O Globo, Ciência, página 38, em 13/06/2008.
O anúncio foi feito na revista científica “Science”.
A semente foi encontrada há mais de 40 anos, durante escavações numa fortaleza em Massada, construída pelo rei Herodes, no século I, na zona ocidental do Mar Morto. O local é conhecido por ter abrigado insurgentes judeus que se rebelaram contra o domínio romano em 67 d.C.
A semente que gerou a renascida Matusalém foi mantida em laboratório durante décadas, com a temperatura ambiente controlada. Mas bem antes disso, lembram os cientistas, ela permaneceu enterrada por séculos em meio às ruínas de Massada.
— A região do Mar Morto é extremamente seca e quente — explicou a pesquisadora Sarah Sallon, do Centro Médico Hadassah, em Jerusalém.
— Essa conjunção de fatores certamente ajudou a preservar essa semente.
De acordo com os cientistas, análises com radiocarbono confirmaram que essa é a mais antiga semente já trazida de volta à vida. Ela supera o recorde anterior, que pertencia a sementes de lótus que brotaram depois de mil anos.
— Caso a planta seja do gênero feminino, existe a possibilidade de reproduzi-la — disse Sarah, que conduziu o projeto.
A árvore foi semeada pela equipe de Sallon em 19 de janeiro de 2005, o ano novo judaico dedicado às árvores. A sua semente é originária de um tipo de palmeira — a tamareira da Judéia — que, segundo os pesquisadores, era muito comum nas margens do Rio Jordão. A planta foi dada como extinta há muitos séculos.
Tentativas anteriores de fazer germinar sementes antigas falharam alguns dias após o plantio. Como essa experiência foi bem sucedida, os pesquisadores fizeram o teste de carbono para determinar a idade correta da semente — Inicialmente, não conseguimos quebrar as raízes para fazer a análise de forma adequada — contou Sarah. — Mas quando mudamos a planta para um vaso maior, encontramos fragmentos das sementes nas raízes que permitiram a análise com carbono.
A palmeira é descrita na Bíblia, bem como na literatura antiga, por seus poderes medicinais. A planta era conhecida como elemento de cura para várias enfermidades como o câncer, malária e até mesmo dores de dente.
Para os cristãos a palmeira representa simbolicamente a paz e é associada à entrada de Jesus
Assim que Matusalém crescer mais, os cientistas vão fazer novas análises para verificar se a planta tem, realmente, algum potencial medicinal.
— A história conta que as pessoas pegavam o seu fruto e faziam bebidas que eram indicadas como remédio para várias enfermidades — revelou a pesquisadora.
— Essa sua, digamos, habilidade de se manter ativa pode nos ajudar a entender como preservar recursos genéticos no futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário