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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Israel x Gaza x Oriente Médio (262) .... Gaza Os marginais do reino Hamas

Público (Portugal, em 30/01/2009).

  • Gaza Os marginais do reino Hamas, por Alexandra Lucas Coelho, em Gaza: Repressão, interrogatórios, espancamentos, tiros. É o que contam do Hamas os militantes que não são do Hamas. Histórias de um território degradado pela ocupação israelita e pela guerra. Jihad, socialista filho de socialista, tem um apelo: "Pedimos à comunidade internacional que nos ajude a sair deste dilema."


Público (Portugal, em 27/12/2008).


Nesta frase do Hamas se encontrará porventura a pedra filosofal da proporcionalidade.


Todavia, enquanto a comunidade internacional busca esse ponto de equilíbrio, a conflitualidade no Médio Oriente prossegue. Desta vez o fogo abate-se sobre a Faixa de Gaza, cuja infeliz população sofre na pele o ataque de Israel ao Hamas. Tanto quanto se pode perceber, o acordo de cessar-fogo em vigor nos últimos seis meses supunha um acordo: o Hamas obtinha o sossego necessário para rearmar e consolidar o seu exército e o seu poder sobre Gaza. E, desde que não houvesse ataques, Israel entregaria os abastecimentos. Visto do Ocidente parecia uma coisa pragmática, um bom negócio. Mas o pragmatismo do Hamas não se conforma aos cânones cartesianos. A paz e tranquilidade não servem nem o dogma da impossibilidade de existência de Israel como Estado soberano na região, nem a necessidade de unir e recrutar as massas para a guerra permanente.


Desde que arrancou o poder à Fatah em 2007, o Hamas transformou a Faixa de Gaza numa zona militar, forçando o milhão e meio de civis a tornar-se numa linha de escudos humanos, de resto seguindo o exemplo do Hezbollah no Sul do Líbano em 2006. O poder fundamentalista não tem programa de bem-estar para o povo à sua guarda, o que sem dúvida evita muitos pruridos.


O Sul de Israel está sob fogo de Gaza desde 2001. Em 2005, muitos eram os que defendiam que a motivação para disparar os morteiros cessaria com a desocupação de Gaza. Estavam enganados. Desde então, o ritmo dos morteiros cresceu 500 por cento. Os visados são estritamente civis. E agora?


Durante a primeira Guerra do Golfo em 1991, quanto Telavive era atingida pelos Scuds iraquianos e os palestinianos dançavam de alegria nos telhados, os residentes fugiam para norte, para a Galileia. Durante a Guerra do Líbano, em 2006, quando os Katyushas do Hezbolhah caíam na Galileia, os residentes fugiam para sul. E agora? Nas fronteiras de Israel existem dois enclaves apostados na política do terror, armados com mísseis de curto, médio e cada vez mais longo alcance, cada vez menos artesanais, alimentados por forças externas, capazes de atingir praticamente todos os centros de população israelitas, e os seus vários ramos de actividade. Para onde, por exemplo, mover a base de exportação marítima? De Ashdod, no Sul, para Haifa, no Norte? Escapar aos mísseis do Hamas para cair sob o alcance dos Katyushas do Hezbollah? Já não há para onde fugir. O fim da ilusão da segurança em boa parte fundamenta o quase total apoio dos israelitas à operação em Gaza.


De há muito que o Estado de Israel se vê ameaçado pela emergência de actores independentes, pouco sensíveis às virtudes da negociação estruturada e dos seus fundamentos jurídicos, agindo com autonomia e com uma lógica ondulante. O próprio estilo das crises muda pelo simples facto de o inimigo se escapulir, diluído no seio da população civil, revelando-se pouco inclinado a respeitar os princípios do direito dos conflitos, que apenas reclamam quando de súbito, sob ataque, se metamorfoseiam em vítimas.


Os ataques sobre Israel a partir de Gaza e do Líbano põem em causa fronteiras legítimas e internacionalmente reconhecidas. E aqui reside a questão do significado da soberania do Estado e da legítima defesa perante agressões armadas externas. O próprio artigo 51 da Carta das Nações Unidas o reconhece. Sem sofismas.

Investigadora do IPRI/UNL



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