O Globo, O Mundo, página 24, em 12/08/2008.
O nome é sugestivo e parece apropriado. Chamado boash, que em hebraico significa “gambá”, consiste num canhão capaz de disparar um líquido extremamente fedorento contra os manifestantes, que rapidamente batem em retirada.
A nova arma foi usada pela primeira vez no último fim de semana na aldeia de Nialin, na Cijordânia, e atingiu igualmente pacifistas israelenses e palestinos que protestavam contra o muro que Israel está construindo no território. De acordo com a Polícia da Fronteira, a nova arma foi usada com sucesso.
— Os manifestantes saíram correndo para tomar banho e trocar de roupa — contou o porta-voz da polícia à BBC.
O ativista israelense Kobi Mintz, do grupo Anarquistas Contra a Cerca, contou ao site de notícias Ynet que o líquido tem um cheiro horrível, parecido com o de um cadáver
— A
Balas revestidas com borracha podem matar O manifestante lamentou principalmente o fato de o canhão “gambá” ter sido usado duas semanas depois de dois adolescentes palestinos, um de 11 e outro de 17 anos, terem sido mortos por soldados israelenses durante manifestações contra a construção da barreira
Para dispersar manifestações, o Exército israelense costuma usar gás lacrimogêneo, granadas de efeito moral, canhões de água, bombas de efeito moral ou balas revestidas com borracha. São armas consideradas não letais. Mas mesmo este último tipo de arma, se usada de forma inadequada, pode matar. Disparada a curta distância, contra a cabeça ou os olhos, a bala revestida com borracha apresenta um alto risco para a vítima.
O canhão “gambá”, por outro lado, parece não ter contraindicações letais e teve a permissão do Ministério da Saúde para ser usado. Até o momento, o único prejuízo parece estar no bolso dos manifestantes.
Eles contam que o cheiro não sai da roupa mesmo após ela ser lavada algumas vezes, acabando inutilizada.
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