Último Segundo (12/02/2009)
Nahum Sirotsky: Israel sem governo
As eleições gerais realizadas na terça-feira não decidiram quem vai governar Israel. Foram 34 partidos que disputaram as 120 cadeiras do Parlamento. A legislação eleitoral facilita criação de legendas. As teimosas minorias defendendo programas de poucas causas expressam-se em partidinhos. Os chamados grandes partidos não conseguem obter maioria absoluta, essencial para o direito de formar o governo.
Perfeito o nome hebraico do Parlamento. Knesset significa Assembleia. A piada é velha, mas continua simbólica. Conta que, em mares pouco navegados, observou-se de um navio a presença de um indivíduo em uma ilhota. Ao recolherem o náufrago, perceberam que havia duas palhoças. Perguntaram os marinheiros quem lá morava. Respondeu irritado aquele que recolhiam: “Uma casa é a sinagoga onde vivo e rezo. Naquela outra nunca ponho os pés”.
Tzipi Livni, 50 anos, ex-agente secreta, advogada, bem casada, mãe, ministra do Exterior do governo interino esperando o eleito, obteve 28 cadeiras liderando o Kadima, partido centrista, coisa difícil de definir nos nossos dias. Benjamin “Bibi” Netanyahu, político veterano, 60 anos, casado com terceira esposa, líder direitista, o que se sai melhor na televisão entre os políticos, obteve 27 cadeiras. Ambos longe da maioria absoluta.
Como esclareci em notas anteriores, o Presidente, eleito pelo Parlamento, reina mas não governa, como a rainha da Inglaterra. Mas tem a missão de consultar lideranças de partidos para ouvir qual dos eleitos tem melhores possibilidades de obter o apoio de maioria absoluta, 61 parlamentares. Em função da pesquisa, ele faz o seu convite.
A favorita do povo é Livni, porém parece a que tem menores possibilidades de formar governo, tarefa na qual falhou há três meses e que precipitou a convocação das eleições gerais. Bibi seria aquele com maior potencial. Mas ainda não é certo. Então, ao que se entende, Shimon Peres, o presidente e maior estadista, último dos criadores do Estado há 60 anos, optou por adiar a consulta por alguns dias.
Se nenhum político for indicado como favorito pelas lideranças, somando um mínimo de 61 votos, novas e caríssimas eleições terão de ser convocadas. Devido à crise econômica internacional, ao novo governo nos Estados Unidos e ao estado de nervos de líderes do mundo muçulmano, a hora não é propícia para brincadeiras de políticos. E basta que Livni ou Bibi conquistem o apoio de nova estrela política que despontou com 15 cadeiras. O imigrante russo Liberman, do Partido “Israel, Nossa Casa”, direitista, nacionalista extremo, em outros tempos classificável de reacionário, é o mais cantado destas horas.
Os encontros de líderes com os dois mais votados prosseguem ininterruptos. É provável que até o dia sagrado de descanso, o shabat, seja ignorado. Na próxima semana, Peres ouvirá o nome da boca dos políticos em cafezinho no seu palácio em Jerusalém. Há quem diga que Liberman joga de sadista. Fará Bibi suar até o ultimo instante quando dirá o seu nome e obterá importante ministério. Livni não desiste.
Eleição em Israel não é eleição em país menor do que um razoável município paulista ou razoáveis plantações de soja no Brasil central. É disputa em um pais cuja situação é estratégica para a tranqüilidade do Oriente Médio, onde é o único não-muçulmano e democrático. Obama espera um primeiro-ministro de posições flexíveis na questão do conflito com os palestinos. E só se saberá quem é com um governo enfrentando realidades concretas de um mundo no qual a crise leva a novas e ainda indefiníveis políticas da Casa Branca.
BBC Brasil (12/02/2009)
Jornal Hoje (12/02/2009)
- Cardápio israelense tem forte influência árabe: Sanduíche de bolinho de grão-de-bico com pepino, repolho, picles, tomate e batata frita? Conheça a variedade do cardápio israelense, com forte influência árabe.
- Veja a receita do kebab judaico
Jornal Nacional (12/02/2009)
- Bento XVI diz que negar Holocausto é inaceitável: O Papa pediu perdão por aqueles que causaram tanto sofrimento ao povo judeu e afirmou que é intolerável negar ou minimizar este crime contra a humanidade.
- Eleições em Israel: vantagem de uma cadeira para o partido de Tzipi Livni
ADL (12/02/2009)
- Pope Meets With Jewish Leaders
- Condoleezza Rice Optimistic About Future for Mideast
- Gaza War Unleashed 'Pandemic Of Anti-Semitism'
- Venezuelan Government Condemns Synagogue Attack
Media Watch
Marcelo Kisilevski (11/02/2009)
Veja mais:
12/02/2009
- Israel x Gaza x Oriente Médio (302) .... Gordon Brown: Hamas debe detener los robos de productos y alimentos que tienen destino la población palestina
- Israel x Gaza x Oriente Médio (301) .... Os trabalhistas podem desaparecer e o sistema político continua a degradar-se
- Israel x Gaza x Oriente Médio (300) .... Corrida por alianças em Israel
- Israel x Gaza x Oriente Médio (299) .... Eleição joga Israel em novo impasse político
- Israel x Gaza x Oriente Médio (298) .... Eleições em Israel: analistas veem resultado ruim para os EUA
Nenhum comentário:
Postar um comentário