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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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domingo, 25 de abril de 2010

"Bomba demográfica" ameaça Israel, 62

FSP (25/04/2010)

"Bomba demográfica" ameaça Israel, 62


À época de sua criação no pós-Guerra, país, que celebrou aniversário na semana passada, tinha um décimo da população atual


Se mantida ocupação de territórios palestinos, em uma década judeus deverão ser minoria na região que hoje é controlada por eles


MARCELO NINIO

DE JERUSALÉM


Israel celebrou na semana passada 62 anos de independência com uma população dez vezes maior do que quando foi criado, mas sem respostas para dilemas demográficos que devem moldar o caráter do Estado judaico nos próximos anos.


O primeiro e mais antigo se refere ao chamado "conflito demográfico". Especificamente, à previsão de que, dentro de uma década, os judeus serão minoria no território controlado por Israel, se mantida a ocupação dos territórios palestinos.


Outro dilema emerge e tem sido motivo de crescente preocupação no governo: quase metade das crianças israelenses matriculadas neste ano letivo é de famílias árabes ou judaicas ultraortodoxas. São populações com representação mínima na economia e nenhuma contribuição na defesa do país.


Israel tem 7,58 milhões de habitantes, quase dez vezes os 806 mil de 1948, o ano da independência, segundo disse o governo dias atrás. Do total, 5,7 milhões são judeus, ou 75,5% da população. Pouco mais de 1,5 milhão é árabe, ou 20,4%. O restante é formado por imigrantes que não foram registrados como judeus. Na comparação com o ano anterior, não há grandes mudanças.


Mas estatísticas mais detalhadas indicam que as preocupações demográficas não se limitam ao conflito árabe-israelense. Na abertura do atual ano letivo, em setembro de 2009, 48% dos estudantes do ensino elementar em Israel foram matriculados em escolas judaicas ultraortodoxas ou árabes. Em 2000, a proporção era de 39%.


Para muitos, isso significa que logo a sociedade será diferente: a porção judaica secular que fundou o país será minoria, e os alicerces da defesa e da economia estarão ameaçados.


Árabes israelenses e judeus ultraortodoxos são isentos do serviço militar. Ambos têm menor presença no mercado de trabalho. À medida que seu peso na sociedade cresce, conforme observou o articulista Aluf Benn, no jornal "Haaretz", Israel enfrenta o risco iminente de uma "implosão" econômica e de segurança. "A sobrevivência do Estado judaico no longo prazo depende de sua capacidade de reverter a tendência de não participação de seus cidadãos ultraortodoxos e árabes", argumenta Benn.


Embora lidere uma coalizão com partidos ultraortodoxos, o premiê Binyamin Netanyahu reconhece o problema. Ele escalou um de seus principais assessores para estudar formas de desarmar o que Benn chama de "bomba-relógio social".


O desafio é mudar a tradição que mantém mulheres árabes e judeus ultraortodoxos longe do mercado de trabalho. No primeiro caso por pressão social e/ou falta de oportunidades; no segundo, porque, para os ultraortodoxos, a prioridade são os estudos religiosos.


De volta ao conflito, mantém-se o outro dilema: com as altas taxas de natalidade da população árabe, a estimativa é que até 2020 os judeus sejam minoria na faixa de terra do rio Jordão ao mar Mediterrâneo.


Previsões indicam que só é possível manter um Estado judaico e democrático com uma solução para a ocupação da Cisjordânia, onde vivem 2 milhões de palestinos. Foi o que moveu a retirada unilateral da faixa de Gaza, em 2005.

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