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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

DNA revela o destino dos judeus ibéricos

RICARDO BONALUME NETO

da Folha de São Paulo online, em 05/12/2008.


Que muitos portugueses e brasileiros têm ancestrais judeus e mouros convertidos ao cristianismo --os "cristãos-novos"-- é algo conhecido pela história e pela presença de sobrenomes como Pereira ou Oliveira. Cientistas da Europa e de Israel, estudando o cromossomo masculino Y, demonstraram agora o grau dessa presença na península Ibérica.


O estudo revelou que, em média, os espanhóis e portugueses têm 19,8% de genes de ancestrais judeus sefarditas e 10,6% de ancestrais norte-africanos. Em alguns locais, como o sul de Portugal, a mistura gênica de judeus chegou a 36,3%.


Mais do que refletir a ocupação moura de partes da península, a pesquisa revelou o impacto da conversão forçada de muitos muçulmanos e judeus após a Reconquista cristã.


O estudo, chefiado por Mark A. Jobling, da Universidade de Leicester, Reino Unido, foi publicado ontem na revista "American Journal of Human Genetics". "O cromossomo Y foi estudado porque, de todas as partes do nosso genoma, ele mostra a maior diferenciação geográfica entre populações e, por isso, pode nos permitir ver os efeitos de migrações na península", disse Jobling à Folha.


Os pesquisadores checaram a freqüência dos chamados haplogrupos (mutações de genes do cromossomo Y) entre os homens dos dois lados do estreito de Gibraltar e entre judeus sefarditas vivendo em Israel e em outros locais do Mediterrâneo.


Entre portugueses e espanhóis, o haplogrupo mais comum foi o chamado R1b3 * --presente em 55% dos 1.140 espanhóis e portugueses testados. Já entre os norte-africanos o mais comum era o E3b2 (54% entre 361 cromossomos testados); entre os sefarditas nenhum haplogrupo predominou, mas três deles tiveram cada um freqüências em torno de 15% entre 174 cromossomos --J2, J*(xJ2) e G.


"Nós também achamos traços das invasões norte-africanas no DNA mitocondrial, transmitido por mulheres", complementa outro autor do estudo, Francesc Calafell, da Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona, Espanha.


Veja mais:

Gene Test Shows Spain’s Jewish and Muslim Mix

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