentes falam alemão. Até as placas também têm indicações em alemão: sala de consulta médica, fisioterapia, biblioteca.
Na mesma ala do edifício vivem também Heinz Kasmi e sua mulher, Chava. Da sacada de seu apartamento, os dois têm uma vista maravilhosa do Mar Mediterrâneo, que brilha azulado sob o sol de primavera. "É a coisa mais bonita", alegra-se o casal.
Heinz Kasmi chegou à Palestina em 1936, procedente de Hildesheim, com um grupo de jovens sionistas que se radicou
Sua mulher, Chava, vem da região dos Sudetos. Ambos têm orgulho de sua origem. Afinal, os judeus alemães tiveram uma contribuição importante na construção de Israel e até hoje são apreciados por sua honestidade e sua gentileza. "Tentamos transmitir isso a nossos filhos e netos", diz Heinz Kasmi, e acrescenta sorrindo: "Estamos conseguindo".
Bettina Marx (lk)
Extraído de:
Deutsche Welle, em 14/05/2008.
Especial: Israel, o sonho da terra própria
1917: Apoio britânico ao movimento sionista
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