Revista National Geographic Brasil, julho de 2008 (2 páginas)
Escola ortodoxa
O dia-a-dia de jovens rabinos em Petrópolis.
Por Claudia Altschüller
Escola ortodoxa
O dia-a-dia de jovens rabinos em Petrópolis.
Por Claudia Altschüller
Fotos de Felipe Goifman
A escola da tradição
Nas montanhas de Petrópolis, orar é lição diária, e o hebraico é fluente entre os alunos do mais antigo colégio para judeus ortodoxos do Brasil.
Meu filho me deu uma lição. Quando Daniel estudou numa escola rabínica, entre 2004 e 2005, ele era exceção. Tais escolas, as yeshivás, são mais procuradas por filhos de rabinos ou de famílias que praticam o judaísmo com o devido rigor. O pai de Daniel não é judeu e eu, apesar de ser, nunca tive uma educação dentro dos rígidos preceitos da religião. Um dia, porém, meu filho foi à sinagoga Beit Aharon, que fica perto de nossa casa, no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Começou a ter aulas com o rabino Berkes. Meses depois, o menino que não falava hebraico se transformou em um jovem ávido para aprender os valores da religião e a ler a Torá, o livro sagrado. E, com isso, me fez despertar para um retorno às origens de minha própria história.
Eu percebo bem o quanto ele se tornou querido entre os alunos da escola numa tarde gelada e ventosa de domingo, quando somos recebidos com alegria na Yeshivá Colegial Machané Israel, no alto das montanhas fluminenses, em Petrópolis. Muitos alunos, seus ex-colegas de classe, correm em sua direção gritando por "Schuller!", seu apelido na escola. É um reencontro emocionado, e o dia é de festa: estudantes, professores e convidados celebram o 80o aniversário da libertação do rabino Yossef Yitschac Schneersohn, o sexto rebe de Lubavitch ("mestre", em hebraico, da cidade bielo-russa em que se iniciou o movimento ortodoxo Chabad, ou hassidismo, no fim do século 18). Proibido de preservar o judaísmo na recém-formada União Soviética, o religioso acabou preso por agentes do Partido Comunista. Chegou a ser condenado à morte, mas a pressão internacional forçou os soviéticos a comutarem a sentença para exílio e, em seguida, libertá-lo.
Depois das boas-vindas, a celebração. Como manda a tradição ortodoxa, homens e mulheres são separados por biombos na sinagoga do colégio interno. A reza e os discursos em homenagem à data são comandados pela ala masculina e intercalados com danças em volta da mesa principal. As mulheres participam a distância: acompanham a liturgia, conversam entre si e tomam conta das crianças menores. Os homens mais velhos bebem vodca. Esforço-me para enxergar a alegria deles pelos vãos do biombo de madeira. Vale a pena: o ritmo das canções hassídicas, do gênero chamado nigunim, é contagiante.
Mais que um costume, preservar tradições como essa tem sido a missão da Machané Israel, a mais antiga yeshivá da América Latina, fundada, em 1966, pelo húngaro Chaim Binjamini. Nascido em Budapeste, em 1922, e sobrevivente do campo de concentração alemão de Bergen-Belsen, junto com outros seis rabinos, Binjamini encontrou um porto seguro no Brasil ao desembarcar aqui em 1954, após ter trabalhado como agricultor em Israel e ter participado da guerra pela independência (1948). "Depois de tantos percalços passados, nos sentimos bem no bairro de Carangola. Encontramos um lar", lembra-se ele. A escola ocupa uma área de 120 mil metros quadrados e mais parece um hotel de montanha: tem bosques, quadras, piscinas, salão de jogos, refeitório, sinagoga, mikve (um reservatório de água construído em conformidade com a lei judaica) e alojamentos. A entrada fica no pé de uma colina, vigiada por cães. Para chegar à casa é necessário subir uma íngreme ladeira, ladeada pela mata onde, na primavera, as hortênsias florescem para encanto dos visitantes. Patos nadam em um lago.
A idílica paisagem serrana e a atual ocupação contrastam com a história do belo casarão da década de 1940. A propriedade pertencia à família de Berl Landau, um alemão investigado na época por atividades ilegais no Brasil, ligadas ao nazismo. Na primeira visita à casa, Chaim Binjamini e o grupo que o acompanhava pararam para ler os Salmos antes de entrar na sede, onde havia uma biblioteca cheia de livros de temática nazista. (Por incrível que pareça, o recinto foi transformado na primeira sinagoga da escola.) Outra curiosidade: o antigo proprietário havia mandado plantar duas palmeiras em forma de V para simbolizar uma pretensa vitória nazista. As árvores ainda estão vivas ao lado da secretaria.
