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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Israel x Gaza x Oriente Médio (300) .... Corrida por alianças em Israel

O Globo, Mundo, página 26, em 12/02/2009.



Corrida por alianças em Israel

Resultado apertado leva Livni e Netanyahu a cortejarem ultranacionalista para formar governo


Renata Malkes

Especial para O GLOBO• JERUSALÉM


Diante do impasse gerado pelo resultado apertado nas eleições parlamentares em Israel, o apoio de Avigdor Lieberman, líder do ultranacionalista Israel Beiteinu, partido que chegou em terceiro lugar, está sendo disputado por ambos os lados que tentam montar uma coalizão para governar. Tanto a chanceler Tzipi Livni, do Kadima, que elegeu 28 deputados, como Benjamin Netanyahu, do Likud, que chegou logo atrás, com 27 cadeiras, se reuniram ontem com Lieberman, em busca de uma aliança que pode ser decisiva.


O Israel Beiteinu terá 15 representantes na Knesset, o Parlamento. Os resultados finais do pleito mostram a direita nacionalista emergindo com 65 das 120 cadeiras, enquanto o bloco de centro-esquerda conquistou 55.


Livni e Netanyahu correm contra o tempo para conseguir as alianças necessárias.


Na semana que vem, o presidente Shimon Peres ouvirá as recomendações dos 12 partidos eleitos e decidirá quem é o líder com mais chances de montar um novo governo.


Livni reuniu-se ontem com Lieberman, mas, evasivo, o líder do Israel Beiteinu não fez qualquer promessa de aderir a um governo liderado pelo Kadima. Ele já fez parte do governo de Ehud Olmert e renunciou em protesto contra as negociações de paz com os palestinos.


Muitos acreditam que as diferenças ideológicas tornarão impossível uma união de forças com Livni.


— Nosso coração tende à direita. Nós é que vamos definir a agenda, mas todas as opções estão abertas. Vamos analisar e tentar formar um governo o mais rapidamente possível. A política israelense está paralisada há seis meses — disse Lieberman, que concordou em reencontrar Livni para mais uma rodada de negociações.


Especula-se que o líder do Israel Beiteinu esteja interessado no cargo de ministro da Defesa.
Outro fator importante que pode definir a coalizão é o partido sefaradita ortodoxo Shas, que conquistou 11 cadeiras.


As exigências de seu líder, Eli Yishai, são o aumento das pensões para os pobres, seminários e escolas rabínicas, além de projetos sociais visando à comunidade ortodoxa.



— Nós nos comprometemos antes das eleições com Netanyahu. O povo elegeu uma maioria direitista, mas isso não nos faz descartar outras possibilidades — despistou Yishai.


Likud rejeita ideia de liderança rotativa

Analistas preveem um cenário sombrio, onde apenas duas possibilidades são viáveis: a criação de um governo de direita, formado por Netanyahu, Lieberman e pelos partidos religiosos judaicos, ou uma divisão de poderes que poderia dar a Israel uma administração mais moderada e bem vista no cenário internacional. Um governo de rotatividade, no qual Livni ocuparia o cargo de premier por dois anos e Netanyahu por outros dois, foi proposto por fontes ligadas ao Kadima. Mas o Likud rejeitou a ideia.


— Tivemos uma votação impressionante. Primeiro vamos nos unir a nossos parceiros ideológicos. Somente depois podemos tentar ampliar a coalizão, não haverá rotatividade — afirmou Netanyahu.


Netanyahu também se reuniu com Lieberman e com o Shas. Enquanto assessores dos três maiores partidos trocam promessas, a única unanimidade das eleições é a insatisfação com o sistema eleitoral proporcional, que polariza o grande número de partidos e impede o bloco eleito de governar sozinho.


Tanto direita como esquerda se comprometeram a trabalhar para mudar o sistema, despertando uma antiga discussão não só sobre o método usado na eleição, mas sobre o próprio sistema de governo. O professor de ciência política Avraham Diskin, da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirma que os problemas podem ter fim com o aumento do índice de votos obtidos para que uma legenda entre no Parlamento, hoje em apenas 2%: — Isso já acabaria com a força de pequenos partidos e a tradicional barganha que sucede as eleições.


O presidente do Centro Israelense para Democracia, Arie Carmon, acredita que, enquanto não houver uma reforma profunda, não haverá estabilidade na política local.


— Não adianta essa pluralidade sem estabilidade — disse Carmon.



Esquerda mergulha na crise após derrota


JERUSALÉM. O campo pacifista israelense acordou ontem em meio a um pesadelo. O mau desempenho nas urnas deixou clara a crise ideológica que se arrasta há anos, desde o assassinato do premier Itzhak Rabin, em 1995, e humilhou o Partido Trabalhista, de Ehud Barak, renegado ao quarto lugar com 13 cadeiras no Parlamento. O resultado também estraçalhou o tradicional partido esquerdista Meretz, que obteve só três dos 120 assentos do Legislativo.


Nem mesmo nos kibutzim, tradicionais comunidades socialistas do país, a esquerda ganhou a votação. O Kadima venceu nessas áreas com 31,1% dos votos. Os trabalhistas tiveram 30,6% e o Meretz, 17,7%.


Barak teve que conter as lágrimas ao afirmar que os trabalhistas não se abateriam, mesmo estando na oposição. Ainda desconcertados, os líderes da esquerda têm dificuldades em explicar o fracasso. Segundo o diretor do movimento kibutziano, Gavri Bargil, houve um “voto de breque”, já que, assustados com o radicalismo de Benjamin Netanyahu, muitos acabaram optando por Tzipi Livni numa tentativa desesperada de freá-lo.


— Eles não votaram no Kadima com convicção, mas votaram em Livni como indivíduo. A prova disso é que os números mostram que cerca de 30% do eleitorado do Kadima decidiram na última hora e outros 40% decidiram na última semana, temendo a volta da direita ao poder. Perdemos pelo menos 300 mil votos, o que representariam dez cadeiras — lamentou.


Procurado pelo GLOBO, o exlíder do Partido Trabalhista Amram Mitzna se disse chocado.


Mitzna abandonou a política em 2003, quando sob seu comando os trabalhistas tiveram um fiasco histórico. Ele preferiu não entrar em detalhes sobre o futuro da esquerda do país, mas garantiu que o que morreu foram os partidos e não o campo pacifista. A opinião é compartilhada pela ex-ministra e fundadora do Meretz Shulamit Aloni. Aos 71 anos, ela culpa o sistema político e afirma que a esquerda precisa se unir.

(Renata Malkes)



Resultado representa revés para Obama

Guinada para a direita deve prejudicar ou pelo menos retardar esforços dos EUA pela paz


Glenn Kessler e Griff Witte

Do Washington Post


WASHINGTON. A ambição do presidente americano, Barack Obama, de avançar rapidamente num processo de paz entre israelenses e palestinos sofreu um revés com a aparente guinada à direita nas eleições israelenses, dizem analistas políticos.


Com a vitória do centrista Kadima, o partido de direita Likud dobrando seu número de cadeiras e uma legenda ultranacionalista sendo a terceira mais votada, aumenta a perspectiva de que um governo que não esteja interessado em negociações de paz surja dos esforços para formar uma coalizão. Mesmo se Tzipi Livni, líder do Kadima que prometeu negociar a paz com os palestinos, conseguir formar uma coalizão, ela será restringida por seus parceiros.


— Vai ser uma coalizão muito instável — disse Daniel Levy, ex-negociador de paz israelense. Americanos envolvidos nas negociações não têm boas memórias de Benjamin Netanyahu, o líder do Likud, quando este era premier. Não é segredo que prefeririam lidar com Livni, que como chanceler liderou negociações fracassadas com os palestinos.


Ontem, a Casa Branca disse que até que o nome do premier seja conhecido não ficará claro o que o resultado significa para o processo de paz.


— Certamente esperamos que o novo governo continue a buscar o caminho da paz — disse o porta-voz do Departamento de Estado, Robert Wood.

Mas Aaron David Miller, um ex-negociador de paz americano, fez uma avaliação sucinta da eleição: — É como se colocassem uma placa de “fechado” em qualquer esforço pela paz pelo próximo ano.


Para Miller, um amplo governo de união não conseguiria chegar a um acordo em medidas para a paz, mas alcançaria um consenso rápido em ataques contra o Hamas ou o Hezbollah: — Pode-se conseguir um governo bom em fazer a guerra e não a paz.


Isso criaria uma grande dor de cabeça para o governo (americano).


O resultado incerto das eleições aumenta a urgência para o primeiro-ministro, Ehud Olmert, alcançar um cessarfogo com o Hamas, dizem analistas.


Como membro do atual governo, Livni estaria mais inclinada a honrar o acordo. Já Dan Meridor, membro do Likud, observa que Netanyahu não apoiaria automaticamente tal trégua.


Relação com o Irã é outra preocupação para americanos

Na Europa, a França estimulou o futuro governo israelense a consolidar o cessar-fogo na Faixa de Gaza. Já o chefe da diplomacia da União Europeia, Javier Solana, admitiu que o resultado representa uma guinada à direita, mas manifestou a esperança de que os vencedores formem um governo de unidade nacional que busque a paz.


Para a imprensa europeia, um dos obstáculos pode ser a crescente influência do ultranacionalista Avigdor Lieberman. “Podem imaginar algo mais distante das propostas de Obama do que as ideias xenófobas” de Lieberman, perguntou o italiano “La Repubblica”.


O suíço “Basler Zeitung” disse que os resultados mostram que “a maioria dos israelenses não acredita na paz”. A imprensa árabe acusou Lieberman de racismo. “Os israelenses escolheram a guerra e o extremismo”, disse o sírio “al-Thawra”. A chancelaria iraniana, por sua vez, classificou os resultados de “lamentáveis”.


Mike Williams, especialista da Universidade de Londres, levantou outra questão: um governo de linha-dura poderia lançar ação unilateral contra o Irã para conter seu programa nuclear.


— A maior preocupação é que comecem uma operação militar que não consigam terminar e que Washington tenha que limpar tudo no final.


Com agências internacionais



FSP online (12/02/2009)


Correio Braziliense (12/02/2009)


CBN (12/02/2009)


Último Segundo (12/02/2009)


Zero Hora (12/02/2009)


Gazeta do Povo (12/02/2009)


BBC Brasil (12/02/2009)


La Vanguardia (12/02/2009)


Israel Politik (11/02/2009)


Veja mais:

12/02/2009

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