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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Visita de iraniano é complicada para Lula e Israel quer que Brasil decida de que lado está


Os artigos sobre Israel sempre atualizados você encontra aqui.



Destaque

CONIB – Boletim Extra (24/07/2009)


Governo e CONIB vão fazer projeto de cooperação no exterior


O governo federal e a Confederação Israelita do Brasil (Conib) decidiram nesta quinta-feira, em São Paulo, iniciar o desenho de um projeto conjunto de cooperação internacional, a fim de levar a países em desenvolvimento, por exemplo, programas de capacitação, em especial na área de saúde. O entendimento veio durante encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Cláudio Lottenberg, presidente da Conib.


“Nossa intenção é colaborar com a política externa brasileira voltada a proporcionar auxílio às nações menos favorecidas, que enfrentam graves problemas na área social”, afirmou Lottenberg. “E assim temos mais uma frente para ampliar as ações de nossa comunidade na área de responsabilidade social, que já desenvolvemos há muito tempo no Brasil, seguindo nossas tradições judaicas”.


Depois do encontro desta quinta, integrantes do governo federal e da Conib devem se reunir para acertar detalhes do projeto de cooperação internacional. O Brasil implementa vários programas de cooperação técnica com países em desenvolvimento, por exemplo, da África e da América Latina.


Lula recebeu a diretoria da Conib acompanhado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e de Clara Ant, assessora especial da Presidência. A delegação da entidade presidida por Cláudio Lottenberg contou com nove integrantes.


O presidente Lula também reafirmou sua intenção de visitar Israel e apontou o primeiro semestre do próximo ano como período mais provável para a viagem. Ele afirmou que não deseja terminar seu mandato sem uma visita a Israel.


Em novembro, o presidente israelense, Shimon Peres, deverá ser recebido em Brasília, em mais um passo na intensificação das relações bilaterais. Nesta semana, a vinda do ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, representou a primeira visita ao Brasil de um chanceler israelense em 22 anos.



FSP (24/07/2009)


Israel quer que Brasil decida de que lado está


Membro de delegação de Liberman diz que Itamaraty precisa optar se é aliado de Estado judaico ou de seu rival Irã


Depois de receber chanceler israelense, Brasília aguarda visita do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que nega o Holocausto


SAMY ADGHIRNI

ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA


Chegará o dia em que o Brasil deverá escolher de que lado está entre Israel e Irã. O alerta é de um dos mais altos membros da delegação do chanceler Avigdor Liberman, que ontem continuou pela Argentina seu giro sul-americano iniciado em São Paulo na terça-feira.


A advertência foi feita à Folha, sob condição de anonimato, durante jantar oferecido anteontem pelo embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher, à comitiva ministerial e a alguns convidados brasileiros.


O evento, ocorrido no salão de um hotel de Brasília, propiciou conversas informais que traduziram as impressões da delegação israelense após os encontros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chanceler Celso Amorim.


Liberman entendeu que o Brasil não vê o programa nuclear do Irã -que Teerã diz ser pacífico- como uma ameaça global e que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, será bem recebido quando vier neste ano a Brasília.


Questionado duas vezes pela Folha, o ministro não respondeu se a visita de Ahmadinejad afetaria a viagem ao Brasil do presidente israelense, Shimon Peres, prevista para novembro.


Liberman repassou para o Brasil a saia justa diplomática.


"Cabe [aos brasileiros] decidirem se querem mesmo receber um líder que ameaça o mundo e promove todo ano um evento de pessoas que negam o Holocausto", disse o ministro aos convidados do jantar.


Segundo um assessor de Liberman, a estratégia de "ser amigo de todo mundo" atrapalha planos da diplomacia brasileira de transformar o Brasil numa potência geopolítica e de conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.


O mesmo colaborador ressaltou que a viagem ao Brasil não buscava "revolucionar" a política externa do governo Lula, mas apresentar a visão israelense e lançar as bases para um diálogo mais próximo.


Vários membros da delegação pediram aos brasileiros presentes no jantar informações sobre a Venezuela, principal aliada do Irã na região.


Concessões
Liberman também aproveitou o jantar para expor em detalhes algumas de suas ideias controversas para pôr fim à violência no Oriente Médio.


O ministro fustigou acordos de paz firmados por governos israelenses anteriores, culpou os palestinos pelo impasse nas conversas e minimizou o conflito israelo-árabe, dizendo que ele é responsável por uma parte irrelevante das mortes em guerras na região.


