Os Hebraicos da Amazônia
por Henrique Veltman – março/2005
Em 1981, o Beth Hatefutsot pediu ao fotógrafo Sérgio Zalis, na época aluno da escola de arte Betzalel, em Jerusalém, uma documentação do judaísmo brasileiro. Sérgio veio ao meu encontro, em São Paulo, sem maiores recursos além de sua boa vontade, e eu fiz ver a ele que a comunidade judaica brasileira estava espalhada pelos quatro cantos do país, e seria interessante estabelecer qual comunidade seria objeto de sua pesquisa. Elaboramos uma relação de possíveis registros, e Tel Aviv foi consultada. O Beth, depois de várias reuniões, decidiu-se pelo Norte do Brasil.
Em janeiro de 1983, finalmente, o Beth Hatefutsot, o Museu da Diáspora da Universidade de Tel-Aviv,Israel, encomendou-nos a realização de uma documentação sobre o que até então era
uma história muito pouco conhecida: a saga dos judeus marroquinos e de seus descendentes, os hebraicos, na longínqua e misteriosa Amazônia.
Com o apoio do empresário Israel Klabin, durante um mês, percorremos aquela imensidão, começando por Belém do Pará, seguindo depois para Cametá, às margens do rio Tocantins. Dali, partimos para Abaetetuba, Alenquer, Santarém, Óbidos, Maués, Itacoatiara, Manaus, Porto Velho e Guajará Mirim.
Em todos esses lugares, encontramos judeus, descendentes de judeus e registros impressionantes da passagem dos judeus de origem marroquina pela Amazônia.
Elaborei um texto, quase crônica, e Zalis produziu as fotos. Com esse material, o Museu de Tel-Aviv realizou, em outubro de 1987, uma exposição sobre os judeus na Amazônia. Essa exposição, que depois percorreu o mundo, de Londres a Paris, Roma a Madri, ao Marrocos e aos Estados Unidos, ainda é desconhecida do público brasileiro. Foi uma das exposições transitórias do Museu, de maior afluência de público.
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