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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Israel x Gaza x Oriente Médio (199) .... Nazismo é inevocável

FSP (26/01/2009)



Artigo: Nazismo é inevocável


Nazismo é inevocável

NOEMI JAFFE

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA



TENHO OUVIDO insistentemente, na imprensa, entre meus alunos e também entre alguns amigos, comparações entre a ação recente de Israel na faixa de Gaza e o Nazismo.


"Estado nazissionista", montagens de fotos justapondo terrores do nazismo com aparente correspondência exata aos horrores sofridos pelos palestinos. Tudo isso é absolutamente inaceitável e, creio, revelador.


Não quero aqui me posicionar sobre a ofensiva israelense que é, certamente, controversa sob muitos pontos de vista, mas falar sobre esse frenesi comparativo entre o nazismo e Israel. O que quero, essencialmente, dizer, é que nada, nada, é comparável ao nazismo.


A não ser que surja uma nova campanha nacional e continental contra uma raça, simplesmente pelo fato de ela ser uma raça e não outra; a não ser que haja uma ação consensual, coletiva e institucional, de eliminação sumária e calculada de um povo inteiro, das formas mais cruéis e sádicas possíveis, perpetradas por um exército que parecia gozar no exercício de seus pequenos poderes (campeonatos para ver quem mata mais prisioneiros com um tiro só, troca de fetos por ratos, inserção de órgãos doentes no lugar de órgãos saudáveis etc.), a não ser que haja um certo silêncio da parte de outros países em relação a práticas ocultas mas também ostensivas, da extinção de um povo inteiro, a não ser que isso aconteça novamente, nunca, e repito, nunca mais se pode chamar qualquer outra ofensiva de nazista.


Em primeiro lugar, por mais que se discorde do argumento israelense, não há como estabelecer uma ordem comparativa entre um argumento político e um argumento racista. Ambos podem ser condenáveis, mas suas naturezas são diferentes.


Já atingimos um certo estágio da civilização, pós-iluminista, em que os argumentos de ordem política e territorial têm mais plausibilidade do que argumentos ideológicos, religiosos e, principalmente, raciais.


Não importa o grau de verdade contida no argumento. Não se trata de messianismo, direito histórico ou sagrado. Trata-se de algo passível de discussão.


Em segundo lugar, a pergunta central é: por que a comparação é feita exatamente com o nazismo e não com outras ofensivas terríveis que já ocorreram ao longo da história, perpetradas por outros países?


Acredito que aí é que esteja a parte reveladora desta comparação que, na minha opinião, é mais sádica do que qualquer outra coisa. Comparar Israel com o nazismo é como dizer: "eles não aprenderam a lição; estão praticando exatamente aquilo que sofreram".


Ou seja: comparar a ação de Israel com o nazismo é usar o próprio argumento racista do nacional-socialismo: "os judeus merecem o sofrimento" ; é justificar subconscientemente os acontecimentos da segunda guerra e é, também, livrar-se da culpa que todos sentimos pelo que aconteceu.


Comparar o nazismo à ação de Israel é, na verdade, uma prática antissemita, racista e ignorante. Uma ignorância orgulhosa, vingadora e recalcada, como talvez todas as grandes ignorâncias sejam, culpadas pela perpetração de barbaridades atrozes e injustificáveis.



Em Gaza, população vê Hamas mais forte

Moradores do território afirmam que ofensiva israelense trouxe adeptos à causa palestina e poder político ao grupo radical


Para palestinos, adversário fracassou em sua meta de voltar moradores de Gaza contra facção islâmica e repeliu simpatia mundial


RAPHAEL GOMIDE

ENVIADO ESPECIAL À FAIXA DE GAZA


Os 1.300 mortos, cerca de 5.500 feridos e mais de 4.000 casas destruídas na ofensiva militar de 22 dias de Israel na faixa de Gaza representaram a vitória da causa palestina e do Hamas e a derrota de Israel - ao menos na opinião de vítimas dos bombardeios ouvidas ontem pela Folha. Se um dos objetivos de Israel era tentar voltar os palestinos contra o grupo extremista, desestabilizando-o internamente, a tática de ataque pode ter saído pela culatra. Dos entrevistados, muitos dos quais perderam parentes e suas casas, nenhum criticou os extremistas do Hamas, nem mesmo pessoas ligadas ao rival Fatah.


Para muitos, a destruição e o grande número de mortes de civis pôs a opinião pública mundial ao lado dos palestinos e fez com que o Hamas passasse a ser tratado como governante legítimo de Gaza -o grupo, que venceu as legislativas de 2006, não é considerado interlocutor oficial nem por Israel nem pelos EUA, que o classificam como terrorista. "Israel não conseguiu nada do que queria e se vingou contra os civis, destruindo tudo. É só destruição civil. É esse um dos maiores exércitos do mundo?", indaga Ramadan Mahmoud Ghonin, cuja casa foi destruída e usada por Israel como base. "Isso é loucura. Minha vizinha foi morta dentro de casa. Por que atirar em uma mulher? Não conseguiram matar os guerrilheiros, assassinaram mulheres e crianças."


No segundo andar da moradia no bairro de Betlahia, além de latas de atum e embalagens de barras energéticas deixadas por soldados israelenses, havia dezenas de cápsulas de fuzis. "O ódio contra Israel, pelo que houve, é tão grande que não há espaço para reclamar do Hamas", diz Youssef El Awa.


Mártires
Nas ruas de Gaza, as bandeiras verdes do grupo continuam a tremular no alto de mesquitas, casas e postes, ao lado de milhares de pôsteres de "mártires", ostentando fuzis ou não. "Qual é o problema com o Hamas?


Ele venceu as eleições, é o governo legítimo", disse o professor Shawqi Ramal Salem, que teve a casa destruída por bombardeio israelense.


Para Karam Basim Selman, "quem ganhou a luta foi o povo palestino, de Gaza". "Todos, qualquer criança, mulher, homem, velho guerrilheiro, todos venceram a guerra, até os mortos. Cada um lutou e desempenhou um papel à sua maneira, mesmo que não tenha pegado em armas", diz Selman. Muitos argumentam que Israel não obteve êxito militar porque, dizem, matou poucos membros do Hamas e muitos civis, além de não ter destruído muitos dos túneis na fronteira que servem para contrabando -violando o bloqueio econômico imposto a Gaza em junho de 2007, quando o grupo expulsou o rival Fatah do território e assumiu seu controle.


"O Hamas continua no poder. Governos no mundo ficaram a favor da causa palestina contra Israel. [Muitos] já não chamam o Hamas de terroristas, mas de Hamas. Israel fortaleceu a causa palestina e o partido", afirma Omar El Jamal. Para um militante do Fatah, o momento seria de união entre os adversários, mas a suposta "vitória" impede isso por ora. "As duas partes deveriam se aproximar, pois o inimigo principal é Israel. Ainda vejo divisão, e o motivo é que Israel não ganhou a guerra. Se a vencesse, a união provavelmente aconteceria mais facilmente", disse.


Veja animação sobre a história dos conflitos na região

www.folha.com.br/090159



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