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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sábado, 17 de outubro de 2009

Um Israel comum


Os artigos sobre Israel sempre atualizados você encontra aqui.



Destaque 1

  • Contra a racialização do Brasil: Somos um grupo contra o racismo e a racializaçao do País, composto por sociólogos, antropólogos, juristas, médicos, biólogos, historiadores e líderes de movimentos sociais. A diversidade de opiniões e de visões de mundo é evidente. Em comum um sentimento: o Brasil é uma nação sobretudo de brasileiros, independemente de sexo, religião, cor da pele, da aparência e da ancestralidade.


Destaque 2

  • Prosa online (17/10/2009): Em 'Caim', sobra para cristãos e judeus: Em "Caim", novo romance de José Saramago, Deus e qualquer crença sucumbem sob uma narrativa em que se equilibram humor, ironia e muitas palavras duras. Sobra para cristãos e judeus. Em menos de 200 páginas, espalham-se embates quase filosóficos entre Caim e seu criador, no qual um discute a capacidade do outro de julgar ou ser julgado. Espectadores dessa luta, os leitores viajam por diversos episódios da Bíblia, da destruição de Sodoma e Gomorra ao dilúvio que exterminou a Humanidade, sempre pela ótica questionadora do rebelde Caim. Ou melhor, do ateu Saramago que, em entrevista por e-mail, diz que se limita a escrever o que pensa, deixando cada leitor fazer sua própria interpretação. Embora não tenha escrito ali nada novo para aqueles que conhecem sua profunda e propagada aversão às religiões, Saramago (acima, em foto de Vania Delpoio, de 2003) afirma que “Caim” tem papel fundamental em sua bibliografia e em sua vida. Detalhe curioso: o livro ganhou aqui uma capa preta, na qual se destaca a colagem de papel sobre madeira, em vermelho vivo, de Arthur Luiz Piza. É curioso porque, embora bela e sóbria, ela foge completamente ao padrão gráfico da coleção Saramago na Companhia das Letras, que tem até agora apenas capas brancas. A editora diz que não houve nenhum motivo especial para a mudança, que foi sugerida pelo designer Hélio de Almeida e Saramago topou.


O Globo (17/10/2009)

Mundo - pág.33.



Uma forma inadequada de lidar com o mundo

Roger Cohen


Israel é apenas uma nação entre nações? Num nível, é realmente um lugar comum.


As pessoas xingam o trânsito, vão à praia e pagam hipoteca. Em outro nível, não. Mais de 60 anos após a criação do Estado moderno, Israel não tem fronteiras estabelecidas, não tem uma Constituição nem paz. Nascido do horror excepcional, o Holocausto, o país considera a normalidade enganosa.


A ansiedade da diáspora judaica cedeu lugar não à tranquilidade, mas a uma outra ansiedade.


A fuga dos muros ergueu novos muros. A psicose do aniquilamento adotou nova forma. Alguma coisa pode ser feita? Talvez um bom ponto de partida seja observar que Israel não se vê como normal. Vive num perpétuo estado de excepcionalidade.


Eu compreendo: Israel é um país pequeno cujos vizinhos são inimigos ou frios observadores.


Mas eu me preocupo quando Israel transforma em fetiche seu status excepcional. Precisa lidar com o mundo como ele é, não com o mundo de ontem.


O Holocausto representou a quintessência do mal. Mas ele aconteceu há 65 anos. Seus perpetradores estão mortos ou morrendo.


Enxergar por um prisma do Holocausto pode distorcer a imagem.


A História ilumina — e cega.


Essas reflexões evocam o discurso do premier Benjamin Netanyahu no mês passado. Os primeiros 30 parágrafos foram dedicados a uma inflamada confluência da Alemanha nazista, (a palavra nazista aparece cinco vezes), o Irã moderno, a rede al-Qaeda e o terrorismo global, com o solitário e excepcional Israel contra todos eles.


Aqui está o resumo de Netanyahu sobre a batalha de nossa era: “Ela contrapõe civilização a barbarismo, o século XXI ao IX, aqueles que consagram a vida contra os que glorificam a morte.” Isso é superficial, ressonante — e de pouca ajuda.


Há outra forma de olhar o conflito no Oriente Médio, menos dramática e mais precisa. Vêlo como uma luta por um diferente equilíbrio de poder — e possivelmente uma estabilidade maior — entre Israel com suas armas nucleares, o orgulhoso e incômodo Irã, e o mundo árabe, cada vez mais sofisticado e atento.


