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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Israel x Gaza x Oriente Médio (298) .... Eleições em Israel: analistas veem resultado ruim para os EUA

FSP (12/02/2009)

Opinião

Mundo


Editoriais: Israel à direita


COM 99% dos votos apurados, os números indicam que a chanceler Tzipi Livni, do partido centrista Kadima, conquistou 28 dos 120 assentos do Parlamento israelense nas eleições de anteontem. Conseguiu vitória apertada, na reta final, contra Binyamin Netanyahu, do conservador Likud. O ex-premiê obteve um assento a menos.


Pela tradição, a prerrogativa de montar o gabinete cabe a Livni. Mas ainda é incerto quem vai liderar o governo, pois, somando o Likud, os partidos de direita ganharam 64 cadeiras. A centro-esquerda, com o Kadima, tem 56. Nesse quadro, a ministra pode não conseguir maioria.


Seja qual for o resultado, o cenário político pós-eleitoral já parecia definido antecipadamente. Ele revela um Parlamento fragmentado e um consenso político de endurecimento na relação com os palestinos. Nenhuma força cotada para liderar o novo governo oferece perspectiva animadora para a agenda da paz.


A tendência ao endurecimento produziu uma novidade nessas eleições, o avanço do partido laico ultradireitista Israel Beiteinu, de Avigdor Liberman. O discurso ultraconservador -e de ataque aos árabes-israelenses- de Liberman, um imigrante da ex-república soviética da Moldova, constitui o maior emblema da guinada da sociedade israelense.


Com 15 cadeiras, sua agremiação suplantou os trabalhistas -o tradicional partido da centro-esquerda- e se tornou a terceira força do país. Liberman agora é cortejado por Netanyahu e Livni e será decisivo na formação e na orientação programática do futuro governo.


A reconfiguração de poder em Israel não é um fato isolado na região. Reflete um processo de radicalização que abrange a faixa de Gaza, dominada pelo Hamas, o Líbano, onde o Hizbollah ensaia nova ascensão, e o Irã, onde a linha dura intimida e reprime no intuito de prevalecer nas eleições presidenciais de junho.



Rivais lutam para liderar governo em Israel


Livni e Netanyahu, separados por um assento no Parlamento, buscam aliança com ultradireitista Liberman para formar coalizão


Netanyahu quer fechar pacto com direita e levar "fato consumado" a presidente; Livni crê que deve ser premiê por ter sido a mais votada


MARCELO NINIO

ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM


Um dia após irem às urnas, os israelenses despertaram ontem para uma realidade inusitada e desconhecida, mesmo para um país habituado à instabilidade de seus governos: pela primeira vez nos 61 anos de fundação do Estado, o partido com o maior número de votos poderá ficar fora do poder.


Os resultados da eleição de terça-feira produziram um quadro de total indefinição, em que os dois primeiros colocados se declararam vitoriosos.


Contados 99% dos votos, o partido centrista Kadima, liderado pela chanceler Tzipi Livni, obteve a maior bancada no Parlamento, com 28 deputados. Mas seu principal rival, Binyamin Netanyahu, do conservador Likud, com 27 cadeiras, garante que formará o governo, confiando na maioria parlamentar de 65 deputados dos partidos de direita.


Terminada a eleição, começou a batalha política. Para formar um governo são necessários ao menos 61 dos 120 deputados e, embora Livni tenha obtido uma surpreendente vitória pessoal, revertendo quadro que parecia totalmente favorável ao Likud, seu rival ainda parece ter mais recursos à disposição.


A disputa para conquistar a maioria parlamentar começou ontem pelo partido que foi a grande estrela dessa campanha, o ultranacionalista Israel Beitenu. Com 15 deputados, a legenda liderada pelo polêmico Avigdor Liberman poderá definir quem será o premiê.


"Israel despertou para uma crise política nunca vista", disse o colunista político Shalom Yerushalmi, do jornal "Maariv". "Liberman tem a chave do próximo governo, e ele parece estar disposto a abrir a porta a Binyamin Netanyahu."


De fato, a missão de formar um governo parece mais difícil para Livni do que para Netanyahu. Após reunir-se com ambos os líderes ontem, Liberman manteve mistério sobre quem apoiará. Mas a imprensa israelense indicou que as bases de um acordo com o Likud estão praticamente fechadas.


