Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

Perfil

Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

Translate

Seguidores

sábado, 31 de janeiro de 2009

Israel x Gaza x Oriente Médio (227) .... A difícil arte de ser neutro na guerra

Verdes Mares / Globo.com (29/01/2009)

  • Embaixador diz que Israel quer mostrar sua democracia para o mundo: O frágil cessar-fogo na Faixa de Gaza entre o Hamas e Israel não equivale a um cessar fogo na propaganda “de guerra” adotada por Israel com a proximidade das eleições para primeiro-ministro. Após uma guerra marcada pela morte de civis, pelo ataque a alvos das Organizações das Nações Unidas (ONU) e pela morte de crianças, é importante, na avaliação do embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher, mostrar ao mundo que “há democracia em Israel”.


Estadão (31/01/2009)


FSP (31/01/2009)


Diálogo entre EUA e Irã desagrada Israel


Presidente Shimon Peres diz em Davos não crer em negociação com "fanáticos religiosos", que acusa de estimular terror


Israelense também não aceita negociar com Hamas e diz que dá por encerrado incidente da véspera com o primeiro-ministro turco


CLÓVIS ROSSI

ENVIADO ESPECIAL A DAVOS


O presidente de Israel, Shimon Peres, não escondeu seu desconforto com a perspectiva de que os EUA iniciem um diálogo direto com o Irã. "Não temos nada contra o povo iraniano, e sim contra fanáticos religiosos que querem controlar toda a região", disse Peres ontem em entrevista a um pequeno grupo de jornalistas. Como o diálogo não será com "o povo iraniano", mas com o governo que Israel considera dominado por "fanáticos religiosos", o desconforto fica explícito.


Explícito e explicável: para Peres -e para a maioria dos analistas independentes- o Irã é o padrinho de dois grupos fundamentalistas cuja principal pauta é a destruição do Estado judeu. São o Hizbollah (Partido de Deus), que opera no Líbano, e o Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), que controla Gaza.


Se essa análise é correta, um diálogo direto entre os EUA e o Irã se refletiria no Líbano e em Gaza, os dois pontos negros, no momento, para a segurança de Israel. "O Irã financia, arma e estimula esses dois grupos a utilizarem o terrorismo", diz Peres, para apontar para o que considera inimigo principal.


Peres deu por encerrado o incidente da véspera com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, que abandonou Davos depois de um bate-boca com ele. O presidente israelense telefonou depois para Erdogan e, segundo contou, disse-lhe esperar que um incidente pessoal não interfira nas (boas) relações entre Israel e Turquia, que Peres aponta como "uma escolha melhor para o mundo árabe do que o Irã -"mais avançada, menos fanática e que não quer a bomba [atômica]".


O presidente israelense reclamou também do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que, no debate da véspera, criticara o ataque de Israel ao escritório da ONU em Gaza. "Poderia ter sido mais polido", diz.


O presidente de Israel discorda da visão que predomina na mídia ocidental, segundo a qual Israel perdeu a batalha de imagem com a invasão de Gaza e, portanto, teria ficado isolado -de que o incidente com Erdogan seria um reflexo.


Peres, ao contrário, prefere contar que Israel recebeu, privadamente, pedidos de líderes árabes para que resolvesse o problema do Hamas. A Folha perguntou quais países, mas Peres escapou: "Mesmo que eu lhe dissesse reservadamente, você publicaria".


O presidente israelense faz todo o esforço para demonstrar que nem Israel nem ele têm restrições aos palestinos. Lembrou, por exemplo, que, em certa ocasião, foi ao Parlamento sueco com o então líder Iasser Arafat (1929-2004) pedir recursos para os palestinos.


Hamas e OLP

Peres insiste também na tremenda complexidade da questão israelo-palestina, "pelos 2.000 anos de história, pelas religiões [que têm locais sagrados na região] e pelas emoções" que o tema desperta. Tanto é assim que todas as sessões sobre Oriente Médio realizadas em Davos tiveram lotação completa, mesmo em meio a uma crise econômica, que é o tema preferido para os empresários, a clientela de Davos.


