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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quarta-feira, 7 de maio de 2008

Árabes de luto nos 60 anos de Israel: Palestinos com cidadania israelense se sentem discriminados no país

Renata Malkes
Especial para O GLOBO
O Globo, Mundo, página 22, em 05/05/2008.

TEL AVIV. Eles totalizam 20% da população, têm liberdade religiosa e seus direitos básicos assegurados por lei. São representados por 12 deputados no Parlamento de 120 cadeiras e vêm ganhando espaço na política, na cultura e nos esportes.

Mas, ainda assim, os cerca de 1,4 milhão de cidadãos árabes de Israel estão alheios às celebrações pelos 60 anos do país.

Na próxima quinta-feira, enquanto os judeus israelenses vão comemorar o dia da independência com shows, fogos de artifício e um tradicional churrasco, boa parte dos árabes israelenses vai passar um dia de luto, relembrando a “Nakba”, ou a “catástrofe”, como é chamada a criação de Israel e a conseqüente expulsão de pelo menos 700 mil palestinos de suas casas entre 1947 e 1949.

Retorno de refugiados, tema que bloqueia processo de paz O maior evento de celebração da “Nakba” será realizado na aldeia de Kana, no norte do país, e deve atrair pelo menos 30 mil participantes. Segundo o vicepresidente do Movimento Islâmico, xeque Kamal Khatib, não se trata de uma rebeldia civil, mas do direito de expressar revolta com o que considera a maior desgraça do povo palestino.

Ele se recusa a ser chamado de árabe-israelense e diz que o termo é uma invenção sionista para amenizar a expulsão de milhares de palestinos de suas terras após a decisão da ONU de dividir a Palestina entre árabes e judeus. Khatib se considera um palestino com cidadania israelense e vive um dilema existencial: sente que Israel é sua casa e casa de seus antepassados, mas não sente identificação com o hino ou a bandeira do país. Mas, perguntado se mudaria com a família para um futuro Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, a resposta é clara: — Não. Minhas raízes estão aqui, esta é a minha pátria. Nada é mais importante para um árabe que sua terra e sua honra.

Mas os palestinos de cidadania israelense estão cansados da discriminação, do desemprego e de se sentirem cidadãos de segunda classe em sua pátria.

A questão dos refugiados é um dos entraves do processo de paz no Oriente Médio. Espalhados por países como Síria, Líbano, Jordânia e até mesmo o Brasil, palestinos que deixaram a região em 1948 e em 1967 ainda sonham em voltar para casa.

Israel afirma que eles poderiam voltar ao futuro Estado palestino, mas não a seu território, o que poria em risco a maioria judaica de Israel. Nem mesmo discussões sobre possíveis indenizações conseguem superar o problema ideológico da volta às antigas aldeias que, hoje, são cidades israelenses.

Pobreza atinge 55% dos árabes-israelenses Já entre os árabes que receberam cidadania israelense, segundo dados da Previdência Social, pelo menos 54,8% vivem abaixo da linha de pobreza, incluindo 400 mil crianças. Muitos também se sentem discriminados no mercado de trabalho: enquanto o desemprego de recémformados árabes chega a 12,5%, entre a população judaica, o número cai para apenas 3,5%. Para o deputado Jamal Zahalka, do partido Balad, a solução para os problemas da minoria árabe em Israel é a criação de um Estado binacional, onde os árabes não sejam classificados como “minoria”, mas como parte de uma sociedade livre e aberta.

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