Fato consumado

Segundo Raviv Druker, analista do Canal 10 israelense, a intenção de Netanyahu é ter um acordo fechado com os partidos de direita até a próxima quinta-feira, prazo estabelecido para o início das consultas que o presidente Shimon Peres fará para decidir a quem atribui a formação do governo: "A ideia é apresentar um fato consumado, para bloquear qualquer iniciativa de Livni".


Após reunir-se ontem com Liberman, Livni manteve a confiança de que receberá o encargo de montar a coalizão. Pela lei israelense, o presidente deve consultar os partidos e decidir qual deles tem mais condições de formar um governo, que não necessariamente é o que recebeu mais votos. Até hoje, porém, jamais uma legenda que venceu as eleições deixou de liderar a coalizão.


Livni deixou ontem aberta a porta para um governo com o Likud. "O público decidiu quem deve ser a primeira-ministra. Esta é uma chance para união", disse.


Questionado ontem sobre as possibilidades de aliança de Livni para formar um governo, o ministro das Finanças, Roni Bar On, membro do Kadima, admitiu que há poucas alternativas a um governo de união nacional com o Likud.


Chegou a ser levantada a possibilidade de um rodízio no cargo de primeiro-ministro entre Livni e Netanyahu, como aconteceu em 1984 com o Likud e o Partido Trabalhista. Em sua primeira reunião após a eleição, o Likud descartou essa possibilidade.


"Um rodízio seria viável se houvesse um empate de 60 a 60", disse o deputado Silvan Shalom. "Netanyahu será o primeiro-ministro e ponto final."


O impasse pode se arrastar por semanas. Pela lei, o prazo para a formação do governo é de 42 dias, com possibilidade de prorrogação.



Analistas veem resultado ruim para os EUA


DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, ligou ontem para o presidente de Israel, Shimon Peres, para se informar sobre o resultado da eleição israelense -que a maioria dos analistas considerou ruim para os planos de Obama de priorizar um acordo entre palestinos e israelenses.


"O presidente elogiou Peres por um artigo recente em que ele reafirmou seu compromisso com solução de dois Estados para o conflito palestino-israelense", disse nota da Casa Branca. Peres é do Partido Trabalhista, que ficou em quarto lugar na votação parlamentar, e terá pouca interferência sobre as decisões do futuro premiê.


Segundo o porta-voz Robert Gibbs, o presidente "espera trabalhar com quem quer que forme o próximo governo israelense na busca de uma paz duradoura na região".


Analistas, entretanto, disseram que as eleições afetarão negativamente os objetivos de Obama tanto no conflito israelo-palestino quanto em relação ao diálogo com o Irã."Esta eleição é um desastre para os EUA", afirma Robert Dreyfuss, especialista em países islâmicos.


"Os EUA vão se ver presos em negociações congeladas [com os palestinos]" e haverá muito menos paciência em Israel para o Irã. "Há o risco de o Irã se tornar mais militante, para não parecer se dobrar a pressões israelenses."


Concorda com ele Jerome Segal, do Centro de Segurança Internacional da Universidade de Maryland. "Nenhum dos líderes possíveis em Israel tem confiança na diplomacia americana para o Irã e todos creem que será necessário usar a força para impedir que o país chegue à bomba nuclear", afirma.
Ele crê que a eleição diminuirá o ímpeto de Obama para usar seu capital político na questão israelo-palestina, porque haverá menos expectativa de sucesso. (ANDREA MURTA)



Livni aposta em estilo duro para superar machismo


DO ENVIADO A JERUSALÉM


Tzipi Livni chegou perto, mas talvez não consiga se tornar a segunda mulher na história a chefiar o governo de Israel, depois de Golda Meir (1969-1974). Uma sensação de orgulho e frustração predominava ontem entre aquelas que esperavam uma mudança de estilo para quebrar a hegemonia dos homens no poder do país.


A questão do gênero marcou de forma subliminar a disputa entre Livni e seu principal rival, Binyamin Netanyahu. O partido deste, o Likud, insinuou num anúncio que uma mulher não seria capaz de encarar o desafio de governar Israel. "O cargo é grande demais para ela."


Para a presidente do Conselho Internacional da Mulher Judia, Leah Aharonov, a vitória mostrou que a tentativa de usar o gênero para desqualificar Livni teve o efeito contrário: muitas mulheres votaram nela como protesto à discriminação.


