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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Visita do iraniano vira preocupação para governo Lula

O Globo, Mundo, pág.23, em 22/04/2009.



O Globo, Mundo, pág.24, em 22/04/2009.


ONU aprova resolução unânime sobre racismo

Declaração adotada em tempo recorde faz menção ao Holocausto, motivo de polêmica com o Irã na véspera


Deborah Berlinck


GENEBRA. Mais de 150 países que participaram da Conferência sobre o Racismo da ONU aprovaram ontem por unanimidade e em tempo recorde mdash; quatro dias antes do fim da reunião — uma declaração final de combate ao racismo que, entre outros pontos, diz que “o Holocausto jamais deve ser esquecido”.


O texto, aprovado, paradoxalmente, também pelo Irã, foi considerado pela ONU como “uma resposta” ao violento discurso do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.


Anteontem, como único chefe de Estado presente à conferência, Ahmadinejad detonou uma crise ao usar o encontro como plataforma para chamar Israel de racista, criticar os Estados Unidos, o Ocidente e chamar todos de ignorantes — o que provocou a saída da reunião de cerca de 40 diplomatas ocidentais em protesto. EUA, Israel e outros sete países, entre eles Alemanha, Holanda e Itália, já haviam abandonado a conferência.


Presidente iraniano mudou discurso no último minuto

Ontem ficou claro que o líder do Irã — que no passado chegou a defender a retirada do Estado de Israel “do mapa” — fez uma mudança na última hora.


No discurso distribuído pela missão diplomática do Irã, Ahmadinejad lançava abertamente dúvidas sobre o Holocausto na parte em que falava do “pretexto do sofrimento dos judeus e a questão ambígua e duvidosa do Holocausto”. No discurso lido, no lugar de “ambíguo e duvidoso” o presidente iraniano disse “abuso na questão do Holocausto”.


A ONU e a missão diplomática do Irã não quiseram comentar as razões da mudança.


Mas assessores da ONU disseram que, antes do discurso, Ahmadinejad teve o seu mais longo encontro — 75 minutos —com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ele teria lembrado ao iraniano que a ONU aprovou várias resoluções “que eliminam a equação de sionismo com racismo e reafirmam os fatos históricos do Holocausto”.


Ministro brasileiro condena declaração de Ahmadinejad

Ontem, o ministro brasileiro da Igualdade Racial, Edson Santos, que estava na sala durante o discurso do presidente do Irã, condenou duramente Ahmadinejad em entrevista à imprensa do país.


— Queria frisar e deixar clara a posição da delegação brasileira de condenação veemente da postura do presidente (iraniano) aqui, que não condiz com o ambiente da conferência — disse.


Santos lembrou que o ambiente da conferência “é exatamente para tratar da tolerância” e queixou-se que Ahmadinejad tenha ultrapassado os limites: — Ele esteve aqui com um discurso agressivo, de intolerância, que não reconhece fatos históricos condenados pela Humanidade, a saber, o Holocausto.


Santos, ao mesmo tempo, voltou a condenar o boicote à conferência por parte de Israel, Estados Unidos e outros países. O documento, segundo ele, “não faz menção agressiva ao Estado de Israel”. Portanto, para o ministro, “seria perfeitamente possível que a delegação americana, assim como a de Israel, subscrevesse esse documento que condena o racismo e a segregação racial no mundo”.


— Acho inconcebível a postura intransigente e intolerante de determinados países evidentemente liderados por Israel e Estados Unidos — declarou.



Visita do iraniano vira preocupação para governo Lula

Itamaraty divulga nota criticando a fala de Ahmadinejad


Eliane Oliveira


BRASÍLIA. Marcada para o próximo dia 6, a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil tem tudo para se transformar numa saia-justa para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os acordos bilaterais de cooperação que estavam sendo elaborados e o esperado pedido de apoio de Ahmadinejad a seu novo programa nuclear poderão dar lugar a um clima de constrangimento, com Lula expressando seu descontentamento em relação ao discurso proferido pelo líder iraniano na última segunda-feira, durante a Conferência de Revisão de Durban sobre Discriminação Racial, realizada em Genebra.


A preocupação do governo brasileiro ficou clara, ontem, em nota divulgada pelo Itamaraty.


O Ministério das Relações Exteriores defendeu o engajamento de todos os países no diálogo internacional e avaliou que as declarações de Ahmadinejad, que provocaram protestos e a retirada coletiva dos representantes da União Europeia, “diminui a importância de acontecimentos trágicos, como o Holocausto”. Essa avaliação, disse o Itamaraty em seu comunicado, será reiterada pessoalmente por Lula ao presidente do Irã.

“O governo brasileiro considera que manifestações dessa natureza prejudicam o clima de diálogo e entendimento necessário ao tratamento internacional da questão da discriminação”, diz um trecho da nota.


Discurso em Genebra foi um balde de água fria

Os ataques dirigidos a Israel causaram desconforto não apenas entre os organizadores da reunião. Dentro do governo brasileiro, passou-se o mesmo. Segundo fontes do Itamaraty, as recentes tentativas de reaproximação entre Irã e Estados Unidos, verificadas em declarações amistosas dos presidentes Ahmadinejad e Barack Obama, animaram a área diplomática brasileira.


O discurso de Genebra, classificou um alto funcionário do Itamaraty, funcionou como um balde de água fria.

Altos funcionários do governo brasileiro comentaram que o discurso de Ahmadinejad causou péssima impressão em Brasília.


O presidente brasileiro teria ficado irritado com as declarações e se prepara uma conversa dura com seu colega iraniano.


Dirá que o Brasil, tradicionalmente um país com pessoas de raças e crenças diferentes, que convivem em paz, sempre foi contra a discriminação e se pautou pela defesa do diálogo.


