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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

A montanha azul de Meir Shalev

"A montanha azul de Meir Shalev: uma leitura pós-sionista da sociedade israelense"


Gabriel Steinberg Schvartzman

Unidade: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP).
Área de concentração: Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas.
Tese de Doutorado.
Data de defesa:
13/03/2006.

Resumo: O século XX representou para os judeus dispersos pelo mundo uma dupla reviravolta; por um lado, seis milhões deles foram eliminados pela matança ordenada da II Guerra Mundial, na Shoá. Nestes mesmos anos conturbados chegou ao ápice a busca de uma solução territorial e nacional para o povo. Sustentados pelos ideais desenvolvidos e estipulados pelo Sionismo, o movimento que buscou recolocar o povo judeu no antigo solo bíblico e ali tornar a fazer dele uma nação, depois de anos de embates, criou-se o Estado de Israel, o lar nacional dos judeus. A história desta luta e concretização de um sonho foi escrita por autores que baseados em seus ideais e nos da nação, redigiram-na a partir de sua face heróica, conforme o modelo que lhes fora apresentado. Nas décadas de 1980 e 1990, Israel porém presenciou um novo fenômeno cultural e político: o revisionismo histórico. Os historiadores dessa corrente (Avi Shlaim, Ilan Pappé, Simcha Flapan, Benny Morris, Tom Seguev) ao negarem a história oficial que conforme a sua concepção está baseada em mitos sionistas, promoveram uma reescrita da história, o que originou grandes debates na sociedade israelense. Tal fato repercutiu nos mais diversos segmentos do país e, em particular, na literatura, um dos focos desta tese. A obra abordada nesta tese é Roman Russi de Meir Shalev (1988), versão em português A Montanha Azul (2002). No romance A Montanha Azul, o escritor israelense contemporâneo Meir Shalev recria o cotidiano de várias famílias de pioneiros ao longo de três gerações no Vale de Jezreel, na região da Galiléia: a geração dos pais fundadores chegados à Palestina no início do século XX com a 2ª aliá; a geração dos nascidos no ishuv e, portanto, os que ajudaram a fundar o Estado judaico; e a geração nascida após a criação de Israel. A Montanha Azul nos mostra que alguma coisa deu errado, que o sonho não se concretizou em sua totalidade, que tanto esforço em parte desmoronou. A obra sinaliza para o fato de que um povo que renuncia aos seus mitos é responsável por seu próprio declínio. A obra de Shalev foi recebida como sendo anti-sionista, porém na realidade o autor critica às novas gerações que negligenciaram os valores sionistas. Não obstante, o autor aponta uma esperança quando Uri, o sabra rebelde, dá uma nova direção ao Sionismo. Esta tese se propõe a indicar como a reviravolta da história pode ser adequadamente abordada por meio de uma obra ficcional.

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