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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sexta-feira, 9 de maio de 2008

Árabe-israelenses, indesejados, questionam base do Estado

ETHAN BRONNER
DO NEW YORK TIMES, EM JERUSALÉM

Mais integrados do que jamais em sua história, e em melhor situação econômica, vivendo em liberdade maior que a imensa maioria dos outros árabes, mesmo assim os 1,3 milhão de cidadãos árabe-israelenses, ou 20% da população do país, vivem em situação econômica muito inferior à dos judeus israelenses e sentem-se cada vez mais indesejados.

Para a maioria dos israelenses, a identidade judaica é um elemento fundamental da nação.

Mas os árabe-israelenses dizem que é necessário uma nova identidade para que seja assegurada a sobrevivência de longo prazo do país.

"Não sou judeu", protestou Eman Kassem-Sliman, radialista árabe que fala hebraico impecável e cujos filhos estudam numa escola predominantemente judaica em Jerusalém. "Como posso fazer parte de um Estado judaico? Se definem Israel como Estado judaico, negam que eu vivo aqui."

O conflito entre o legado da maioria da população e as esperanças da minoria não é um simples atrito. Esquerda e direita em Israel cada vez mais vêem os árabe-israelenses como um dos desafios principais para o futuro do país.

A maioria diz que, embora o fim de sua identidade judaica significaria o fim de Israel, o fracasso em fazer com que seus cidadãos árabes sintam-se parte do país é perigoso, na medida em que os árabes defendem a idéia de que, apesar de seus 60 anos de vida, Israel não passa de um fenômeno transitório.

"Quero convencer o povo judaico de que ter um Estado judaico é negativo para eles", disse Abir Kopty, defensor dos árabe-israelenses.

A terra é uma questão especialmente polêmica. Em toda Israel, especialmente no norte do país, encontram-se resquícios de dezenas de vilarejos palestinos parcialmente desocupados -cicatrizes na paisagem, recordações do conflito do qual nasceu o país, em 1948.

Mas alguns dos habitantes originais desses vilarejos e seus descendentes, todos cidadãos árabe-israelenses, vivem em cidades superlotadas, e são proibidos de voltar a viver em seus locais de origem, enquanto as comunidades judaicas são incentivadas a se expandir.

"Terra é presença", observou Clinton Bailey, acadêmico israelense. "O país não é tão grande assim. A terra que for cedida a árabes não poderá mais ser usada para os judeus que ainda podem vir para cá."

Um Estado palestino é visto como potencial solução das tensões com os palestinos da faixa de Gaza e da Cisjordânia, mas qualquer conflito profundo com os cidadãos árabes de Israel pode acabar sendo muito mais complexo.

Os antagonismos andam em mão dupla. Muitos árabe-israelenses expressam solidariedade com seus irmãos palestinos que vivem sob ocupação, enquanto vários rabinos de direita lançaram editos proibindo judeus de alugar apartamentos a árabes ou dar emprego a eles.

Tradução de CLARA ALLAIN

Extraído de:
FSP, em 09/05/2008.

Veja ainda:
60 anos de Estado de Israel: os árabes israelenses ainda sentem-se indesejados

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