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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sexta-feira, 4 de março de 2011

Israel exalta a coragem do Papa - Premier agradece a Bento XVI por isentar judeus de culpa pela morte de Cristo


O Globo (04/03/2011) – p.29: Israel exalta a coragem do Papa - Premier agradece a Bento XVI por isentar judeus de culpa pela morte de Cristo

TEL AVIV e VATICANO. Depois de o Vaticano divulgar trechos do novo livro do Papa Bento XVI, no qual exime pessoalmente os judeus das acusações sobre a responsabilidade na morte de Jesus Cristo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou ontem o Pontífice pelo reconhecimento e coragem. Numa carta endereçada ao Papa, o premier agradeceu a Bento XVI por derrubar uma crença “que foi usada como base durante centenas de anos para odiar os judeus”.

No livro “Jesus de Nazaré”, que será publicado na próxima semana, o Pontífice faz uma complexa avaliação teológica e bíblica, confirmando a posição da Igreja Católica — que em 1965 repudiou a ideia da culpa coletiva judaica num importante documento produzido pelo Segundo Concílio do Vaticano.

“Eu o elogio por rejeitar vigorosamente em seu último livro uma acusação falsa que esteve na origem do ódio contra o povo judeu por muitos séculos”, declarou Netanyahu num comunicado. “Minha esperança fervorosa é que sua clareza e coragem fortaleçam as relações entre judeus e cristãos em todo o mundo e promovam a paz e a reconciliação por muitas gerações”.

Acredita-se que seja a primeira vez que um papa tenha feito uma análise tão detalhada e uma comparação entre os vários relatos do Novo Testamento sobre a condenação de Jesus à morte pelo governador romano Pôncio Pilatos. “ Agora, precisamos perguntar: quais foram exatamente os acusadores de Jesus?”, questiona Bento XVI, acrescentando que o Evangelho de São João diz apenas que foram os judeus. “Mas o uso dessa expressão por João não indica de forma alguma — como o leitor moderno poderá supor — o povo de Israel em geral, menos ainda tem um caráter ‘racista’”.

No Vaticano, a embaixada israelense afirmou estar alegre e concluiu que as declarações de Bento XVI eram “uma confirmação da amplamente conhecida atitude positiva do Papa em relação ao povo judeu e ao Estado de Israel”. Historiadores judeus também saudaram os comentários do Papa feitos no novo livro. Embora a Igreja ensine há quase cinco décadas que os judeus não foram coletivamente responsáveis, os especialistas dizem que a exortação do Pontífice ajudará na luta contra o antissemitismo de hoje.

O premier concluiu seu comunicado afirmando que deseja encontrar com o Pontífice: “Espero vê-lo de novo em breve e expressar-lhe pessoalmente o profundo apreço que lhe professo.”


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