Alguns inimigos de Israel contestam sua existência. Mas o paradigma terroristasquecultuam-a-morte versus israelenses-razoáveis é insuficiente. Há várias civilizações no Oriente Médio cujas atitudes sobre religião e modernismo variam, mas que buscam uma acomodação entre elas.


Uma vítima dessa visão é a excepcionalidade israelense. O Estado judeu torna-se mais parecido com qualquer outra nação lutando por influência. Acredito que o presidente Obama tenta persuadir Israel a adotar uma auto-imagem mais prosaica e realista.


A mudança é perceptível no endosso tácito de décadas ao não-declarado arsenal nuclear israelense. É lógica. Lidar com o programa nuclear do Irã enquanto ignora o status nuclear de Israel é um convite a críticas.

Eu diria que há uma justificativa razoável para Israel suspender seu excepcionalismo nuclear, livrar-se de seu arsenal e juntar-se ao Tratado de Não Proliferação de Armas como parte de um acordo de segurança regional apoiado pelos EUA que detenha o armamento do Irã.


Vale a pena destacar o tom sensato do secretário de Defesa, Robert Gates — num flagrante contraste com Netanyahu. “O único meio de não ter um Irã nuclear é o governo iraniano decidir que sua segurança diminui ao possuir tais armas, em vez de reforçá-la.” Em outras palavras, o Irã toma decisões racionais. Em vez de invocar o Holocausto, Israel deveria ver o Irã friamente, entender a hesitação da estratégia nuclear iraniana e observar como pode ganhar com a diplomacia americana.


Cortar a postura e lidar com a realidade. Isso pode ser doloroso — com o relatório da ONU indicando que tanto as forças israelenses quanto os militantes palestinos possivelmente cometeram crimes contra a Humanidade. Mas também é construtivo. A resposta israelense ao relatório me atinge como um exemplo do efeito ofuscante desse excepcionalismo irrestrito. Nações comuns têm falhas.


O Oriente Médio mudou, e Israel também deve mudar. “Nunca mais” é tanto uma forma necessária quanto inadequada de lidar com o mundo moderno.


ROGER COHEN é colunista do New York Times



O Globo online (17/10/2009)


FSP (17/10/2009)

  • Saramago usa Caim para atacar Deus
  • Crítica/"Caim": Apesar de trechos quase engraçados, obra é fraca e óbvia na birra com deus
  • Conselho da ONU endossa texto sobre Gaza
  • Sem sucesso, Brasil tenta evitar remissão a Conselho de Segurança: Mesmo endossando o chamado relatório Goldstone, o Brasil enfatizou que não concordava com que ele fosse tratado em outras instâncias da ONU. Além disso, o país havia avaliado a decisão de reavivar a votação duas semanas após o encerramento da sessão ordinária como prematuro. "O envolvimento de outros fóruns internacionais no atual estágio pode se provar prematuro e contraproducente aos esforços de paz", declarou a embaixadora brasileira, Maria Nazareth Azevedo, ao votar. O Brasil chegou a propor a retirada da remissão ao CS e ao TPI, mas, apesar de obter o apoio de alguns países, o efeito foi limitado. O texto final sofreu uma modificação em seu preâmbulo, que acrescentou a condenação a ataques a civis de ambos os lados, e pediu investigações por ambas as partes. Mas o tom geral permaneceu o mesmo, com os demais pontos contra Israel. Ao contrário do relatório Goldstone, não há nenhuma alusão ao Hamas. Mesmo assim, a embaixadora Maria Nazareth avaliou que houve uma atenuação positiva, que conferiu algum equilíbrio ao texto. "Foi um gesto importante por parte dos palestinos", disse à Folha, aludindo à menção ao ataque a civis de ambos os lados incluída ontem. Ela avalia ainda que o texto aprovado, que pede o monitoramento da situação pelo conselho antes da remissão a qualquer outro fórum, "não contradiz a abordagem gradual proposta pelo Brasil". (Luciana Coelho)
  • Israel critica a aprovação de relatório
  • Clóvis Rossi: O Brasil no vestibular para a ONU


Clóvis Rossi: O Brasil no vestibular para a ONU


O PRESIDENTE Luiz Inácio Lula da Silva receberá seu colega iraniano Mahmoud Ahmadinejad [no dia 23 de novembro] como membro [eleito] do Conselho de Segurança das Nações Unidas.