Embora ainda haja "um longo caminho" para que exista igualdade entre homens e mulheres, lembra Aharonov, há motivo para comemorar, mesmo que Livni não se torne premiê. "É um grande passo nessa luta. Sempre defendemos que é preciso ter mais mulheres em posições de liderança."


A campanha de Livni foi marcada por uma ambiguidade calculada em relação ao "fator mulher". Num país em que demonstrar fraqueza pode ser fatal, a chanceler fez questão de mostrar seu lado duro como parte do triunvirato que comandou a ofensiva em Gaza.


Ao mesmo tempo, seu comitê de campanha organizava eventos com mulheres e tentava repetir a fórmula do sucesso de Barack Obama nos EUA, juntando o apelo da minoria à esperança. Num de seus cartazes eleitorais, uma pintura estilizada do rosto de Livni é acompanhada do trocadilho "Belivni" (acredite em inglês, com o nome de Livni embutido).


Seu estilo é direto, ela raramente usa saias e muitos a criticam por se igualar na agressividade aos homens israelenses, mas talvez essa seja a forma de vencer uma eleição em Israel.


Ficou famosa a frase dita por David Ben Gurion, o premiê fundador de Israel, sobre Golda Meir, quando ela era ministra de seu governo: "É o único homem do meu gabinete". Era um elogio. (MN)



Impasse amplia críticas a sistema eleitoral

DO ENVIADO A JERUSALÉM


No chuvoso dia seguinte à eleição em Israel, dois jovens começavam a retirar uma enorme faixa do partido Likud de um cruzamento em Jerusalém, a poucos metros da residência do primeiro-ministro. Um idoso que passava pelo local não resistiu: "Melhor deixar a faixa no mesmo lugar", disse aos jovens. "Em breve teremos eleições de novo."


A sensação de que a próxima coalizão de governo não se sustentará por muito tempo se juntava ontem à pressão para que o sistema eleitoral que gera essa instabilidade seja finalmente modificado. Nos discursos feitos logo após a eleição de terça-feira, 3 dos 4 maiores partidos ressaltaram a urgência de uma reforma.


Para formar um governo, um partido precisa ter apoio de ao menos 61 dos 120 deputados. Desde a primeira eleição israelense, em 1949, nenhuma legenda conseguiu governar sem formar coalizões. Mas com um número de deputados maior, era mais fácil para o partido dominante montar um governo.


A crescente pulverização do sistema partidário transformou em um árduo quebra-cabeças a tarefa de construir uma coalizão. Segundo a lei eleitoral, qualquer partido que atinja 2% dos votos ganha representação no Parlamento -12 siglas superaram essa barreira nas eleições de anteontem.


Aumentar a exigência mínima para a entrada no Parlamento é a primeira medida defendida por quem espera uma mudança no sistema. "Precisamos chegar a uma realidade de sete partidos no máximo", disse ontem o professor Arye Carmon, presidente do Instituto da Democracia de Israel, que está lançando uma campanha popular em favor da reforma.


Outra mudança que será defendida na campanha é que o partido com o maior número de votos automaticamente seja o líder do governo. Isso evitaria o impasse surgido na eleição de terça-feira, em que o Kadima de Tzipi Livni terminou na frente, mas terá dificuldades para montar um governo porque a maioria do Parlamento está alinhada com o Likud, segundo colocado.


"É preciso mudar a realidade em que Israel acorda no dia seguinte à eleição sem saber quem ganhou", diz Carmon.


Não seria a primeira vez que Israel muda seu sistema eleitoral. Em 1996, o Parlamento aprovou a adoção de eleição direita para premiê. Ela foi abandonada cinco anos e três votações depois, sem alcançar a desejada estabilidade.


Um dos maiores defensores da reforma eleitoral é o partido Israel Beitenu, que se transformou no fiel da balança para a formação da próxima coalizão. Avigdor Liberman, líder do partido, disse que uma das condições para aderir a uma coalizão será a mudança do sistema, para acabar com a chantagem dos pequenos partidos.


Acusado de fascista e antidemocrático devido a seus ataques à minoria árabe em Israel, o partido de Liberman ganhou elogios pela iniciativa. "Se Liberman conseguir o que quer, o Israel Beitenu terá dado uma enorme contribuição à estabilidade da democracia israelense", disse o comentarista Yaron London, do Canal 10. (MN)



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