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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quinta-feira, 26 de março de 2009

Giora Becher: Lições de três décadas de paz

FSP (26/03/2009)

HOJE, 26 de março, comemoramos o 30º aniversário da assinatura do primeiro acordo já assinado entre Israel e um país árabe. Em 1979, os líderes de Israel, Begin, do Egito, Sadat, e dos Estados Unidos, Carter, deram um aperto de mão que prometia mudar o Oriente Médio.


Apesar de essa promessa ainda necessitar ser totalmente cumprida, a data apresenta uma oportunidade de honrar essa realização histórica e examinar alguns princípios que levaram ao sucesso daquele processo de paz. Hoje, quando a paz parece um objetivo difícil de ser alcançado, é importante lembrar o passado.


Os esforços de Israel para obter a paz precederam o próprio estabelecimento de Israel, que, desde seus primeiros dias, sonha em viver em paz com seus vizinhos. Com a visita de Sadat a Jerusalém (1977), essa visão finalmente teve uma chance de se tornar realidade. Para alcançar a paz com o Egito, Israel tomou medidas sem precedentes e devolveu o Sinai, correspondente a 91% da área ganha na Guerra dos Seis Dias, território três vezes maior que sua área atual.


Naquele local, Israel havia construído cidades e aldeias agrícolas com mais de 7.000 habitantes, hotéis, instalações militares e um campo petrolífero, cuja entrega significou o abandono da única chance de se tornar independente no campo da energia. Na era cínica da atualidade, é difícil imaginar a euforia com que Israel saudou a visita de Sadat. Mesmo durante os meses de difíceis negociações, nós nunca perdemos o foco de nosso tão ansiado sonho.


Hoje, a mesma esperança existe, mas experiências amargas têm nos tornado mais cautelosos. Em 2000, nas negociações de Camp David, os palestinos tiveram a chance de finalmente terminar o conflito, mas Arafat rejeitou as propostas e lançou a segunda Intifada, que custou milhares de vidas israelenses e palestinas.


Naquele mesmo ano, Israel saiu completamente do Líbano para ser recompensado, em 2006, com 4.000 mísseis do Hizbollah lançados contra suas cidades no Norte.


Em 2005, fez o desengajamento unilateral de Gaza, mais uma vez retirando famílias israelenses de seus lares. Nós tínhamos a esperança de que esse passo daria aos palestinos uma oportunidade de pacificamente plantar as fundações de seu Estado. Em vez disso, testemunhamos o crescimento do extremismo do Hamas e de disparos de foguetes contra o Sul de Israel.


Apesar desses acontecimentos, o governo de Israel sempre terá o apoio da população para fazer a paz, desde que os israelenses acreditem que o resultado será a paz genuína. Sadat, por ser o primeiro líder árabe a reconhecer Israel, perdeu sua vida. Anos depois, o primeiro-ministro de Israel Rabin deu sua vida pela causa da paz iniciando o processo de Oslo. Esses líderes sabiam que sua responsabilidade em relação ao futuro de seus povos era o mais importante.


Israel sempre fará a paz quando o outro lado decidir abandonar o caminho da violência e seguir o caminho das negociações. Durante o processo de Oslo, apesar de suas promessas, Arafat nunca abandonou a violência. Esse foi o motivo principal pelo qual o processo de paz com os palestinos falhou durante sua liderança e a verdadeira explicação de sua recusa em aceitar as propostas feitas por Israel. Da mesma forma que Sadat foi assassinado por fundamentalistas islâmicos por fazer a paz com Israel, hoje em dia os radicais estão tentando acabar com qualquer chance de paz com os palestinos.


O Hamas, apoiado pelo Irã, rejeita todas as negociações de paz por uma questão de princípios e continua comprometido com seu objetivo de destruir Israel, sendo assim uma barreira para qualquer chance de paz, condenando os palestinos a um futuro de conflito constante e o domínio do fundamentalismo.


As negociações diretas têm provado ser a garantia para o progresso. Os tratados de paz com o Egito e a Jordânia são a prova de que os líderes árabes desejam conversar diretamente com Israel. A paz é possível.


A pressão externa não influencia as políticas de Israel em relação à paz. Ainda assim, quando existe uma chance para a paz, a pressão interna é mais do que suficiente. Para uma democracia como Israel, a confiança pública nas negociações de paz é crucial.


Os israelenses acreditam que a paz verdadeira pode ser obtida com os palestinos e outros vizinhos. Apesar das presentes dificuldades, os israelenses sonham que logo outro líder israelense se levantará ante o mundo e repetirá as palavras de Begin na cerimônia de assinatura há 30 anos: "Não mais guerra, não mais derramamento de sangue, não mais luto, paz sobre vocês, "shalom", "salaam", para sempre".


GIORA BECHER, 59, mestre em ciências políticas, é embaixador de Israel no Brasil.


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