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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Salomão Schvartzman e Zevi Ghivelder: O antissemitismo de Chávez


Os artigos sobre Israel sempre atualizados você encontra aqui.



Destaque

  • Revista Época (12/08/2009): Disney vai filmar versão de "O Diário de Anne Frank": O filme deve ser dirigido pelo escritor e dramaturgo David Mamet, que fez, entre outros, Cinturão Vermelho e Hannibal. A primeira adaptação do livro para o cinema data de 1959 e ganhou três estatuetas do Oscar.


FSP Paulo – Tendências e Debates (12/08/2009)

Salomão Schvartzman e Zevi Ghivelder: O antissemitismo de Chávez



O antissemitismo começou a mostrar suas garras na Venezuela desde a primeira eleição de Hugo Chávez, no ano de 1999


EM RECENTE exemplar da publicação "Boston Review" há um inquietante artigo assinado pelos professores Claudio Lomnitz e Rafael Sanchez sob o título "Unidos pelo Ódio - Os Usos do Antissemitismo na Venezuela de Chávez".


O primeiro leciona antropologia na Universidade Columbia, e o segundo ensina no Centro de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos na Universidade de Nova York.


Eles relatam que, no dia 30/1 deste ano, 15 homens fortemente armados arrombaram a sinagoga Tiferet Israel no bairro de Mariperez, em Caracas (Venezuela), onde saquearam seus pertences, rasgaram os rolos da Tora e outros objetos litúrgicos.


Em seguida, grafitaram as paredes do templo com inscrições como "Fora, morte para todos", "Morte para o maldito Israel", "Fora judeus" e "Não queremos vocês, assassinos". Tudo isso ao lado de desenhos de suásticas.


Segundo reportagem publicada no "New York Times" de 13/2, assinada por seu correspondente Simon Romero, os seguidores de Chávez limitaram-se a declarar que "o caso da sinagoga parece-nos uma armação comandada pelo Mossad, a agência israelense de inteligência".


Foi uma ação chocante, mas não a primeira empreendida contra a comunidade judaica da Venezuela a partir de uma declaração do presidente Chávez, já de quatro anos atrás: "O mundo tem bastante para todos, mas algumas minorias, tais como as descendentes do mesmo povo que crucificou Cristo e as que expulsaram Bolívar e, portanto, de algum modo o crucificaram, se apoderaram das riquezas do mundo". Hitler não teria concebido um texto mais abjeto.


Conforme o que foi apresentado em Londres na Conferência Mundial Contra o Antissemitismo, em fevereiro, a mídia chavista voltou-se mais agressivamente contra os judeus entre outubro e dezembro de 2008.


Naquele período, o principal site chavista na internet, "Aporrea", divulgou 136 textos de natureza antissemita. Esse mesmo site exibiu, no dia 20/1 deste ano, dez dias antes do ataque à sinagoga, um artigo assinado por um tal Emilio Silva: "Como apoiar a Palestina contra o artificial Estado de Israel". O texto conclama os leitores a apoiar a destruição de Israel e associa o judaísmo aos "interesses euro-gringos em países como Congo, Afeganistão e Colômbia".


A comunidade judaica da Venezuela corresponde a 0,5% dos 26 milhões de habitantes do país e é uma das mais antigas da América do Sul, ali estando presente desde o início do século 19.


Na luta pela independência contra a Espanha, Simón Bolívar encontrou refúgio em um grupo de judeus venezuelanos, muitos dos quais se juntaram às suas tropas de libertação.


A população judaica na Venezuela aumentou nos anos da Segunda Guerra Mundial e foi bem acolhida -mesmo porque, ao contrário do que aconteceu na Argentina, no Chile e no Paraguai, a Venezuela jamais abrigou criminosos de guerra nazistas.


O antissemitismo começou a mostrar suas garras na Venezuela desde a primeira eleição de Hugo Chávez, em 1999. Grupos afinados com o novo presidente promoveram a publicação do infame livro "Os Protocolos dos Sábios de Sion", uma comprovada fraude editada na Rússia czarista que descrevia um plano secreto dos judeus para se apoderarem do mundo.


Além disso, a mídia chavista passou a atacar proeminentes cidadãos da comunidade judaica, acusando-os de "deslealdade com a causa bolivariana" e afirmando: os "bancos semíticos que tramam um golpe de Estado".


O clube Hebraica de Caracas foi atacado duas vezes por agentes do governo, uma em novembro de 2004 e a outra em dezembro de 2007. A missão, conforme destacado na imprensa, era procurar armas e outras provas de "atividades subversivas".


No dia 25/8/06, em visita oficial à China, Hugo Chávez declarou: "Israel critica muito Hitler. Nós também, mas Israel tem feito coisas semelhantes àquelas que Hitler fez e talvez ainda pior contra a metade do mundo".


O fato é que muito mais da metade do mundo tomou consciência, há mais de 60 anos, do que pode acontecer de maligno contra seres humanos quando o antissemitismo se torna um dos sustentáculos ideológicos de um governo.


Como um papel carbono da imprensa nazista, o jornal "El Diário de Caracas" publicou há três anos um editorial com o seguinte trecho: "Devemos prestar atenção ao comportamento das associações e federações israelenses-sionistas que conspiram na Venezuela para assumir o controle de nossas indústrias, nosso comércio e nossas construções, enquanto se infiltram na política. Possivelmente teremos que expulsá-las de nosso país, assim como outras nações fizeram".


SALOMÃO SCHVARTZMAN , 74, jornalista e sociólogo, é colunista da BandNews FM e da BandNews TV. Foi diretor da Sucursal Paulista da revista "Manchete".


ZEVI GHIVELDER , 74, jornalista, foi diretor do grupo Manchete e diretor dos telejornais da extinta Rede Manchete de Televisão. É autor do romance "As Seis Pontas da Estrela" e do livro de reportagens "Missões em Israel".



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12/08/2009


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