De acordo com uma fonte, também foi um erro a retirada da União Europeia. Essa atitude ajudou a caracterizar um quadro de polarização. Momentos antes do discurso, revelou esse alto funcionário, a delegação brasileira havia pedido moderação a Ahmadinejad em seu discurso.


Foi esta a razão pela qual os delegados do Brasil não se manifestaram.



FSP (22/04/2009)


Brasil condena discurso de Ahmadinejad

A duas semanas da visita de iraniano a Brasília, embaixadora levará crítica ao plenário de conferência contra racismo da ONU


Confederação Israelita pede cancelamento da viagem; ONU diz que presidente do Irã alterou trecho que questionava o Holocausto


MARCELO NINIO

DE GENEBRA


O Brasil condenará hoje no plenário da Conferência contra o Racismo da ONU as declarações feitas no mesmo fórum pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que deram um tom de polêmica e confronto à abertura do encontro.


As críticas ocorrem a duas semanas da visita que Ahmadinejad fará ao Brasil, em 6 de maio, onde o tema deverá fazer parte do encontro com o presidente Lula. Na segunda, Ahmadinejad usou o plenário, em Genebra, para fazer duros ataques a Israel, que acusou de racismo, e provocou uma debandada de diplomatas europeus.


Ontem, a ONU tentou salvar a conferência, anunciando a aprovação por consenso do documento final. Mas a saída da República Tcheca, que se juntou a outros oito países que decidiram boicotar o encontro, manteve o ambiente tenso. Além disso, houve novos protestos contra o Irã.


"Intolerância"
A delegação brasileira não se retirou, mas ontem deixou claro seu desagrado, especialmente em relação ao questionamento do Holocausto. "Queria frisar e deixar clara a posição da delegação brasileira, de condenação veemente da postura do presidente, que não condiz com o ambiente da conferência", disse o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos. "Ele esteve aqui com um discurso agressivo, de intolerância, que não reconhece fatos históricos condenados pela humanidade, a saber, o Holocausto."


Num trecho do discurso distribuído pela diplomacia iraniana, Ahmadinejad diz que Israel foi criado "sob o pretexto dos sofrimentos judeus e da ambígua e dúbia questão do Holocausto". Ontem, a ONU buscou diluir a polêmica, afirmando que Ahmadinejad mudou o trecho ao discursar e disse "sob o pretexto dos sofrimentos judeus e o abuso da questão do Holocausto".


Nota do Itamaraty condenou o discurso de Ahmadinejad, afirmando que "manifestações dessa natureza prejudicam o clima de diálogo e entendimento necessário ao tratamento internacional da questão da discriminação".


A mensagem será reiterada hoje no discurso da embaixadora do Brasil no escritório da ONU em Genebra, Maria Nazareth Farani de Azevêdo.


O ministro Edson Santos disse que os interesses do Brasil na relação com o Irã não deverão inibir o presidente Lula de repetir as críticas no encontro com Ahmadinejad. "Embora haja colaboração em outros campos da economia, isso não impede o governo brasileiro de colocar a discordância com a orientação política e ideológica do governo do Irã."


Ontem, a Confederação Israelita do Brasil cobrou de Lula que "não permita que o presidente do Irã acredite ter um aliado em Brasília". "Repudiamos a eventual presença de Ahmadinejad no solo de um país como o nosso, democrático e hospitaleiro, que acolheu tantos sobreviventes do Holocausto", diz nota da entidade.

Consenso
A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, comemorou ontem a aprovação do documento final da conferência por consenso. Ele foi assinado por todos os 192 membros da ONU, com exceção dos nove que boicotaram a reunião: Israel, Estados Unidos, Austrália, Itália, Canadá, Alemanha, Nova Zelândia, Polônia e República Tcheca.


Apesar de os trechos mais polêmicos terem sido retirados, como as referências ao conflito no Oriente Médio e o conceito de "difamação de religiões", esses países decidiram ficar de fora porque o documento reafirma as resoluções da conferência contra o racismo de Durban que consideram injusta em relação a Israel.


Brasileiro bahá'í faz cobrança a diplomata do Irã


DE GENEBRA


Em meio aos desencontros causados pela passagem do presidente iraniano em Genebra, um encontro nos bastidores da conferência fez um brasileiro constranger o regime islâmico de Teerã.


Nomeado para fazer o relatório final do encontro por indicação do Brasil, o carioca Iradj Roberto Eghrari tomou a iniciativa de abordar o embaixador do Irã em Genebra, eleito como um dos vice-presidentes do principal comitê da conferência.


Iradj é filho de iranianos da fé bahá'í, que se mudaram para o Rio de Janeiro na década de 50 para fugir da perseguição aos praticantes de sua crença. Hoje ele é um dos dirigentes da Comunidade Bahá'í no Brasil.


A primeira surpresa do embaixador Razavi Khorasan veio quando Iradj propôs que a conversa fosse em farsi. Após olhar o nome na credencial do brasileiro, o diplomata quis saber em que ano seus pais haviam imigrado. Segundo Iradj, o diplomata entendeu qual era sua origem quando ele respondeu 1955, "o auge da perseguição aos bahá'í".


Em seguida, o embaixador quis saber se o brasileiro ainda tem parentes no Irã. Iradj disse que não: "Estão todos mortos ou fugiram". Segundo o brasileiro, cerca de 20 mil bahá'ís foram mortos no século passado. A perseguição continuou após a Revolução Islâmica de 1979.


O brasileiro disse que não quis manter o constrangimento e mudou de assunto. "Estamos em trincheiras opostas, mas aquele não era o momento de confronto." (MN)



UOL Internacional / Mídia Global (22/04/2009)


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22/04/2009


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