O Globo, Opinião, pág. 7, em 22/03/2009.
Armagedom
VERISSIMO
O motorista que me levava do aeroporto de Tel Aviv para o Mar da Galiléia, onde me juntaria com um grupo de brasileiros que visitava Israel a convite do governo, ia identificando laconicamente os lugares pelos quais passávamos. Era como se eu fizesse um pequeno tour da Bíblia com um guia reticente: só o nome do lugar já deveria evocar tanta coisa que maiores explicações eram supérfluas. Já tínhamos percorrido alguns quilômetros de estrada numa planície árida quando ele fez um gesto de apresentação e disse apenas: — Armagedom.
Armagedom! O Vale do Megido, onde se travará a batalha final entre o Bem e o Mal, entre as hostes do Cristo e as hostes do anti-Cristo, depois da segunda vinda de Jesus, no fim dos tempos iníquos e o advento do Milênio! E eu sem uma reação adequada preparada para a ocasião. Como sou ateu (não praticante), não acreditava no que estava programado para acontecer ali, mas não pude deixar de me decepcionar com o lugar. Parecia haver espaço suficiente para as hostes se digladiarem nos dois lados da estrada asfaltada, mas o cenário não estava à altura do que seria, afinal, o maior megaevento da História.
Não sei o que eu esperava ver. Talvez montanhas mais dramáticas no horizonte e pedras mais significativas no chão. Pelo menos não havia tendas na beira da estrada vendendo camisetas e bonés para as torcidas dos dois lados. Nada parecido com o lugar em que Jesus foi batizado no Rio Jordão, onde hoje há uma loja de suvenires que vende até coroas de espinhos feitas de plástico.
Muita gente acredita em Armagedom, e não apenas fundamentalistas toscos. Ronald Reagan acreditava.
A direita religiosa americana apoia a direita israelense porque Israel triunfante será um protagonista importante dos últimos atos: um dos sinais da vitória final do Bem em Armagedom será a conversão em massa dos israelitas ao cristianismo. Está na Bíblia. E cada novo capítulo da eterna crise no Oriente Médio é visto por cristãos milenaristas como mais um passo na direção da batalha final da qual os judeus também sairão vitoriosos, só que não mais judeus. Pode-se imaginar fundamentalistas furiosos sonhando com mísseis nucleares iranianos cruzando no ar com mísseis nucleares israelenses num preâmbulo do gran finale desejado.
Enfim, o Armagedom. Enfim, Cristo, o único senhor do mundo.
Israel precisa ouvir os seus sensatos. Precisa, principalmente, saber quem são os seus amigos.
O Globo, Segundo Caderno pág2, em 22/03/2009.
Cinema alimentado pelas vísceras de Israel
De viagem marcada para o Brasil, diretor israelense relativiza o papel do cinema documental em seu país Israel, com suas guerras e suas vísceras políticas expostas, é o cerne da obra do documentarista Avi Mograbi que promete inflamar a 14aedição do É Tudo Verdade. No dia 4, às 16h30m, o cineasta israelense promete expor um retrato de tons existencialistas da violência em seu país ao debater “Z32”, seu mais recente longa-metragem, no CCBB. Centrado nas experiências de um soldado que assassinou palestinos, o filme, que terá sessão já nesta sexta-feira, às 18h, no Unibanco Arteplex, sintetiza o olhar crítico de Mograbi sobre sua pátria e sobre a própria arte de filmar.
— Existem muitas vozes expressando diferentes posições hoje no mundo, assim como existem muitos jovens filmando essas diferenças. Mas as pessoas ainda podem se reservar o direito de não querer escutar — diz Mograbi, em entrevista por e-mail ao GLOBO. — Eu não associaria documentário à ideia de verdade. O cinema documental é um ponto de vista sobre a realidade, o que parece ser algo sem sentido quando se fala em Israel hoje. Se um documentário traz uma visão divergente da opinião pública, cujos juízos se assemelham ao que o governo diz, este filme será ignorado.
Na ativa desde 1989, quando lançou o curtametragem “Deportation”, Mograbi venceu a competição internacional do É Tudo Verdade em 2002 com “Agosto — Um momento antes da explosão”. Um de seus trabalhos mais polêmicos, “Z32” foi lançado no Festival de Veneza de 2008, quando o cinema israelense teve grande visibilidade nas mostras internacionais, na esteira do êxito de “Valsa com Bashir”, de Ari Folman, que ganhou o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro.
