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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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domingo, 28 de dezembro de 2008

Vicus judoeorum: os judeus e o espaço urbano do Recife neerlandês (1630-1954)

Vicus judoeorum: os judeus e o espaço urbano do Recife neerlandês (1630-1954)

Daniel Oliveira Breda

Dissertação de mestrado em História (UFRN)

Data da defesa: ano 2007.

Resumo: Este trabalho aborda a participação da comunidade judaica na expansão urbana do Recife, durante o período neerlandês (1630-1654). Com a chegada dos flamengos, a vila de Olinda, antiga capital de Pernambuco, foi arrasada e o Recife recebeu o estatuto jurídico de cidade, tornando-se capital do Brasil Neerlandês, ou Nova Holanda. O Recife tornou-se o principal entreposto da Companhia das Índias Ocidentais no Atlântico Sul, servindo de base naval, de escala para embarcações, além de ponto de escoamento da produção açucareira pernambucana, e de importação de mercadorias européias e escravos africanos.

Para que fossem executadas funções administrativas, militares e econômicas, o istmo arenoso onde ficava o Recife, e a ilha fluvial de Antônio Vaz, recebeu beneficiamentos de diversas naturezas. A tecnologia hidráulica neerlandesa foi posta em prática, trazendo uma postura de oposição entre civilização e natureza.

Entre obras militares e de produção de equipamentos urbanos, aterrou-se margens de rios, construiram-se canais, ergueram-se pontes, levantaram-se centenas de edifícios. A população neerlandesa civil do Recife engajou-se neste processo de produção de espaço físico, que trazia um senso de ação coletiva para formação da comunidade citadina, ou burguesa. Do espaço físico ao social, houve um esforço para o estabelecimento de padrões culturais neerlandeses no ambiente urbano.

A comunidade judaica Zur Israel, formada por civis particulares, isto é, não empregados da WIC, engajou-se nestes processos. Produziu espaço físico através de aterros e beneficiamento de áreas pouco salubres e também foi responsável pela construção de boa parte dos edifícios da cidade e de alguns equipamentos urbanos, como lojas, mercados, e senzalas, catalizando sua atuação econômica. Mas seu trânsito na sociedade deu-se através do processo de perfilamento do comportamento de seus membros aos padrões de sociabilidade neerlandeses.

Assim, o corpo comunitário fazia-se parte do corpo social. Dispondo de auto-regulamentação interna, produziu espaços imbricados de suas referências culturais – cemitério, sinagoga, textos – desfrutando de benefícios por parte do governo. A Zur Israel inscreveu-se na história universal dos judeus como a primeira comunidade do continente Americano, que veio a ter um papel fundamental na emancipação dos judeus no âmbito da sociedade ocidental.

PALAVRAS-CHAVE: Espaço Urbano – Recife – Neerlandeses – Judeus

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