A semana na yeshivá começa cedo. Os atuais 23 alunos acordam antes do raiar do dia para a reza da manhã, a shacharit. No judaísmo, se possível, a pessoa deve rezar em congregação no mínimo dez homens maiores de 13 anos em uma sinagoga. Em seguida, os estudantes tomam o café-da-manhã no refeitório, onde as refeições seguem as leis alimentares do kashrut a observância de tais leis tem servido para unificar o povo judeu através dos séculos. Misturar leite com carne, ao cozinhar ou ao servir, por exemplo, é uma violação dessas leis.
Os meninos estão maduros para estudar na yeshivá a partir dos 12 anos, ou seja, pouco antes do bar mitzvah, a maioridade religiosa de um judeu. As turmas são pequenas: vão da 6a série ao terceiro ano do ensino médio. A manhã serve para o ensino religioso, em português e em hebraico, como as aulas de talmud, parte do judaísmo que explica significado e aplicações de leis ditadas pelo Pentateuco, a Torá. Depois do almoço e da oração da tarde, os alunos seguem ao estudo laico. Ao contrário do que se pensa, nem todos serão rabinos: vários irão prestar vestibular e cursar uma faculdade. "Muitos ex-alunos, mesmo em profissões liberais, ocupam postos em instituições de educação judaica. A meta é repassar essa educação para a comunidade", diz Abrahão Binjamini, um dos professores da escola.
Os rapazes ficam no colégio a semana inteira, exceto às sextas-feiras, quando vão para Petrópolis. "Eles visitam lojas e casas para levar mensagens do judaísmo e rezar", explica Binjamini. Na volta, preparam-se para o shabat, que começa no pôr-do-sol da sexta-feira e termina quando surge a primeira estrela do sábado. Nesse dia, os judeus não realizam tarefas cotidianas como escrever, trabalhar, acender a luz ou andar de carro. O tempo é todo dedicado ao descanso e à oração. Para tanto, vestem as melhores roupas para ir à sinagoga: terno preto, camisa social branca e chapéu de feltro preto por cima do solidéu.
Apesar das vestes escuras, de aparência medieval, do chapéu soturno e da idéia de reclusão monástica que temos do lado de fora, os meninos da yeshivá fazem tudo o que é normal para alguém da idade deles. Jogam futebol, lêem revistas, vão à piscina, fazem trilhas nas matas adjacentes à escola, navegam na internet.
Meu filho, Daniel Felipe Altschüller, tem agora 19 anos e faz faculdade de história. Na época da yeshivá, eu costumava visitá-lo nos domingos à tarde, mas sempre pensava nele ao longo da semana, sentado na sala após o jantar com os colegas, em pequenos grupos, para revisão e debate dos estudos. Essa cena até hoje me faz recordar o filme Yentl (1983), estrelado por Barbra Streisend. A obra, baseada em um conto homônimo de Isaac Bashevis Singer, mostra o cotidiano de uma escola rabínica na Polônia do início do século passado. O tempo, de fato, parece correr em outro ritmo dentro de uma yeshivá. Passado e presente não se distinguem. As tradições estão acima de tudo. Para um judeu, estar ali é estar em casa: meu filho me deu essa lição.
A semana na yeshivá começa cedo. Os atuais 23 alunos acordam antes do raiar do dia para a reza da manhã, a shacharit. No judaísmo, se possível, a pessoa deve rezar em congregação no mínimo dez homens maiores de 13 anos em uma sinagoga. Em seguida, os estudantes tomam o café-da-manhã no refeitório, onde as refeições seguem as leis alimentares do kashrut a observância de tais leis tem servido para unificar o povo judeu através dos séculos. Misturar leite com carne, ao cozinhar ou ao servir, por exemplo, é uma violação dessas leis.
A escola da tradição
Nas montanhas de Petrópolis, orar é lição diária, e o hebraico é fluente entre os alunos do mais antigo colégio para judeus ortodoxos do Brasil.
Meu filho me deu uma lição. Quando Daniel estudou numa escola rabínica, entre 2004 e 2005, ele era exceção. Tais escolas, as yeshivás, são mais procuradas por filhos de rabinos ou de famílias que praticam o judaísmo com o devido rigor. O pai de Daniel não é judeu e eu, apesar de ser, nunca tive uma educação dentro dos rígidos preceitos da religião. Um dia, porém, meu filho foi à sinagoga Beit Aharon, que fica perto de nossa casa, no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Começou a ter aulas com o rabino Berkes. Meses depois, o menino que não falava hebraico se transformou em um jovem ávido para aprender os valores da religião e a ler a Torá, o livro sagrado. E, com isso, me fez despertar para um retorno às origens de minha própria história.