A Folha lembrou a Peres, 85 anos, que ele era do tempo em que Israel considerava a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) e Arafat, seu líder máximo, como "terroristas", o que não impediu a negociação que desaguou nos Acordos de Oslo, o ponto mais próximo da paz a que se chegou.


"Seria possível imaginar ainda no seu tempo de vida idêntica negociação com o Hamas?"


Peres preferiu contar a história de uma reunião da Internacional Socialista, da qual era vice-presidente como representante do Partido Trabalhista israelense, em que foi apresentada moção para que a OLP fosse aceita na Internacional. Peres foi o único a se opor, e disse que, em vez de pressioná-lo a aceitar a OLP, deveriam pressionar Arafat para que mudasse a carta de fundação da OLP que, como hoje a do Hamas, pregava a destruição de Israel.


Foi o que fez a Internacional Socialista com êxito. Por isso, Peres sugere que a comunidade internacional pressione o Hamas a mudar: "Eles têm que mudar, para o benefício de suas próprias crianças".


Opressão e resistência mantêm poder do Hamas


Grupo intimida opositores e críticos, mas ao mesmo tempo é visto por palestinos de Gaza como seu defensor ante Israel


RAPHAEL GOMIDE

ENVIADO ESPECIAL À FAIXA DE GAZA


Treze dias após a trégua com Israel, o grupo extremista islâmico Hamas mantém-se no poder e no controle da faixa de Gaza com as mesmas armas usadas antes da ofensiva militar israelense: discurso religioso e anti-israelense, opressão violenta a opiniões divergentes e assistencialismo.


Com a maior parte das instalações do governo destruídas, o Hamas improvisa a gestão nos prédios públicos que restaram. O Hospital Shifa, o maior da faixa de Gaza, tem servido como gabinete provisório para o vice-ministro da Saúde do Hamas, Basim Naym, e sua equipe direta. Como outras autoridades graduadas do grupo, Naym tem aparecido pouco em público, temendo ser alvo de Israel.


O ressentimento atávico dos palestinos com Israel, agravado pelas mais de 1.300 mortes e a destruição que ficaram de saldo dos 22 dias da ofensiva israelense, alimenta a visão aparentemente predominante de que o Hamas, vencedor das eleições legislativas palestinas de 2006, é a "resistência" organizada para defender Gaza. A ação de Israel teve como objetivo declarado enfraquecer o governo do grupo, e como justificativa, os disparos de foguetes pelos extremistas contra seu território nos últimos oito anos.


Ontem, o Hamas promoveu um comício em Gaza que reuniu mais de 5.000 pessoas e marcou a primeira aparição pública, após a ofensiva, de Khalil al Hayeh. O legislador, um dos líderes do grupo em Gaza, declarou vitória ante Israel no conflito. "Dizemos com orgulho que Gaza venceu a guerra, a resistência venceu a guerra, e o Hamas venceu a guerra."


Repressão
Mas, se existe a percepção de que o Hamas representa a resistência legítima, por outro lado a violenta repressão a vozes contrárias ao grupo cala uma oposição tensa e impotente.


Vítimas relataram à Folha casos de tortura, de baleados nas pernas por criticarem o governo e de assassinatos. "O Hamas não é só um partido, é uma religião. Eles usam palavras do Corão, e somos um povo religioso", diz o comerciante Bassam Diazada, crítico do grupo.


Durante a guerra, temendo um golpe interno, o Hamas enviou emissários a pessoas ligadas ao Fatah - o partido laico, encabeçado pelo presidente Mahmoud Abbas, domina a Autoridade Nacional Palestina e rompeu com o rival islâmico em junho de 2007 após disputas sobre as forças de segurança e a formação do gabinete.


Um comerciante contou que homens armados o visitaram e determinaram que não saísse de casa. Para enfatizar a intimidação, atiraram nos pneus de seu carro.


A opressão nem sempre é visível ao estrangeiro, mas, como em favelas brasileiras dominadas pelo tráfico, prepondera a lei do silêncio em Gaza. Diante de uma população desconfiada e traumatizada pela guerra, é preciso recorrer a laços familiares para obter depoimentos críticos ao Hamas.


As perguntas e respostas sobre os extremistas são sempre em voz baixa. Quando um estranho se aproxima, para-se de falar. "Não falo de política com os fregueses. É muito perigoso discordar publicamente do Hamas. Corre-se risco de morte ou de levar tiros nas pernas, ter a loja fuzilada ou destruída. E ainda escrevem na loja: traidor, como se fosse a favor de Israel", contou Ibrahim Dia, dono de uma sapataria. Um amigo lhe mostrou as marcas das pancadas e queimaduras nas costas.


Polícia nas ruas

O palestino comum, sem filiação partidária, tem sentimentos conflitantes. Uma coisa, porém, é unânime: a repulsa a Israel, considerado culpado da guerra, mesmo por moderados e integrantes do Fatah.


Diferentemente dos governos de Israel e dos EUA, a maioria dos palestinos não vê o Hamas como "terrorista" -e até se surpreende com a pergunta-, mas como "nacionalista".


Nas ruas, a presença do Estado volta aos poucos, na forma de policiais civis, desarmados, controlando o trânsito e policiais militares, armados com fuzis AK-47. Eventualmente, homens de negro portando fuzis circulam em bairros da capital e cidades vizinhas a Gaza.


Vez por outra, irrompe uma rajada de tiros à distância, sem provocar reação dos passantes.


Nesta semana, o hospital centralizou os pedidos de indenização a parentes de mortos, feridos e por casas destruídas, atraindo grande movimento. Na falta de estrutura e de papel timbrado, qualquer pedaço de papel servia de autorização, mediante carimbo e a assinatura de um membro do gabinete.


O Hamas dá 500 a feridos, 1.000 aos parentes de mortos (a quem só se referem como "mártires"), 2.000 por casa parcialmente danificada e 4.000 para as completamente destruídas.


"É o que o governo pode oferecer agora. Mas investigamos se foram feridos no ataque mesmo", diz Samy Hassan, autoridade do ministério.



JB (31/01/2009)

  • Líder do Hamas declara vitória - Pág. 20: Mitchell antecipa mais retrocessos e Obama autoriza envio de US$ 20 milhões em ajuda. Mais de 5 mil pessoas se reuniram ontem em Gaza para ver o principal líder do grupo militante Hamas declarar vitória no confronto de 23 dias com Israel, que deixou 1.300 palestinos mortos, a maioria civis, e cerca de 5 mil feridos. Treze israelenses também morreram nos confrontos.
  • Gaza e Manágua na mira da União Européia - Pág. 21: No dia 18 de dezembro o Parlamento Europeu (PE) aprovava uma resolução denominada Os ataque contra os defensores dos direitos humanos, das liberdades públicas e da democracias na Nicarágua, que foi aprovada pelo grupo Popular, o Liberal, Europa das Nações e também pelos "socialistas". Contra votaram Esquerda Unitária e os Verdes. (...)É assim que a classe política européia em geral tem feito autênticas manobras para tentar colocar à mesma altura a agressão israelense e a defesa palestina. Aqueles que negaram a ajuda humanitária à Nicarágua sem piedade alguma, não se atreveram a enfrentar Israel. Os acontecimentos em Gaza e Manágua são também um claro aviso para países como Venezuela, Bolívia, Cuba, Equador, El Salvador, Argentina, Irã, Paraguai etc, de que os EUA e a UE, sempre que preciso, estarão dispostos a apoiar qualquer variante desestabilizadora ou se calar ante qualquer ataque armado por mais absurdo que seja. Para "esmagar uma mosca", congelaram a ajuda humanitária e não respeitaram a soberania de um país. Por uma agressão criminal, se calarão enquanto brindam por um melhor ano.



Veja mais:

30/01/2009


Nenhum comentário: