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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Cardeal Saraiva: suposto silêncio de Pio XII sobre nazismo não é verdade

Cardeal Saraiva: suposto silêncio de Pio XII sobre nazismo não é verdade

Sua causa de beatificação não está suspensa

Por Marta Lago


CIDADE DO VATICANO, 18 de fevereiro de 2008 (ZENIT.org).- Não responde à verdade histórica falar de um silêncio de Pio XII com relação ao nazismo, adverte o prefeito da Congregação vaticana para as Causas dos Santos.

No marco da apresentação da Instrução – do dicastério – «Sanctorum Mater» [sobre a fase diocesana das causas de beatificação e canonização], o cardeal José Saraiva Martins respondeu sobre o andamento de algumas causas, entre elas a de Pio XII.

A causa do Papa Eugenio Pacelli «nem foi adiada nem muito menos está suspensa», confirmou o purpurado nesta segunda-feira à mídia internacional na Sala de Imprensa da Santa Sé.

Em todo lugar, este ano acontece o cinqüentenário do falecimento do então pontífice, uma «ocasião de ouro» para «promover certas iniciativas que levem a um conhecimento cada vez mais perfeito do Papa Pio XII», explicou.

Entre as anteriores, mencionou um congresso – «que aprofunde bem em sua figura e espiritualidade» – e uma exposição sobre seu pontificado; também «uma comissão está estudando e aprofundando cada vez mais no pontificado de Eugenio Pacelli».

Para quem afirma, como suposto obstáculo à causa, que Pio XII «é famoso por seu silêncio» porque «não condenou o nazismo», o cardeal Saraiva declarou: «Isso não é verdade historicamente. Mais que de silêncio, eu falaria de prudência».

«Desejo confirmar minha afirmação. Eu traduziria silêncio por prudência. Não houve silêncio. Quando se publica a encíclica Summi pontificati,Goebbels, número dois do nazismo, escreveu em seu diário: ‘Saiu esta encíclica e o Papa foi muito duro contra nós’. Pelo que se vê, era um silêncio pouco silencioso», remarcou o prefeito do dicastério para as Causas dos Santos.

Igualmente, citou o próprio Pio XII, que [em 2 de junho de 1943, por ocasião da festividade de Santo Eugenio, N. da R.] publicamente expressou que toda palavra que dirigisse – para mitigar o sofrimento do povo judeu, melhorar suas condições morais e jurídicas, etc – «às autoridades competentes e toda alusão pública» devia ser ponderada e medida seriamente «em interesse dos que estavam sofrendo, para não tornar, sem querer, mais grave e insuportável sua situação».

«Com um testemunho acima de toda suspeita», o cardeal Saraiva quis confirmar o que expôs, oferecendo as palavras de Robert Kempner, magistrado judeu e fiscal no Julgamento de Nuremberg.

Disse o purpurado: «Escreveu [Kempner] em janeiro de 1964 – após a saída de ‘O Vigário’ de Hochhuth [drama que difunde o equívoco de Pio XII como figura passiva, covarde e anti-semita, N. da R.]: ‘Qualquer tomada de posição propagandista da Igreja contra o governo de Hitler teria sido não somente um suicídio premeditado, mas teria acelerado o assassinato de um número muito maior de judeus e sacerdotes’».

O cardeal Saraiva lamentou as posturas críticas com relação a Pio XII, atitudes «que surgiram depois da publicação de ‘O Vigário’».

Quando acabou a guerra, «foram muitos os judeus que foram ao Vaticano para agradecer ao Papa Pacelli o que ele havia feito pro eles. Esta é a história», afirmou.


Cardeal Saraiva: suposto silêncio de Pio XII sobre nazismo não é verdade

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