Eu percebo bem o quanto ele se tornou querido entre os alunos da escola numa tarde gelada e ventosa de domingo, quando somos recebidos com alegria na Yeshivá Colegial Machané Israel, no alto das montanhas fluminenses, em Petrópolis. Muitos alunos, seus ex-colegas de classe, correm em sua direção gritando por "Schuller!", seu apelido na escola. É um reencontro emocionado, e o dia é de festa: estudantes, professores e convidados celebram o 80o aniversário da libertação do rabino Yossef Yitschac Schneersohn, o sexto rebe de Lubavitch ("mestre", em hebraico, da cidade bielo-russa em que se iniciou o movimento ortodoxo Chabad, ou hassidismo, no fim do século 18). Proibido de preservar o judaísmo na recém-formada União Soviética, o religioso acabou preso por agentes do Partido Comunista. Chegou a ser condenado à morte, mas a pressão internacional forçou os soviéticos a comutarem a sentença para exílio e, em seguida, libertá-lo.
Depois das boas-vindas, a celebração. Como manda a tradição ortodoxa, homens e mulheres são separados por biombos na sinagoga do colégio interno. A reza e os discursos em homenagem à data são comandados pela ala masculina e intercalados com danças em volta da mesa principal. As mulheres participam a distância: acompanham a liturgia, conversam entre si e tomam conta das crianças menores. Os homens mais velhos bebem vodca. Esforço-me para enxergar a alegria deles pelos vãos do biombo de madeira. Vale a pena: o ritmo das canções hassídicas, do gênero chamado nigunim, é contagiante.
Mais que um costume, preservar tradições como essa tem sido a missão da Machané Israel, a mais antiga yeshivá da América Latina, fundada, em 1966, pelo húngaro Chaim Binjamini. Nascido em Budapeste, em 1922, e sobrevivente do campo de concentração alemão de Bergen-Belsen, junto com outros seis rabinos, Binjamini encontrou um porto seguro no Brasil ao desembarcar aqui em 1954, após ter trabalhado como agricultor em Israel e ter participado da guerra pela independência (1948). "Depois de tantos percalços passados, nos sentimos bem no bairro de Carangola. Encontramos um lar", lembra-se ele. A escola ocupa uma área de 120 mil metros quadrados e mais parece um hotel de montanha: tem bosques, quadras, piscinas, salão de jogos, refeitório, sinagoga, mikve (um reservatório de água construído em conformidade com a lei judaica) e alojamentos. A entrada fica no pé de uma colina, vigiada por cães. Para chegar à casa é necessário subir uma íngreme ladeira, ladeada pela mata onde, na primavera, as hortênsias florescem para encanto dos visitantes. Patos nadam em um lago.
A idílica paisagem serrana e a atual ocupação contrastam com a história do belo casarão da década de 1940. A propriedade pertencia à família de Berl Landau, um alemão investigado na época por atividades ilegais no Brasil, ligadas ao nazismo. Na primeira visita à casa, Chaim Binjamini e o grupo que o acompanhava pararam para ler os Salmos antes de entrar na sede, onde havia uma biblioteca cheia de livros de temática nazista. (Por incrível que pareça, o recinto foi transformado na primeira sinagoga da escola.) Outra curiosidade: o antigo proprietário havia mandado plantar duas palmeiras em forma de V para simbolizar uma pretensa vitória nazista. As árvores ainda estão vivas ao lado da secretaria.
A semana na yeshivá começa cedo. Os atuais 23 alunos acordam antes do raiar do dia para a reza da manhã, a shacharit. No judaísmo, se possível, a pessoa deve rezar em congregação no mínimo dez homens maiores de 13 anos em uma sinagoga. Em seguida, os estudantes tomam o café-da-manhã no refeitório, onde as refeições seguem as leis alimentares do kashrut a observância de tais leis tem servido para unificar o povo judeu através dos séculos. Misturar leite com carne, ao cozinhar ou ao servir, por exemplo, é uma violação dessas leis.
Os meninos estão maduros para estudar na yeshivá a partir dos 12 anos, ou seja, pouco antes do bar mitzvah, a maioridade religiosa de um judeu. As turmas são pequenas: vão da 6a série ao terceiro ano do ensino médio. A manhã serve para o ensino religioso, em português e em hebraico, como as aulas de talmud, parte do judaísmo que explica significado e aplicações de leis ditadas pelo Pentateuco, a Torá. Depois do almoço e da oração da tarde, os alunos seguem ao estudo laico. Ao contrário do que se pensa, nem todos serão rabinos: vários irão prestar vestibular e cursar uma faculdade. "Muitos ex-alunos, mesmo em profissões liberais, ocupam postos em instituições de educação judaica. A meta é repassar essa educação para a comunidade", diz Abrahão Binjamini, um dos professores da escola.
