Jeanne Moreau brilha em filme sobre lembranças do Holocausto. A atriz francesa Jeanne Moreau, 80 anos, diz que trabalhar em seu novo filme sobre a luta de uma família para falar do Holocausto trouxe de volta memórias de sua própria infância durante a ocupação nazista. 11 de fevereiro. Foto: Tobias Schwarz
BERLIM (Reuters) - A atriz francesa Jeanne Moreau, 80 anos, diz que trabalhar em seu novo filme sobre a luta de uma família para falar do Holocausto trouxe de volta memórias de sua própria infância durante a ocupação nazista.
"Plus Tard Tu Comprendras" (Mais tarde você entenderá), do diretor israelense Amos Gitai, conta a história de Victor, um homem de meia idade que tenta convencer sua mãe (Moreau) a falar sobre sua infância e a morte de seus pais em Auschwitz.
"Foi muito intenso", disse a elegante Moreau a jornalistas no Festival de Cinema de Berlim. "Eu nasci em 1928. Vivi a ocupação."
"Na escola, eu tinha amigas que usavam a estrela amarela na roupa e que desapareceram. Isso fazia parte do cotidiano."
Sua personagem no filme, Rivka, tem dificuldade em colocar em palavras o horror do passado, apesar de seu filho pressioná-la para isso.
Uma cena inicial mostra Rivka em 1987, preparando uma refeição enquanto a televisão mostra o julgamento de Klaus Barbie, o "açougueiro de Lyon", considerado responsável pela tortura e morte de centenas de civis na era nazista, quando foi chefe da Gestapo em Lyon.
O filho de Rivka, Victor, acompanha o julgamento pelo rádio em seu trabalho.
Mas, quando mãe e filho se encontram para jantar no apartamento de Rivka, no mesmo dia, o assunto do julgamento vira tabu.
O escritor Jerome Clement, cujo romance autobiográfico serviu de base para o filme, disse que este mostra como gerações diferentes se esforçam para encarar determinados capítulos do passado.
"Não é uma história da guerra. É uma história de hoje. Uma história do silêncio, sobre como, após a guerra, os pais não quiseram falar sobre certas coisas, e sobre como falamos com nossos próprios filhos, hoje", disse ele.
Enquanto Victor e Rivka se esquivam da questão da morte pavorosa dos pais dela, o filme também mostra como o resto da sociedade francesa encarou esse capítulo na história do país.
O ex-presidente Jacques Chirac reconheceu oficialmente em 1995, pela primeira vez, a cumplicidade francesa na deportação de judeus durante a guerra.
Mas foi apenas após uma decisão judicial de 2001 que se tornou possível processar as autoridades francesas, pedindo indenização.
Amos Gitai disse que a questão da colaboração de franceses com os nazistas não foi muito tratada no cinema francês até hoje. "Se este filme puder contribuir para que esse assunto seja aberto, será bom. Seria tarde, mas nunca é tarde demais."
Extraído de:
Yahoo Notícias, em 12/02/2008.
Por Kerstin Gehmlich
Nenhum comentário:
Postar um comentário