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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sábado, 13 de novembro de 2010

De mãe para filha: um estudo sobre a transmissão intergeracional dos significados atribuídos pelas mulheres judias à sexualidade feminina

De mãe para filha: um estudo sobre a transmissão intergeracional dos significados atribuídos pelas mulheres judias à sexualidade feminina

Marcia Zalcman Setton

Dissertação de mestrado em Psicologia Clínica (PUC-SP)

Defesa: 08/09/2008.

Resumo: O interesse deste estudo se volta para uma compreensão do processo de transmissão dos significados atribuídos à sexualidade feminina pelas mães judias às suas filhas, visto que este tema é um dos principais focos propulsores das mudanças sociais do século XX. A questão norteadora do trabalho é como esta mulher, que viveu e vive toda esta transformação, está conseguindo integrar as mudanças sociais, e o que é transmitido para a nova geração: se houve alterações e de que tipo, na educação que estas mulheres conseguiram proporcionar para suas filhas na área da sexualidade. Para atingir este objetivo geral proposto, foi realizada uma pesquisa qualitativa a partir dos pressupostos do pensamento sistêmico novo-paradigmático, cujos objetivos específicos, foram de: compreender quais valores e crenças a respeito da sexualidade as mães atuais receberam de suas próprias mães; de que forma se deu esta transmissão; quais valores e crenças a respeito da sexualidade estas mulheres estão transmitindo para suas filhas; de que forma se dá esta transmissão; quais valores e crenças as filhas têm e de que forma elas pretendem transmitir às suas filhas; como estes valores e crenças ajudam a construir o sentido de feminilidade para estas mulheres. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com mulheres da comunidade judaica, com idades de 45 a 55 anos e suas respectivas filhas, com idades de 20 a 30 anos, sendo seis duplas “mãe e filha” laicas e duas duplas ortodoxas, de modo que se pudessem observar as diferenças de grupos mais voltados para a tradição e de grupos mais integrados à sociedade em geral. Estas mães são mulheres que viveram sua juventude na década de 70 e que receberam uma educação tradicional, baseada nos estereótipos culturais e socialmente desejáveis para elas, mas que vivenciaram a revolução sexual, ou seja, uma ruptura nas crenças, valores e padrões de comportamentos aprendidos. Como resultado, pôde-se observar que houve uma influência muito grande das alterações sócio-culturais na transmissão dos significados de mãe para filha, embora se notasse uma repetição dos padrões familiares. Entretanto, estas mudanças não foram uniformes, variando de acordo com a história, crenças, valores e comportamentos de cada família. As famílias seculares procuraram cada uma na sua medida, se abrir para novas reflexões frente às novas demandas, enquanto que as ortodoxas precisaram desenvolver uma série de recursos específicos para garantir a sobrevivência de suas tradições. Observou-se também uma grande dificuldade das mulheres para incorporarem em sua vida pessoal uma autonomia preconizada pelo discurso da revolução sexual. Apenas uma das entrevistadas conseguiu transpor este limiar, enfrentando muita resistência em seu meio familiar e social. É importante ter isto em vista para o profissional que vai atender esta mulher contemporânea em sua clínica, dentro dos parâmetros de uma ética, para aceitar o outro como um legítimo outro, e a partir daí construir com ela novas possibilidades.

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