Os rapazes ficam no colégio a semana inteira, exceto às sextas-feiras, quando vão para Petrópolis. "Eles visitam lojas e casas para levar mensagens do judaísmo e rezar", explica Binjamini. Na volta, preparam-se para o shabat, que começa no pôr-do-sol da sexta-feira e termina quando surge a primeira estrela do sábado. Nesse dia, os judeus não realizam tarefas cotidianas como escrever, trabalhar, acender a luz ou andar de carro. O tempo é todo dedicado ao descanso e à oração. Para tanto, vestem as melhores roupas para ir à sinagoga: terno preto, camisa social branca e chapéu de feltro preto por cima do solidéu.
Apesar das vestes escuras, de aparência medieval, do chapéu soturno e da idéia de reclusão monástica que temos do lado de fora, os meninos da yeshivá fazem tudo o que é normal para alguém da idade deles. Jogam futebol, lêem revistas, vão à piscina, fazem trilhas nas matas adjacentes à escola, navegam na internet.
Meu filho, Daniel Felipe Altschüller, tem agora 19 anos e faz faculdade de história. Na época da yeshivá, eu costumava visitá-lo nos domingos à tarde, mas sempre pensava nele ao longo da semana, sentado na sala após o jantar com os colegas, em pequenos grupos, para revisão e debate dos estudos. Essa cena até hoje me faz recordar o filme Yentl (1983), estrelado por Barbra Streisend. A obra, baseada em um conto homônimo de Isaac Bashevis Singer, mostra o cotidiano de uma escola rabínica na Polônia do início do século passado. O tempo, de fato, parece correr em outro ritmo dentro de uma yeshivá. Passado e presente não se distinguem. As tradições estão acima de tudo. Para um judeu, estar ali é estar em casa: meu filho me deu essa lição.
A semana na yeshivá começa cedo. Os atuais 23 alunos acordam antes do raiar do dia para a reza da manhã, a shacharit. No judaísmo, se possível, a pessoa deve rezar em congregação no mínimo dez homens maiores de 13 anos em uma sinagoga. Em seguida, os estudantes tomam o café-da-manhã no refeitório, onde as refeições seguem as leis alimentares do kashrut a observância de tais leis tem servido para unificar o povo judeu através dos séculos. Misturar leite com carne, ao cozinhar ou ao servir, por exemplo, é uma violação dessas leis.
Os meninos estão maduros para estudar na yeshivá a partir dos 12 anos, ou seja, pouco antes do bar mitzvah, a maioridade religiosa de um judeu. As turmas são pequenas: vão da 6a série ao terceiro ano do ensino médio. A manhã serve para o ensino religioso, em português e em hebraico, como as aulas de talmud, parte do judaísmo que explica significado e aplicações de leis ditadas pelo Pentateuco, a Torá. Depois do almoço e da oração da tarde, os alunos seguem ao estudo laico. Ao contrário do que se pensa, nem todos serão rabinos: vários irão prestar vestibular e cursar uma faculdade. "Muitos ex-alunos, mesmo em profissões liberais, ocupam postos em instituições de educação judaica. A meta é repassar essa educação para a comunidade", diz Abrahão Binjamini, um dos professores da escola.
Os rapazes ficam no colégio a semana inteira, exceto às sextas-feiras, quando vão para Petrópolis. "Eles visitam lojas e casas para levar mensagens do judaísmo e rezar", explica Binjamini. Na volta, preparam-se para o shabat, que começa no pôr-do-sol da sexta-feira e termina quando surge a primeira estrela do sábado. Nesse dia, os judeus não realizam tarefas cotidianas como escrever, trabalhar, acender a luz ou andar de carro. O tempo é todo dedicado ao descanso e à oração. Para tanto, vestem as melhores roupas para ir à sinagoga: terno preto, camisa social branca e chapéu de feltro preto por cima do solidéu.
Apesar das vestes escuras, de aparência medieval, do chapéu soturno e da idéia de reclusão monástica que temos do lado de fora, os meninos da yeshivá fazem tudo o que é normal para alguém da idade deles. Jogam futebol, lêem revistas, vão à piscina, fazem trilhas nas matas adjacentes à escola, navegam na internet.
Meu filho, Daniel Felipe Altschüller, tem agora 19 anos e faz faculdade de história. Na época da yeshivá, eu costumava visitá-lo nos domingos à tarde, mas sempre pensava nele ao longo da semana, sentado na sala após o jantar com os colegas, em pequenos grupos, para revisão e debate dos estudos. Essa cena até hoje me faz recordar o filme Yentl (1983), estrelado por Barbra Streisend. A obra, baseada em um conto homônimo de Isaac Bashevis Singer, mostra o cotidiano de uma escola rabínica na Polônia do início do século passado. O tempo, de fato, parece correr em outro ritmo dentro de uma yeshivá. Passado e presente não se distinguem. As tradições estão acima de tudo. Para um judeu, estar ali é estar em casa: meu filho me deu essa lição.
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