Revista Época (11/02/2009)
Blog Paulo Moreira Leite: Como se sabia, a paz ficou mais difícil em Israel
No dia 28 de dezembro de 2008, nos primeiros dias dos ataques de Israel a Gaza, escrevi no blogue:
“Não há uma opção estratégica em jogo, não há uma vantagem militar a ser obtida, não se pretende garantir a paz nem um pouco de tranqüilidade. Até o momento em que escrevo esta nota, já morreram 270 pessoas em Gaza, e perto de 800 foram feridas, porque o partido que está no governo de Israel corre o risco de perder eleições.”
As urnas confirmaram o cálculo do governo do primeiro-ministro Ehud Olmert. Depois de 1300 mortes e a destruição de “todo edifício público” em Gaza, conforme o Financial Times, o Kadima, partido da chanceler Tzipi Livni e também de Ehud Olmert, surge como mais votado na eleição geral de terça-feira.
Conforme pesquisas realizadas dias antes das eleições, 80% da população apoia os ataques a Gaza — e essa diferença jogou a favor do governo.
Antes dos ataques, o partido conservador Likud era o favorito. Cresceu muito e conseguiu mais do que dobrar os votos. Um partido ainda mais extremista, também conseguiu ganhos substanciais e superou os trabalhistas, que agora são apenas a quarta força no parlamento.
Mas, faltando ainda alguns votos para serem contabilizados, a previsão geral era que o Kadima conquistara uma ou duas cadeiras de vantagem sobre o Likud. O único evento entre as pesquisas de dezembro e a eleição foi a guerra. Antes, a população debatia o desemprego e a crise. As catapultas do Hamas não deixavam ninguém esquecer o conflito, mas a guerra não era o assunto dominante. Agora é e tem aprovação de 80% da população, um índice que nem sempre costuma servir de boa inspiração para governantes — como se viu no apoio inicial da população americana às aventuras de George W. Bush no Iraque.
Caso Tzipi Livni seja chamada a formar um novo governo, ela precisará do voto dos conservadores para formar maioria — o que tornará qualquer conversa sobre paz ainda mais difícil, com margens ainda mais estreitas. Na apuração, Livni já disse que gostaria de contar com a presença do Likud em seu governo. Em campanha, o Likud prometeu ampliar os assentamentos em territórios árabes, que são um fator de conflito. Também pretende reintroduzir aulas de sionismo nas escolas e disse que não irá devolver áreas conquistas à Siria em 1967.
O diplomata americano Aaron David Muller, que durante dois anos foi responsável pelas negociações, disse ao Washionton Post que o resultado eleitoral equivale a suspender as conversas sobre paz pelo prazo de um ou mesmo dois anos.
Como se viu nos foguetes do Hamas, e nos ataques a Gaza, neste período muita coisa ruim pode acontecer.
Último Segundo (11/02/2009)
- NYT: Abertura ao Irã complica relações entre EUA e Israel: O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, aceitou o repetido convite do presidente Barack Obama para negociações diretas entre seu país e os Estados Unidos na terça-feira. A medida sinalizou o começo de um drama de guerra e paz há muito adiado que pode definir os planos da gestão Obama de reconstruir a postura diplomática americana.
- NYT: Palestinos pedem investigação de crimes de guerra
UOL Internacional / Mídia Global (11/02/2009)
- El Pais: Opinião: Obama e o caminho para Damasco
- NYT: Abertura diplomática do Irã para Washington pode complicar relações entre EUA e Israel
Aurora (11/02/2009)
NYT (11/02/2009)
Time / CNN (11/02/2009)
Veja mais:
11/02/2009
- Israel x Gaza x Oriente Médio (294) .... Considerações sobre Gaza
- Israel x Gaza x Oriente Médio (293) .... Conservadores e direita radical avançam na eleição em Israel
- Israel x Gaza x Oriente Médio (292) .... Tzipi Livni ganha mas Bibi Netanyahu poderá ser o primeiro-ministro
- Israel x Gaza x Oriente Médio (291) .... Apuntes sobre la guerra asimétrica
- Israel x Gaza x Oriente Médio (290) .... Livni lidera, mas pode não governar
- Israel x Gaza x Oriente Médio (289) .... Kadima, de Tzipi Livni, está à beira da vitória em Israel
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