Por Denise Wasserman
Ao contrário do que foi visto no Globo Repórter, que mostrou o lado turístico e cultural de Israel, o “Sem Fronteiras” focou a sua reportagem no conflito e nas guerras vividas desde a criação do país, em 1948.
Qual foi a sua impressão sobre Israel?
- Não conhecia Israel e há muito tempo tinha o sonho de conhecer, pois este país faz parte da historia do Ocidente. Conhecer alguns lugares que freqüentaram a minha imaginação desde sempre foi emocionante, como Jerusalém e todo aquele território sagrado. Por outro lado, desde a criação de Israel ocorreram várias deflagrações e ninguém pode dizer que é indiferente ao que acontece no Oriente Médio. Conhecer pessoas de tão variadas posições sob os diversos aspectos foi muito emocionante. Fiquei 10 dias e acho que é muito pouco para um país tão complexo. Muito pouco para uma questão com tantas formas de abordagens e análises. Foi um aperitivo de temas que me interessam muito: política e religião.
-Soube que a equipe do Globo Repórter estava indo para lá, então me ofereci para ir com a mesma equipe e nos intervalos de gravação poderia fazer a minha matéria também, que para a Globo News tinha que ter uma abordagem mais política.
O tema da reportagem foi 60 anos de Israel, no entanto o programa só falou de guerras e conflitos Por que não foi mostrado, também, o lado dos avanços científicos e tecnológicos?
-.Porque quando você só tem meia-hora de programa precisa hierarquizar e ver qual dos temas é o mais importante. Cheguei lá com várias idéias e quanto mais conversava com as pessoas, mais percebia que o conflito estava no centro da vida delas. Não tem como escapar. Você pode dizer que a tecnologia de Israel é hoje uma das mais avançadas, que o PIB subiu, que a renda é isso ou aquilo, mas nada disso tem segurança se você não resolve a questão do conflito. Quando se conversa com os jovens e se pergunta quais são as expectativas deles, a resposta é sempre canalizada para os três anos que vão servir o exército. Se você conversa com uma professora, ela vai dizer que a família dela vive em sobressalto e não sabe se os filhos vão continuar em Israel ou emigrar. Então, diria que o conflito tomou conta da minha matéria.
- Em primeiro lugar, contei com a Maria Thereza Pinheiro que dirigiu o Globo Repórter e é uma profunda conhecedora de Israel e da jornalista Renata Malkes, que mora em Israel há muitos anos e atua na área de política..Não concordo que o programa tenha sido tendencioso, pois conversei com pessoas da direita, da esquerda e um intelectual de centro que é professor da Universidade de Hebron. Conversei com religiosos dos assentamentos na Cisjordânia, com outros mais religiosos que moram
Nossa fonte de pesquisa foi o livro 1967 e ‘O Sétimo Milhão’ de Tom Segev, jornalista e cronista do diário “Haaretz,, sendo um dos intelectuais israelenses mais destacados na atualidade. Tom Segev diz que os israelenses pagam um preço altíssimo até hoje pela ocupação e que Israel mergulhou num mundo obscuro de barreiras e opressão militar.
Eliana Ellinger
“Morar em Israel era um sonho desde que vim pela primeira vez, em 1986. Há quatro anos, por motivo de força maior, fiz aliá. Desde então, moro no kibutz Hazorea. A vida no kibutz é tranqüila, cada um tem sua especialidade. Em todos há escolas, biblioteca, clínica médica, dentista, mercado, lavanderia, piscinas, refeitório, indústrias, agropecuária, piscicultura. Enfim, todos são amigos como uma grande família. Nas cidades, o movimento é intenso, mas também existem áreas sossegadas. Uma das coisas em comum entre os kibutzim e as cidades, é que os pais ao voltarem do trabalho, ao invés de sentarem para ler um jornal, levam seus filhos pequenos aos parques e brincam com eles.
Os Kibutzim através de sua atualmente pregada partilha de bens, estão promovendo a distribuição de dividendos de acordo com a quantidade de anos vividos como membros ‘no Kibutz. E ainda mais, as casas estão sendo registradas no cartório em nome do membro que nela reside.
Por outro lado, a vida em Israel oferece uma diversidade de opções bastante ampla, para todas as idades e gêneros, desde simples turismo com palestras e até a experiência no exército de Israel.
Do ponto de vista cultural, como em outras áreas, Israel tem sido influenciada pelos imigrantes que aqui chegam.
Politicamente falando, tentamos incessantemente nos influenciar na democracia americana, de onde são tirados ou mesmo copiados formatos, inclusive contratando assessores de políticos americanos em nossas campanhas eleitorais. O embate ideológico entre esquerda e direita ainda deverá persistir por um bom tempo, mais ainda continuam sendo os ortodoxos o fiel da balança nos acordos de coalizões. Mudanças neste impasse não estão previstas para um futuro próximo.
Os 60 anos de Independência de nosso Israel foi emocionante, imperava alegria no país inteiro.
Família
O kibutz é minha residência fixa, mas quase a semana inteira vou para a casa de minhas netas e cuido delas. Shir ,13 anos e Maya, 10 anos, são muito estudiosas e “ligadas” no computador. Recebem uma orientação excelente, antes e após a perda da mãe, e com isso parece estar aprendendo como se deve seguir os caminhos da vida.
Raul, meu filho, é membro do kibutz. Está cursando doutorado em informátíca e trabalha nesta área. Minha nora, Einat, dá aulas de Feldencrais (ginástica especial). Eles me brindaram com três netos: Yuli, Romi e Talmi.
Não tenho profissão aqui, me falta tempo e não falo hebraico. Mas, nos dias de folga, trabalho como voluntária no “Lilach” (ateliê de terapia ocupacional) para pessoas idosas residentes no kibutz.
