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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Israel x Gaza x Oriente Médio (283) .... Likud e Kadima: quem vai levar?!

O Globo, Mundo, página 26, em 10/02/2009.


Israel dividido em árdua disputa

Likud e Kadima acirram páreo. Radical Lieberman pode ajudar a formar governo linha-dura


Renata Malkes Especial para O GLOBO • JERUSALÉM


Mais de cinco milhões de eleitores vão às urnas hoje eleger o premier de Israel depois de uma campanha-relâmpago de apenas duas semanas. A guerra na Faixa de Gaza recolocou a segurança no topo da agenda política e a ameaça da volta da direita ao poder acirrou o páreo na reta final.


Apesar da proibição da divulgação de pesquisas, as últimas projeções mostram o partido Kadima, da ministra do Exterior, Tzipi Livni, alcançando o favorito Benjamin Netanyahu, do Likud.


A disputa também é acirrada entre o terceiro e o quarto colocados. Com os números mostrando o ultranacionalista Israel Beiteinu, de Avigdor Lieberman, podendo alcançar até 19 das 120 cadeiras do Parlamento, o tradicional Partido Trabalhista, de Ehud Barak, tenta diminuir a diferença e evitar uma derrota histórica que colocaria a legenda num quarto lugar pela primeira vez.


As últimas pesquisas apontaram vitória do direitista Likud, com 29 cadeiras, enquanto o Kadima ficaria com 26. Mas a ascensão de Lieberman e sua plataforma antiárabe podem desequilibrar a balança na última hora, segundo analistas.


Assustados com a possibilidade de um governo de coalizão linha-dura, com Netanyahu e Lieberman, muitos eleitores podem optar pelo Kadima numa última tentativa de impedir que o governo seja dominado pelo extremismo.

A campanha foi atípica e começou tarde devido à guerra na Faixa de Gaza. Sem muito tempo para convencer os eleitores a ir às urnas, os candidatos usaram o horário eleitoral para trocar insultos.


Nas ruas das maiores cidades de Israel, apesar da grande presença de outdoors, a panfletagem foi discreta. Preocupado com a queda no comparecimento às urnas nos últimos anos, o presidente Shimon Peres conclamou ontem os israelenses a participar do pleito.


— Nesses dias em que muitos culpam e duvidam do Estado de Israel, votem para provar que somos uma democracia no sentido literal da palavra — declarou Peres.


Radical defende teste de lealdade para árabes

A estrela maior da campanha foi Lieberman, de 50 anos, que encerrou a campanha no Muro das Lamentações. Conhecido por suas declarações duras, controversas e até mesmo racistas, ele é acusado de fazer parte do ex-partido radical Kach, que foi banido, e é adepto da transferência de palestinos para a Cisjordânia, alegando que é preciso reduzir o número de árabes com cidadania israelense. Outra medida polêmica defendida pelo imigrante da ex-república soviética de Moldova é o “teste de lealdade” ao qual quer submeter os cidadãos árabes que se recusassem a ir para a Autoridade Palestina. Eles teriam que reconhecer que Israel é um Estado judeu.


O líder trabalhista, Ehud Barak, aproveitou o último dia de campanha um corpo-a-corpo com eleitores. Embora as pesquisas apontem um mau desempenho, Barak demonstra segurança.


Especula-se que, caso eleito, Netanyahu convidaria o atual ministro da Defesa a permanecer no cargo. Temendo qualquer identificação com o bloco direitista, ele nega e garante que não aceitará qualquer oferta caso os trabalhistas tenham menos de 20 cadeiras no Parlamento.


Tentando manter o otimismo, Tzipi Livni foi de trem ao sul do país. Segundo assessores, ela vem angariando votos da esquerda, inclusive de partidos tradicionais como o esquerdista Meretz.


