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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Partido governista israelense prepara-se para escolher um novo líder


O principal partido da coalizão governista de Israel escolherá um novo líder nesta quarta-feira (16), e as pesquisas indicam que o candidato que provavelmente sairá vencedor é a ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, que afirma que o seu objetivo é formar um novo governo sem eleições gerais e dar continuidade às negociações pela paz com os palestinos.

O principal rival de Livni, o ministro dos Transportes Shaul Mofaz, um ex-general que é tido como um político de linha mais dura, afirma que as suas pesquisas demonstram que ele é o provável vencedor.

Um dos dois precisará obter mais de 40% dos votos para evitar um segundo turno, que, caso se faça necessário, ocorrerá uma semana depois.

A escolha de um novo chefe do partido Kadima foi motivada pelas investigações policiais que têm como alvo o primeiro-ministro Ehud Olmert, devido às acusações de que ele embolsou dinheiro ilegalmente quando foi prefeito de Jerusalém e ministro da Indústria. Olmert prometeu renunciar ao cargo, mas ele deverá permanecer como primeiro-ministro interino até que seja formada uma nova coalizão.

Olmert está ansioso para obter algum tipo de acordo de paz histórico com os palestinos antes de deixar o cargo.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, cuja autoridade encontra-se atualmente limitada à Cisjordânia, tinha uma reunião marcada com Olmert na terça-feira (16) à noite em Jerusalém.

Uma autoridade israelense afirmou na terça-feira que Olmert acredita que um acordo "é factível" e que, com criatividade e flexibilidade, poderão alcançar um entendimento mútuo em relação a todas as questões centrais do conflito, incluindo as fronteiras, os refugiados, a segurança e o futuro de Jerusalém.

Mas Abbas e outras autoridades palestinas têm se mostrado pessimistas, afirmando que as lacunas são grandes e que não acreditam ser possível chegar a um acordo neste ano. Muita coisa relativa à eleição primária de quarta-feira ainda é vaga, em parte porque o Kadima é um partido que tem menos de três anos de existência. Ele foi criado pelo primeiro-ministro Ariel Sharon antes que ele tivesse entrado em um coma provocado por um derrame no início de 2006. Sharon foi um líder do direitista partido Likud, mas, assim como Livni e Olmert, que também começaram as suas carreiras políticas na direita, acabou convencendo-se de que a única maneira de Israel manter o seu status de Estado judeu democrático é acabando com a ocupação israelense da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, onde residem quase quatro milhões de palestinos.

Em Israel, um fator para diferenciar a esquerda da direita é a quantidade de terra que cada bloco está disposto a devolver em nome da paz com o mundo árabe. Quanto mais terra um partido dispõe-se a restituir aos palestinos, maior é a sua imagem de esquerdista. Ao ser criado, o Kadima - um termo que significa "avançar" - declarou-se centrista.

O partido conta com cerca de 70 mil membros que podem escolher os seus candidatos nos cem locais de votação espalhados pelo país. Tão logo for declarado um vencedor - provavelmente no início da quinta-feira -, ele ou ela terá 42 dias para obter uma maioria governista junto aos 120 membros do parlamento. Caso essa tentativa falhar, haverá eleições nacionais três meses depois.

As atuais pesquisas de opinião revelam que se as eleições fossem realizadas agora, o partido de direita Likud, liderado por Benjamin Netanyahu, triunfaria. Livni e Mofaz querem evitar tais eleições com a reconstrução de uma coalizão de governo que inclua o Partido Trabalhista, bem como os Pensionistas e o Shaas, um partido sefardim ultra-ortodoxo. Porém, o Shaas opõe-se a qualquer negociação com os palestinos a respeito do status de Jerusalém, e deseja um aumento substancial das pensões pagas pela previdência a quem tem filhos pequenos, uma questão que poderia complicar o seu ingresso em uma nova coalizão.

Caso Livni vença e seja incapaz de entender-se com o Shaas, ela poderia procurar o Meretz, um partido de esquerda. Livni disse também que o Likud deveria ingressar na coalizão, porque, segundo ela, a velha divisão entre direita e esquerda acabou. Mas até o momento os líderes do Likud dizem preferir as eleições gerais.

Livni, uma advogada de 50 anos que tem dois filhos, entrou para a política na década passada, recrutada por Sharon. Atualmente ela é a figura política mais popular de Israel, em parte porque é tida como uma pessoa desvinculada dos acordos de bastidores e das alegações de corrupção que maculam tantos políticos.

Como ministra das Relações Exteriores, ela cultivou um bom relacionamento com a secretária de Estado norte-americana Condoleezza Rice, e liderou negociações com os palestinos na esperança de obter um tratado de paz antes do término do mandato do presidente Bush, em janeiro do ano que vem.

Livni não só ingressou na política como integrante do Likud, mas tem uma linhagem familiar de direita. Os seus pais foram integrantes importantes da Irgum, a milícia direitista anterior à criação do Estado de Israel, que considerava o Haganah, um grupo de defesa maior e mais popular, muito moderado.

Mas ela ajudou Sharon a criar o Kadima, que defendeu a saída unilateral de Israel de grande parte da Cisjordânia. Israel retirou soldados e colonos da Faixa de Gaza apenas alguns meses antes da criação do Kadima. No entanto, a retirada da Faixa de Gaza resultou na tomada do poder no território pelos militantes islâmicos do Hamas e no lançamento de foguetes contra o sul de Israel, o que fez com que o unilateralismo se tornasse rapidamente impopular. Como resultado, o Kadima adotou uma posição favorável à negociação, não muito diferente daquela do Partido Trabalhista.

Mofaz, 59, é um ex-comandante do exército e ministro da Defesa nascido no Irã e que que tem um perfil que parece condizer com o Likud. Ele só ingressou no Kadima no último momento, em 2005, a pedido de Sharon, e há alguns meses foi assunto de manchetes na mídia por ter declarado a um jornal que, caso o Irã não interrompesse os seus esforços no sentido de construir uma arma nuclear, Israel atacaria aquele país.

Ele também descreveu as negociações com os palestinos como sendo uma perda de tempo, embora tenha dito que está comprometido com os esforços pela paz.

Classe e etnia são fatores que entraram nesta disputa. Os judeus originários do Oriente Médio, os Sefardins, parecem apoiar Mofaz, enquanto aqueles de origem européia, os asquenazes, que costumam ter mais dinheiro e ser mais educados, preferem Livni.

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