— Filmes como “Valsa com Bashir” ou “Bubble”, de Eytan Fox, assim como o meu “Z32”, contaram com o aporte de fundos estatais de cinema de Israel. O apoio financeiro do Estado de Israel ao cinema hoje é maior do que nunca, o que justifica, em parte, o florescimento de nossa filmografia. Esse suporte público tem encorajado co-produções internacionais.
O dinheiro estrangeiro é importante em especial diante de grandes produções.
Os pequenos filmes podem ser finalizados com o apoio das redes de TV.
Para Mograbi, a visita ao país durante o É Tudo Verdade será um caminho para desbravar fronteiras do audiovisual brasileiro que ele desconhece.
— É uma vergonha admitir que eu não conheço quase nada sobre a produção documental brasileira. Espero corrigir essa falha durante o É Tudo Verdade. (Rodrigo Fonseca)
Estadão (22/03/2009)
Deutsche Welle (21/03/2009)
O cotidiano dos alemães não é marcado por xenofobia e racismo, mas incidentes e opiniões extremistas são suficientemente recorrentes para políticos e cidadãos se sentirem na obrigação de agir.
Em 21 de março se celebra o Dia Internacional para Eliminação do Racismo, introduzido pela Organização das Nações Unidas em 1966. Desde o começo desta semana até o fim de março, inúmeros eventos realizados na Alemanha abordam o problema.
O balanço pode ser lido no relatório do Departamento Federal de Proteção à Constituição: 17.176 delitos motivados por extremismo de direita foram registrados em 2007. Dois terços deles foram delitos de propaganda, o que inclui por exemplo a demonstração de símbolos inconstitucionais, como a suástica. Continua...
El País (22/03/2009)
- Soldados israelíes lucen camisetas que incitan a matar palestinos
- El líder espiritual de Irán exige a Obama un cambio real de política
La Vanguardia (22/03/2009)
Iton Gadol (22/03/2009)
- Un rabino librepensador
- Estalla una bomba en norte de Israel sin causar víctimas en un centro comercial de Haifa
Aurora (222/03/2009)
- Desmantelan una bomba colocada en un centro comercial
- La Policía impide actos en Jerusalén
- Chávez no tiene interés en restablecer relaciones con Israel
- Siria: Aún estamos en guerra con el Estado de Israel
Haaretz (22/03/2009)
- Rocket alerts sound in northern Israel
- Olmert: Haifa bomb attack prevented by 'miracle'
- Hamas: No option but to reach deal on Shalit
- demolition of East Jerusalem homes
- U.S. plan for Iran: Talks alongside sanctions
- IDF soldiers ordered to shoot at Gaza rescuers, note says
- 'Haredim to continue running buses segregating men, women'
- Paganism returns to the Holy Land
Jpost (22/03/2009)
- Prime minister: Disaster was narrowly averted in Haifa
- Israel, Hamas: Schalit talks not dead
- Barak insists he won't quit Labor
- EU welcomes changes to 'Durban II' draft
- 'No Egyptian ultimatum on Lieberman'
- Syrian FM: We can talk to Netanyahu
- Police break up 8 PA events in e. J'lem
Ynet (22/03/2009)
- 'Grave disaster prevented'
- 'Talks to resume within days'
- Arabs' movement banned
- Segregated bus line is back
- Time for new approach
NYT (22/03/2009)
- A Religious War in Israel’s Army: By ETHAN BRONNER - JERUSALEM — The publication late last week of eyewitness accounts by Israeli soldiers alleging acute mistreatment of Palestinian civilians in the recent Gaza fighting highlights a debate here about the rules of war. But it also exposes something else: the clash between secular liberals and religious nationalists for control over the army and society. Several of the testimonies, published by an institute that runs a premilitary course and is affiliated with the left-leaning secular kibbutz movement, showed a distinct impatience with religious soldiers, portraying them as self-appointed holy warriors. >>> Leia mais, clique aqui.
Veja mais:
21/03/2009
- Jordania y Siria defienden la Iniciativa Árabe como alternativa para lograr la paz
- A Igreja, o nazismo e a violência
- A democracia israelense investiga denúncias de crimes. E o terror? (Reinaldo Azvedo)
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