Reinaldo Azevedo (17/02/2009): ISRAEL, A PAZ E A TERRA
Posso estar enganado, mas acho que Tzipi Livni, do Kadima, jogou ontem o cargo de primeiro-ministro de Israel no colo de Benjamin Netanyahu, do Likud, ao afirmar: “Nós precisamos desistir de metade da Terra de Israel”. Sim, até as pedras da Intifada sabem que uma solução para a região passa pela convivência dos dois estados — e o palestino ainda está para ser criado. Onde? Na Cisjordânia e em Gaza, é claro. E isso implicará devolução de territórios etc e tal. Mas sob que condição?
A frase, como foi dita, parece jogar toda a responsabilidade em favor de um acordo de paz nas costas de Israel. A fórmula de Tzipi — “desistir de terras em troca de paz” — é uma tolice temerária. Porque parte da suposição de que os terroristas querem terra apenas. Fosse isso, acreditem, elas já teriam sido dadas. Pois eu acho que o espírito tem de ser rigorosamente o contrário: “desistir da paz em troca de terras”. Explico, é óbvio, já que há muita gente sem tecla SAP.
Considerar a devolução de terras precondição para a paz é flertar com a lógica do terror — já que ele não luta para Israel desocupar a Cisjordânia; sua batalha é para que Israel desocupe o planeta... A fala de Tzipi abre muitas veredas que podem servir para a justificação das ações terroristas. E sejamos claros: ela não fez esse diagnóstico durante a campanha. Se o tivesse feito, duvido que tivesse conseguido aquela cadeira a mais no Parlamento. Ao contrário: teria sofrido um naufrágio eleitoral.
Israel não tem de desistir de um palmo de terra enquanto os palestinos não desistirem do terror. Sem isso, é melhor Israel desistir da paz ... em troca de terra.
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