O chanceler só sorriu duas vezes ao longo do jantar. Uma ao falar da admiração pelo futebol brasileiro, outra ao ironizar as pretensões pacíficas do programa nuclear iraniano -"o Irã quer mísseis de longo alcance para espalhar a paz de suas centrais atômicas".


Colaboradores confirmaram a fama de durão de Liberman, mas disseram que o premiê Binyamin Netanyahu é ainda mais linha-dura em relação aos palestinos.


Segundo assessores, o chanceler, que prega um contrato de lealdade ao Estado judaico para cidadãos árabes israelenses, tem consciência da imagem de racista -o secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, inclusive o definiu assim em entrevista à imprensa israelense-, mas também é visto como íntegro e sincero.


Liberman foi nomeado chanceler depois que seu partido, o ultranacionalista Israel Beitenu, foi o terceiro mais votado nas eleições de fevereiro, tornando-se peça central da coalizão governista de Netanyahu.


"A diferença é que nós não temos medo de falar alto aquilo que no fundo todos os israelenses pensam", disse à Folha Faina Kirschenbaum, diretora-geral do Israel Beitenu.



Análise: Visita de iraniano é complicada para Lula


CLÓVIS ROSSI

COLUNISTA DA FOLHA


É absoluta, a ponto de impressionar, a simetria de posições entre o chanceler ultralinha-dura de Israel, Avigdor Liberman, e Barack Obama, o mais "soft" presidente que os Estados Unidos tiveram desde Jimmy Carter (1977-81). Coincidência no ponto específico das relações Brasil-Irã.


Basta conferir frases de ambas as partes. Anteontem, em Brasília, Liberman disse que "o Brasil, mais que qualquer outro país" pode ajudar a pôr fim ao programa nuclear iraniano.


No dia 9 passado, em Áquila (Itália), Obama disse a seu colega Luiz Inácio Lula da Silva que "por causa da força e profundidade das relações comerciais [Brasil-Irã], o Brasil pode ter um impacto ao reiterar que o governo iraniano tem responsabilidades com a comunidade internacional no que se refere ao programa nuclear", conforme o relato da conversa entre os dois presidentes feito depois por Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca.


A coincidência significa, na prática, o seguinte: desprezar a sugestão de Liberman é relativamente fácil porque se trata de um personagem ultracontrovertido e ministro de um país que não é prioritário para a diplomacia brasileira.


Mas se o fizer, o presidente Lula estará desprezando também um palpite de Obama, com o qual o governante brasileiro está tão encantado que sua diplomacia procura tirar do caminho do norte-americano todas as minas que aqui e ali aparecem, ao menos no cenário latino-americano.


É claro que convém uma pitada de ceticismo a respeito da real capacidade de o Brasil influir sobre o Irã.


As relações comerciais podem ser crescentes mas estão de longe de ter, para um lado e outro, a mesma importância dos negócios Brasil-EUA ou Brasil-China, para ficar em apenas dois exemplos.


Além disso, regimes autoritários e ainda por cima de base religiosa, como o do Irã, têm imensa dificuldade em aceitar qualquer palpite externo, sempre visto como ingerência em negócios internos.


Sem mencionar o racha entre os aiatolás que ficou cristalino em consequência do processo eleitoral e cujos desdobramentos podem provocar algum tipo de mudança até que se concretize a visita do presidente Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil, já anunciada, mas com data ainda em aberto.


Lula, aliás, perdeu uma boa oportunidade de ficar calado ao ser um dos raros governantes democráticos a avalizar o resultado eleitoral sem pensar duas vezes.


Com isso, expôs-se a uma situação constrangedora ao ser recebido no início do mês pelo presidente francês Nicolas Sarkozy: em entrevista coletiva, Lula repetiu a defesa que fez do resultado eleitoral iraniano, apenas para ser imediatamente contraditado pelo colega francês, que disse que o próprio "povo iraniano havia contestado os resultados, em manifestações com centenas de milhares de pessoas".


Tudo somado, Lula terá que pisar em ovos no encontro com Ahmadinejad. Calar-se sobre o programa nuclear iraniano e, ao mesmo tempo, endossar a contestada eleição do colega passaria aos parceiros do mundo desenvolvido uma imagem de pusilanimidade, o que não favorece a pretensão brasileira de exercer crescente influência no jogo político global.


Por isso, o mais lógico é que Lula repita o que disse seu chanceler Celso Amorim anteontem: o Brasil é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear e "gostaria que todos os países fizessem o mesmo".


Não contraria ninguém. Nem entusiasma.



FSP online (24/07/2009)


Estadão (24/07/2009)


JB (24/07/2009)


G1 (24/07/2009)


Deutsche Welle (24/07/2009)


GP (23/07/2009)


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