Cruz Vermelha alemã admite passado nazista
Correspondente BERLIM.
O Globo, O Mundo, página 32, em 25/06/2008.
Sessenta e três anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a Cruz Vermelha Alemã (DRK, na sigla em alemão) admitiu o envolvimento com o regime nazista entre 1933 e 1945. Durante a apresentação de um estudo das historiadoras Brigitte Morgenbrod e Stephanie Mekenich—“Das Deutsche Rote Kreuz unter der NS-Diktatur” (A Cruz Vermelha Alemã sob a Ditadura Nazista) — o presidente da entidade, Rudolf Seiters, disse que a DRK ignorou sua função ao seguir a ideologia nazista.
— É triste pensar o quanto a Cruz Vermelha se distanciou dos seus princípios humanitários — disse Seiters, que foi ministro do Interior do governo do chanceler federal Helmut Kohl.
O estudo lançado ontem foi encomendando pela própria DRK depois de duas publicações sobre o assunto. Em 1992, o historiador Dieter Riesenberger publicou “A Cruz Vermelha Alemã — Uma História. 1864-
A DRK segue a tendência de diversas grandes empresas que tentam se livrar do fardo histórico ao abrir os seus porões para a pesquisa. Empresas como a Volkswagen e bancos, como Dresdner Bank e Deutsche Bank, investiram grandes quantias na investigação dos seus papéis durante a ditadura nazista.
Até agora, a Cruz Vermelha Alemã ou se calava sobre o assunto ou maquiava o seu envolvimento, como se tivesse participado da resistência aos nazistas.
Depois de vasculhar mais de 20 arquivos, as historiadoras Morgenbrod e Mekenich confirmaram a suspeita que já existia desde as publicações dos anos 90: a DRK adotou a ideologia nazista já nas primeiras semanas da ditadura, com um expurgo de judeus e outras pessoas consideradas indesejáveis dos seus quadros.
Experiências com cobaias humanas Durante a guerra, revela o estudo, cerca de 600 mil médicos, sanitaristas e ajudantes eram orientados a socorrer apenas soldados e vítimas civis que fossem considerados da etnia alemã. Os perseguidos pelo regime eram ignorados.
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Mas a DRK seguiu em parte a política da sede, na Suíça. Em
— É triste tomar conhecimento sobre como o regime nacionalsocialista instrumentalizou a Cruz Vermelha — disse Seiters.
Entre as descobertas citadas no livro estão experiências monstruosas com cobaias humanas praticadas em um hospital dirigido pela entidade em Hohenlynchen.
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