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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quinta-feira, 8 de maio de 2008

Israel: aniversário de 60 anos longe da paz

País completa hoje seis décadas de existência sem uma perspectiva de coexistência pacífica com palestinos

Renata Malkes
Especial para O GLOBO
O Globo, O Mundo, página 42, em 08/05/2008.

TEL AVIV. Dono de uma economia próspera e autor de pesquisas pioneiras nas áreas de segurança e alta tecnologia, Israel comemora hoje 60 anos de existência lutando contra uma falha grave: a incapacidade de resolver o conflito com os vizinhos palestinos. Apesar das diretrizes traçadas na conferência de Anápolis, realizada nos EUA em novembro, as frágeis negociações do premier israelense, Ehud Olmert, com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, são consideradas praticamente virtuais por analistas. Enfraquecidos internamente, os dois parecem estar longe de apresentar propostas concretas que viabilizem a criação de um Estado palestino.
Para muitos, o processo de paz nunca esteve tão estagnado.

Além de irritar a comunidade internacional ao prometer congelar a construção de assentamentos judaicos na Cisjordânia e, ao mesmo tempo, autorizar centenas de novas unidades habitacionais, Olmert tem pela frente a Justiça. Investigado em cinco casos de corrupção, o premier corre o risco de ser julgado sob suspeita de ter recebido milhões de dólares ilegalmente de um empresário americano quando era prefeito de Jerusalém nos anos 90. A frágil coalizão que o sustenta tem hoje só 62 membros, num Parlamento de 120.

Historiadores céticos quanto ao processo de paz
Segundo o historiador e ex-viceprefeito de Jerusalém Meron Benvenisti, o processo de paz iniciado pelo premier Itzhak Rabin e pelo líder palestino Yasser Arafat em Madrid, em 1991, e selado em Oslo em 1994, foi o mais próximo que se chegou da paz. Benvenisti alega que foi a primeira vez que líderes locais tiveram a coragem e a ousadia necessárias para tocar nos pontos nevrálgicos do conflito.

— Rabin precisava resolver o problema palestino para controlar o problema da imigração em massa de judeus vindos da URSS entre 1989 e 1992, quando Israel precisava aumentar seus sistemas de educação e saúde para atender à demanda. Já Arafat estava encurralado entre a insatisfação popular, uma crise na OLP e o crescimento do fundamentalismo islâmico do Hamas, que, além de popularidade, começava a ganhar dinheiro do Irã. Fazer a paz era a única solução para seu prestígio. Vai demorar para termos outra oportunidade como aquela — explica.

Já para o jornalista e historiador Tom Segev, os israelenses perderam a fé nos políticos e as ilusões quanto ao processo de paz. Ele argumenta que o fim das negociações com os palestinos nos anos 90 e a violência causada pela eclosão da segunda intifada levaram a população à descrença e ao cinismo. Segundo Segev, o israelense mediano já não quer mais saber de política, apenas cuidar do dia-a-dia.


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