Kiki Mayer
Fiz aliá com 19 anos, ou seja, há 21 anos. A Idéia de fazer aliá sempre me acompanhou e foi lógica para mim. Desde criança participei e cresci em uma casa sionista
Mesmo assim, a vida no kibutz é tranqüila e muito diferente da vida na cidade.
Experiência no exército
Cheguei a Israel com 19 anos e um ano e meio depois, me alistei. Servi por dois anos e meio. Meu serviço foi no Nachal e não posso dizer que foi uma época fácil. O treinamento básico é muito difícil e depois passei uma grande parte do serviço nos territórios ocupados na época da primeira Intifada (1988-1989). O exército cria um vivenciamento único com a sociedade israelense, grandes amizades e uma experiência única.
Família
Sou casado com a Roni há 18 anos e temos três filhos Peleg, 15 anos , Sol,12 anos e Aviv, 9 anos . Meus filhos nasceram e estão crescendo no kibutz.
Minha esposa é responsável pelos jardins de infância do kibutz e eu, sou diretor do laboratório de qualidade na fábrica de laticínios do Yotvata.
Nós fabricamos o achocolatado mais famoso de Israel (choco Yotvata) que nos sustenta muito bem.
As exportações de Israel na área tecnológica são enormes. Quem não tem soja vende chip.Na área cultural e tecnológica a aliá russa deu um empurrão para frente. Foram criadas novas sinfônicas, novos teatros, cientistas, médicos e engenheiros deram um empurrão na economia também.
José Rozental
Viemos para Israel para ficar junto aos filhos em julho de 1993. Nesses 15 anos, Israel teve um desenvolvimento econômico, social e tecnológico muito elevado . É clássica a admiração e a surpresa dos que já vieram alguns anos ver as construções mais modernas e em grau crescente, assim como as estradas. Encanta aos olhos dos que chegam para turismo, pela primeira vez. Do ponto de vista cientifico e tecnológico nossas Universidades estão entre as 100 primeiras do mundo, o que é extraordinário. Com pesquisas cientificas e tecnológicas em todo campo social. Viver hoje em Israel é o maior barato, resumo numa única linha da musica Shalom laj Eretz, cantada por Yehoram Gaon - Ein Makon Cmo Eretz Israel - Não tem lugar como a Terra de Israel. Curtimos a vida aqui. Temos um grupinho de brasileiros que se reúne para um café, um cinema ou um jantar. Nosso sistema médico social nos protege e nos dá tranqüilidade. Somos um povo mobilizado 24 horas por dia, dispostos a tudo para nossa proteção e segurança. É muito importante que conheçam nossas passagens históricas não indo muito atrás, mas nos 60 anos de nossa independência. Sei que isso os deixará orgulhosos de nossa bravura, persistência e ao mesmo tempo procurando dividir com a humanidade nossas conquistas cientificas. Sou físico e engenheiro nuclear, me aposentei, mas ainda trabalho em consultoria participando
Eliah Markus Fernaldes
Fiz aliá quando tinha 20 anos, em 1993. Moro aqui ha 15 anos. A aliá veio como processo natural, pois tive uma vida muito ativa na comunidade judaica em movimento juvenil, família super sionista, ativa e praticante.Temos em Israel uma ótima qualidade de vida se comparada a que vivi
No jantar de despedida que um grupo de amigos hebraicos nos ofereceu, ficou marcada em nossos corações a data do embarque da aliá – 29 de julho de 1994 e os beijos neste solo sagrado no dia 01 de agosto.
Israel teve um crescimento desproporcional comparado ao resto do mundo em indústrias de alta tecnologia.
E uma sociedade em enriquecimento nestes últimos 10 anos, trabalho árduo de uma geração altamente educada, mas que não conseguiu, ainda, travar o perigoso crescimento da pobreza; e sanar esta ferida que sabota a estrutura. Viver em Israel é usufruir as benesses dos serviços de saúde –Hupat Holim,planos de saúde e remédios subvencionados ; educação – preparação para a luta diária de seus cidadãos e segurança – a presença marcante das forcas de defesa do país .
O povo judeu sempre primou pelo estudo, pela difusão da ética , pela responsabilidade coletiva e hoje, mais do que nunca , o desenvolvimento da ciência em Israel em prol dos seres humanos.
Que os brasileiros judeus criem uma central de propaganda ,em termos profissionais, para atuar rapidamente, com objetividade em torno do crescente movimento anti-judeu, anti-Israel , sacudindo a verdade sobre nossos inimigos aos olhos dos cidadãos incautos e desprevenidos.
Fui um administrador de empresas atuando na área de vendas.
Sou, ainda , um imigrante que dificulta o entendimento do místico idioma hebraico e ai...usei o meu hobby preferido como segunda profissão: Marcenaria.
Foi assim que envelheci minhas raízes de Berditchever e tornei-me forte com o sangue dos Rymer ,encontrando neles a jovem Mathilde- minha companheira que trouxe ao mundo Sheila- depois Bleich, com seu esposo Arie, as filhas Liora , Keren e o varão Eliezer...
... que apoiou Marcel ,filho número dois , seguir seu lado místico e religioso , trazendo para nos a esposa Jacqueline Jacobs e Shai David, Amichai , Uri e Yonatan – nossos netos…
Conforme as últimas referências culturais somos os segundos no mundo em compras de livros novos.
Extraído de:
Nosso Jornal-Rio
Um comentário:
Na terceira sequencia da entrevista faltou a apresentaçao do meu nome proprio.
Acredito ter sido um lapso na transcriçao da reportagem publicada no Nosso Jornal - Rio.
Shalom,
Adolfo Berditchevsky,
de Israel.
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