No Likud, preocupado com o crescimento de Lieberman, a polêmica do fim da campanha ficou por conta de Netanyahu. Ele se reuniu com Yuval Rabin, filho do ex-premier trabalhista Itzhak Rabin, assassinado em 1995. O encontro terminou de forma constrangedora.


— Não estou aqui para expressar meu apoio a partido algum. E Netanyahu sabe que não vou votar no Likud. Não vejo no horizonte um governo de centro-esquerda. A opção parece um governo de direita e é por isso que estou aqui. Para defender um governo de união nacional apesar de todas as dificuldades — afirmou Rabin, jogando um balde de água fria em Netanyahu.


O Exército decretou o fechamento de todas as passagens de fronteiras com a Cisjordânia durante a votação, e mais de 16 mil policiais e 4,5 mil seguranças particulares foram mobilizados para garantir a segurança.

Em meio à corrida eleitoral, na França, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, também corre contra o tempo para fechar um acordo de cessar-fogo definitivo entre o Hamas e Israel em Gaza. Ele reuniu-se com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e afirmou que o documento final pode ser alcançado já na próxima semana. Diante da possibilidade da eleição de um governo de direita, analistas afirmam que os esforços diplomáticos têm sido intensificados para que a trégua seja oficializada antes do fim da atual administração.



Cisão de partidos desanima colonos na Cisjordânia

JERUSALÉM. Somente quando a carioca Helena Lbjkowikz chegar à urna no assentamento de Kiriat Arba, próximo à cidade palestina de Hebron, decidirá em quem votar.


Helena é parte dos 280 mil colonos da Cisjordânia, indecisos e desanimados com a situação do país. Sob uma forte divisão política e ideológica desde a retirada unilateral da Faixa de Gaza, em 2005, os colonos chegam enfraquecidos ao pleito. Ao contrário de 2006, quando unidos foram às urnas sob a ameaça de desocupação prometida na campanha que elegeu Ehud Olmert, hoje o movimento tem os dois principais partidos rachados. Muitos acabarão votando em legendas maiores, como o Likud ou o Israel Beiteinu.


— Realmente não sei em quem votar. Estamos cansados, na hora será preciso tirar no cara ou coroa — conta Helena, professora aposentada, há 18 anos no assentamento.


Na colônia de Karnei Shomron, vizinho à cidade palestina de Qalqilia, a dúvida é a mesma para o médico Duda K., um paulista. Há 21 anos na colônia, ele diz que a maioria dos moradores vai votar no partido ultranacionalista religioso Ihud HaLeumi (União Nacional). Tradicional eleitor do Mafdal, hoje concorrendo sob o nome de HaBait HaYehudi (A Casa Judaica), diz considerar mesmo um voto para o Likud ou o Israel Beiteinu. O importante, para ele, é conservar as colônias como parte inseparável de Israel.


— Com a divisão dos partidos que nos representam, penso em votar num grande. É preciso defender nossos direitos.

Nas últimas eleições, os partidos que representavam os colonos, Mafdal e União Nacional, concorreram em coligação. O racha veio com divergências entre os rabinos nacionalistas e os políticos e, segundo as pesquisas, há o risco de que pela primeira vez o antigo Mafdal nem mesmo consiga entrar no Parlamento.


Segundo a professora de ciência política Etta Bick, do Centro Universitário de Ariel, a confiança do colono foi posta em xeque, o que beneficia Benjamin Netanyahu e Avigdor Lieberman. Para ela, além de questões religiosas, a divisão foi provocada também pelas diferenças em relação ao serviço militar.


— O União Nacional se tornou mais radical, defendendo até mesmo a recusa em servir o Exército, em protesto à retirada de Gaza.


Suas decisões são tomadas por rabinos. É lastimável a divisão e a falta de confiança — disse Etta, moradora de Ariel, o maior assentamento judeu na Cisjordânia.


(R.M)



Jornal Digital (Portugal, 10/02/2009)


Diário de Notícias (Portugal, 10/02/2009)



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10/02/2009

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