Cidade do Vaticano, 11 mar 2008 (RV) - Realizou-se ontem no Vaticano uma conferência sobre o tema "Israel e Santa Sé: reflexões sobre a cultura judaico-cristã". O evento foi promovido pelo Pontifício Conselho para a Cultura e pela embaixada de Israel junto à Santa Sé.
Um das questões discutidas na conferência foi a polêmica causada pela modificação do texto da oração da Sexta-feira Santa da liturgia pré-conciliar. Segundo a comunidade judaica internacional, a oração é ofensiva porque implica o conceito de "conversão" dos judeus.
A propósito, o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Dom Gianfranco Ravasi, afirmou que entre judeus e cristãos haverá sempre dificuldades, porque cada comunidade deve manter um equilíbrio entre a expressão da própria identidade e a vontade de diálogo.
Para Dom Gianfranco Ravasi, dentro de um âmbito de reciprocidade entre judeus e católicos ao modificar as orações que cada fé considera potencialmente ofensiva, deve-se considerar que "cada comunidade tem características que são próprias e afirmam o próprio percurso de salvação".
Como católico, afirmou Dom Ravasi, "é natural que eu deseje que a identidade de Cristo como salvador seja conhecida e também acolhida por outros, sem que isso naturalmente se torne uma norma ou uma escolha de imposição". O objetivo da relação entre as duas comunidades é que cada uma "conserve a própria face, sem que esta face seja agressiva", concluiu Dom Ravasi.
Já o embaixador de Israel junto à Santa Sé, Oded Ben-Hur, durante a conferência apresentou um projeto comum entre os dois Estados. O projeto inclui uma agenda recíproca que toque pontos como a luta contra o anti-semitismo e o terrorismo, promova intercâmbios culturais, acadêmicos e, por fim, incentive as peregrinações, "máxima expressão do diálogo necessário no Oriente Médio".
À margem do encontro entre Santa Sé e Israel, Dom Gianfranco Ravasi voltou a falar da idéia de convidar alguns ateus para participar das próximas reuniões do Pontifício Conselho para a Cultura.
"É importante confrontar-se com quem propõe outro modelo ou com quem critica de maneira inteligente o seu modelo, não com quem tem somente o prazer e a vontade de denegrir a Igreja", afirmou Dom Ravasi, que acrescentou: ''Por exemplo, gostaria de ouvir o meu amigo Umberto Eco sobre o que ele tem a dizer a respeito de Sto. Tomás de Aquino ou convidar pensadores como Juergen Habermas, Massimo Cacciari e Vincenzo Vitiello''. (BF)
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