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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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domingo, 12 de abril de 2009

Exército de Israel combate evasão feminina

O Globo, Mundo, pág.32, em 12/04/2009.


Exército de Israel combate evasão feminina

Detetives espionam jovens que alegam motivos religiosos para burlar serviço militar. Mais de 500 já foram flagradas


Renata Malkes

Especial para O GLOBO


JERUSALÉM. Nada de Hamas, Irã ou Hezbollah. O Exército de Israel abriu uma nova frente de combate contra um inimigo não menos perigoso: a evasão feminina do serviço militar por questões religiosas.


Temendo o aumento do número de moças que alegam cumprirem as leis do judaísmo ortodoxo — como respeitar o Shabat, o dia de descanso, e levar um estilo de vida modesto — o Exército contratou detetives particulares para espionar as jovens e ter certeza de que as declarações de religiosidade são verdadeiras.


Segundo o Departamento de Recursos Humanos das Forças Armadas de Israel, pelo menos 8% das meninas que se recusam a servir alegando questões religiosas mentem.


Desde novembro passado pelo menos 524 foram flagradas.


A maioria admitiu a mentira e teve de aceitar a convocação para o serviço integral, de dois anos de duração.


Estratagema irrita jovens realmente religiosas

Tradicionalmente, as alegações de religiosidade eram as maneiras mais fáceis de escapar do rígido serviço militar. A jovem R., de 19 anos, é uma das que foram apanhadas pelos detetives no fim do ano passado.


Moradora de Modiin, próximo a Jerusalém, ela mentiu e declarou ser uma judia observante para conseguir um emprego de vendedora numa boutique de Tel Aviv. Seus planos eram juntar dinheiro e viajar como mochileira pela América do Sul. Mas, há quatro meses, quando o telefone de sua casa tocou e ela foi convocada para mais uma entrevista no centro de recrutamento, entendeu que havia alguma coisa errada. R. disse ter perdido a voz quando viu fotos suas fumando num bar de Tel Aviv numa noite de sexta-feira.


— Não sabia o que dizer. Fui seguida e vigiada sem sentir.


Jamais imaginaria que isso pudesse acontecer: um detetive atrás de jovens nas noitadas do fim de semana? Parece loucura, me senti como num “Big Brother”, mas não pude fazer nada, além de contar a verdade e entrar para o Exército — queixa-se R., hoje já soldado.


— Sei que muitas não querem servir por motivos políticos, mas eu não queria porque, em geral, as meninas não fazem nada de especial, além de trabalhos burocráticos. Por que perder dois anos no Exército se posso estudar ou ter um trabalho remunerado? Desde novembro, sete escritórios de espionagem foram contratados para seguir as moças, sobretudo nos finais de semana.


Se flagradas saindo para festas e boates, dirigindo ou encontrandose com namorados, o Exército as convoca para uma reapresentação ao centro de recrutamento, seguro de que foi enganado, já que jovens religiosas não viajam de carro no Shabat, nem fumam, usam energia elétrica ou mesmo têm relacionamentos antes do casamento.


Segundo o general Avi Zamir, chefe do Departamento de Recursos Humanos do Exército, é a primeira vez que a medida drástica é tomada, já que as Forças Armadas não podem dispensar novos oficiais, principalmente devido à preocupação com a queda do número de imigrantes e com as taxas de natalidade cada vez mais baixas entre a população judia do país.


— Precisamos dessas meninas.


Basta apenas um fim de semana de investigações para descobrir a verdade. Vamos pôr fim à farsa da religiosidade — disse o general, lembrando que a evasão militar é crime passível de prisão.


O jeitinho das israelenses irritou as jovens verdadeiramente religiosas, isentas do recrutamento.


Elas podem optar por serem voluntárias no Serviço Nacional e fazer trabalhos comunitários em vez de se tornarem militares, mas há relatos de que o Exército vem dificultando a aceitação de declarações de religiosidade. Em Jerusalém, a estudante de um seminário para moças, Tzurit Shmuel, de 17 anos, contou ter sido vítima de agressões verbais quando foi se alistar e entregou a carta do rabino.


— Ela me perguntava com desdém sobre minha religiosidade e dizia que não havia nenhum problema em ser uma religiosa no Exército. Aguentei calada todo tipo de insinuações maldosas, mas no fim, a oficial aceitou meus documentos. O rabino da minha comunidade disse que as moças não devem estar no Exército entre os homens e eu acho a decisão correta.


Infelizmente há pessoas mentindo, comprometendo a idoneidade de judeus que vivem de acordo com as leis da Torá — reclama.


Em 2012, 45,7% das mulheres não se alistarão

Apesar de haver hoje mulheres em posições de combate, como pilotos, enfermeiras de guerra e até mesmo em unidades de artilharia, muitas jovens ainda preferem passar longe das fileiras militares. As estatísticas mostram que no ano passado, 44% das jovens israelenses foram isentas do serviço, sendo que 34,6% alegaram motivos religiosos. A previsão é que em 2012, pelo menos 45,7% das jovens deixem de se alistar. Diante da polêmica, muitas saem em defesa da experiência militar, alegando que somente a participação no Exército permite a integração total à sociedade israelense.



G1 (12/04/2009)


Uol Internaiocnal / Mídia Global (12/04/2009)


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