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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Cruz Vermelha alemã admite passado nazista

Cruz Vermelha alemã admite passado nazista

Organização publica em livro um estudo em que revela ter colaborado com crimes da ditadura de Hitler

Graça Magalhães-Ruether
Correspondente BERLIM.
O Globo, O Mundo, página 32, em 25/06/2008.

Sessenta e três anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a Cruz Vermelha Alemã (DRK, na sigla em alemão) admitiu o envolvimento com o regime nazista entre 1933 e 1945. Durante a apresentação de um estudo das historiadoras Brigitte Morgenbrod e Stephanie Mekenich—“Das Deutsche Rote Kreuz unter der NS-Diktatur” (A Cruz Vermelha Alemã sob a Ditadura Nazista) — o presidente da entidade, Rudolf Seiters, disse que a DRK ignorou sua função ao seguir a ideologia nazista.

— É triste pensar o quanto a Cruz Vermelha se distanciou dos seus princípios humanitários — disse Seiters, que foi ministro do Interior do governo do chanceler federal Helmut Kohl.

O estudo lançado ontem foi encomendando pela própria DRK depois de duas publicações sobre o assunto. Em 1992, o historiador Dieter Riesenberger publicou “A Cruz Vermelha Alemã — Uma História. 1864-1939”. Alguns anos depois, o médico Horst Seithe confirmou a existência de uma colaboração com os nazistas em “A Cruz Vermelha Alemã no Terceiro Reich”.

A DRK segue a tendência de diversas grandes empresas que tentam se livrar do fardo histórico ao abrir os seus porões para a pesquisa. Empresas como a Volkswagen e bancos, como Dresdner Bank e Deutsche Bank, investiram grandes quantias na investigação dos seus papéis durante a ditadura nazista.

Até agora, a Cruz Vermelha Alemã ou se calava sobre o assunto ou maquiava o seu envolvimento, como se tivesse participado da resistência aos nazistas.

Depois de vasculhar mais de 20 arquivos, as historiadoras Morgenbrod e Mekenich confirmaram a suspeita que já existia desde as publicações dos anos 90: a DRK adotou a ideologia nazista já nas primeiras semanas da ditadura, com um expurgo de judeus e outras pessoas consideradas indesejáveis dos seus quadros.

Experiências com cobaias humanas Durante a guerra, revela o estudo, cerca de 600 mil médicos, sanitaristas e ajudantes eram orientados a socorrer apenas soldados e vítimas civis que fossem considerados da etnia alemã. Os perseguidos pelo regime eram ignorados.

Em 1944, a organização ajudou a sedimentar a mentira dos nazistas sobre os seus campos de concentração durante visita ao de Theresienstadt, na então Tchecoslováquia (hoje, na República Tcheca). Os alemães acompanharam os enviados do Comitê Internacional da organização, a quem mostraram apenas um roteiro pré-determinado, ocultando os crimes bárbaros que aconteciam ali.

Mas a DRK seguiu em parte a política da sede, na Suíça. Em 1942, a DRK informou ao Comitê Internacional sobre os campos de concentração, mas eles resolveram se calar sobre o assunto.

— É triste tomar conhecimento sobre como o regime nacionalsocialista instrumentalizou a Cruz Vermelha — disse Seiters.

Entre as descobertas citadas no livro estão experiências monstruosas com cobaias humanas praticadas em um hospital dirigido pela entidade em Hohenlynchen.

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