A frase sai quase distraídamente da boca de 1 dos 2 diplomatas norte-americanos que conversaram ontem com a Folha e o portal Terra, com a condição de que os nomes não fossem citados.


O que quer dizer a frase, que de distraída não tem nada?


Quer dizer que a diplomacia americana gostaria que Lula, ao receber o presidente iraniano, transmitisse o que é virtualmente consensual no Conselho de Segurança (entre os membros permanentes, que são apenas cinco, EUA, Rússia, China, França e Reino Unido): que o programa nuclear iraniano tem que ser apenas para fins pacíficos e o Irã tem que submeter-se às inspeções internacionais, para que haja segurança de que não está preparando a bomba atômica.


Antes da frase nada distraída, o diplomata havia observado que a entrada do Brasil para um turno de dois anos no Conselho de Segurança, o coração do sistema Nações Unidas, é uma "oportunidade de ouro" para que o país prove de fato sua nova condição de ator global.


Ou, em interpretação livre, será uma espécie de vestibular para que o Brasil demonstre ser gente grande o suficiente para fazer parte, permanentemente, do CS. Detalhe relevante: o diplomata acha que agora há reais possibilidades de uma reforma das Nações Unidas de maneira a redefinir o jogo de poder na instituição, hoje demasiadamente desequilibrado em favor dos cinco grandes com poder de veto.


Se o vestibular constasse só do quesito formulado pelos EUA, o Brasil passaria com louvor, a julgar pelo que o presidente Lula tem dito e repetido.


Lula cobrou de Ahmadinejad, no encontro do mês passado, à margem da Assembleia Geral da ONU, que faça como o Brasil, cujo programa nuclear até por imposição constitucional é para fins pacíficos. Cobrou também que se submeta às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica.


Mas há, sempre no quesito Irã, temas que parte da comunidade internacional gostaria de ver tratados de uma maneira mais incisiva no encontro Lula/Ahmadinejad. A comunidade judaica no Brasil está se mobilizando para protestar contra a visita de um homem que nega repetidas vezes o Holocausto, o que incomoda não só os judeus.


Não parece aceitável que Lula cobre privadamente de Ahmadinejad, como diz ter feito em Nova York, mas diga publicamente que a negação do Holocausto é um problema do presidente iraniano.


Para fechar esse capítulo, há ainda as denúncias de torturas praticadas em manifestantes contra o que consideram fraude na reeleição de Ahmadinejad. Ontem, o jornal espanhol "El País" publicou chocante depoimento de Ibrahim Sharifi, que diz ter sido violado após inúmeras sessões de tortura.


Violação é um crime nefando em qualquer situação mas na cultura muçulmana é particularmente humilhante.


Tudo somado, a frase do diplomata norte-americano perde qualquer hipótese de ter sido deixada cair ao acaso.



FSP online (17/10/2009)


Estadão (17/10/2009)


Aurora Digital (17/10/2009)


Em Cima da Hora (16/10/2009)


Jornal Nacional (16/10/2009)


Revista Época (16/10/2009)


Uol Internacional / Mídia Global (16/10/2009)

  • HT: Um Israel comum (obs.: ver matéria publicada no jornal O Globo, em 17/10/2009)


BBC Brasil (16/10/2009)


Amálgama (16/10/2009)

  • ONU condena Israel e Hamas: Apesar do jogo de interesses que levou o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas a tentar abafar o Relatório Goldstone em prol da continuidade das negociações com Israel, o texto foi aprovado nesta sexta-feira pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, reunido em Genebra. Dos 47 países que formam o Conselho, 25 apoiaram a resolução (entre eles o Brasil), seis a rejeitaram e 11 se abstiveram. O relatório esmiuçou os 23 dias da operação israelense iniciada em 27 de dezembro de 2008, que causou a morte de 1.400 palestinos (960 civis – boa parte crianças e adolescentes, 239 policiais e 235 militantes) e 13 israelenses – segundo informações de hospitais locais e de ONGs israelenses, palestinas e internacionais. O Conselho condenou Israel e o movimento islâmico palestino Hamas por crimes de guerra e decidiu enviar o texto para o Conselho de Segurança da organização – que teoricamente tem poder para votar uma resolução contra Israel e o Hamas, decisão que, no que se refere a Israel, esbarrará no poder de veto dos Estados Unidos. >>> Leia mais, clique aqui.


Comitê do Holocausto Brasil (15/10/2009)


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16/10/2009

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