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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quinta-feira, 18 de março de 2010

De Washington e Jerusalém – O manual da crise Israel x EUA e Amorim: Brasil quer um "novo olhar" sobre a paz no Oriente

Os artigos sobre Estudos Judaicos e Israel sempre atualizados você encontra aqui.



Destaque 1


Destaque 2

Lula discursou na Jordânia. Voltou a defender a criação do estado palestino. Até aí, muito bem. Ninguém é contra — exceção, talvez, ao Hamas, para quem isso só é possível com o fim do Israel, o que não é… possível! O brasileiro também falou contra o muro da Cisjordânia em sua atuação como grande conciliador… anti-Israel.

Respondendo a uma questão, afirmou: “Quem sabe a divergência entre Estados Unidos e Israel seja a coisa mágica que faltava para se chegar a um acordo”. Em fala tão breve, boçalidade tão longa, que reafirma o que o pior do antiamericanismo pode produzir.

Fica parecendo que, ao longo do tempo, o apoio americano a Israel é que impediu a existência do estado palestino. Com muita boa vontade, poder-se-ia dizer que essa aliança assegurou a existência de Israel. Mas também isso seria inexato, errado. O país venceu sozinho as guerras para as quais foi convocado. No máximo, os Estados Unidos foram a garantia de que a “potência” então inimiga, a extinta URSS, não se meteria ali. Não mais do que isso.

Lula não tem idéia da enormidade que disse — porque “ter idéia”, nesse caso, demandaria mais do que voluntarismo, mais do que sua lógica de sindicalista acostumado a explorar a divisão dos “adversários” para triunfar. Um dos erros fatais — e põe “fatal” nisso! — que alguém pode cometer no Oriente Médio é supor que, sob uma ameaça iminente, Israel pediria licença para os EUA para agir.

Não o faria. Porque isso seria pedir licença para existir. Qualquer pessoa minimamente responsável tem de ver com preocupação a tensão entre EUA e Israel, não como uma janela de oportunidades.

Não, Lula não tem idéia! Mas Celso Amorim tem. E ele próprio já havia espalhado essa tese delinqüente entre os jornalistas que cobrem a visita de Lula a Israel e à Jordânia.

Acreditar que um Israel isolado aumenta as chances de paz no Oriente Médio está entre as maiores tolices ditas por Lula nestes mais de sete anos de poder. Não sei se é “a” maior. Mas é, sem dúvida, a mais perigosa.


Destaque 3


O Globo (18/03/2010)


FSP (18/03/2010)

  • Editoriais: Sabotagem israelense: NÃO TEM sido pequeno o esforço diplomático norte-americano para convencer a Autoridade Nacional Palestina a retomar as negociações de paz com Israel. Os líderes da ANP se recusavam a dar continuidade ao processo desde a invasão da faixa de Gaza pelo Exército israelense, no final de 2008. Há duas semanas, por fim, os palestinos aceitaram um modelo de conversações que seria conduzido por um representante dos EUA. O acordo no entanto não durou mais do que dois dias. O governo israelense aparentemente preferiu sabotar a continuidade das negociações. Só pode ser vista assim a descabida decisão de construir mais 1.600 casas para judeus em Jerusalém Oriental, reivindicada pelos palestinos como capital de seu futuro Estado. Não bastasse, o anúncio -como uma afronta- foi feito durante a visita ao país do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, que pretendia marcar o reinício das negociações. A insistência de Israel na política de fatos consumados, que busca lenta e inexoravelmente anexar parcelas do que deveria ser o futuro Estado palestino, dessa vez conseguiu irritar até mesmo os EUA. Ao minar os esforços americanos, o governo israelense enfraquece líderes palestinos que ainda defendem a necessidade de diálogo. Manifestações de rua conclamadas pelo grupo radical Hamas ganharam anteontem o apoio de membros do Fatah, partido mais moderado e secular. Os EUA continuam a ser a única potência capaz de obrigar os israelenses a se sentarem à mesa de negociações. Israel é o país que mais recebe ajuda financeira americana, estimada em US$ 2,4 bilhões anuais. Impor condições para manter essa transferência poderia surtir efeitos. É pouco provável, todavia, que Barack Obama se disponha, num momento em que se encontra enfraquecido, a enfrentar fortes resistências políticas internas para pressionar com mais determinação o aliado.
  • Ramallah - Clóvis Rossi: A menina, o soldado e o muro: Em frente ao hotel Jacir Intercontinental de Belém, no qual se hospedou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um muro exibe uma pintura que vale mais que dez livros sobre o sentimento dos palestinos. Mostra um soldado israelense com as mãos na parede, sendo vistoriado por uma menina palestina, véu à cabeça. É a completa inversão do cotidiano dos palestinos, meninos e meninas inclusive: para sair de seus territórios, são permanente submetidos à apalpação de segurança, talvez o menor dos tormentos que afetam a vida deles. O olhar da menina não carrega ódio. Parece distante, como se a rotina a entediasse, como certamente entendia uma menina de verdade submetida a controles que, não raro, são abusivos. Dou um exemplo pessoal: para entrar na segunda-feira no palácio presidencial de Jerusalém, tive que, literalmente, abaixar as calças e exibir a cicatriz da operação para colocação de prótese no quadril (uma peça de titânio que apita sempre que passo nos escâneres de segurança). É um abuso burro: a cicatriz existe, mas poderia ter sido provocada por um tiro, uma facada, outra operação. Não prova que eu tenho uma peça de metal no quadril. É esse o drama dos palestinos: precisam provar, uma e mil vezes, que não são terroristas, embora alguns dentre eles o sejam. Mas sofrem todos a "punição coletiva" do jargão diplomático-jurídico internacional e que tanto horroriza os adeptos da legalidade. Não deu tempo de fazer uma pesquisa ampla para saber se a maioria dos palestinos incorporou o tédio/ conformismo da menina pintada no muro. Os incidentes dos últimos dias, no entanto, dão razão a Avi Issacharoff e Amos Harel, do "Haaretz", quando dizem que "parece que outro substancial choque israelo-palestino, com Jerusalém no meio, está se tornando crescentemente próximo".
  • Crise Israel-EUA pode ser "mágica", diz Lula: Na Cisjordânia, presidente afirma que divergência entre aliados devido a assentamentos pode ser o que faltava para impulsionar paz. Brasileiro volta a criticar colônias judaicas em áreas reivindicadas por palestinos, mas diz deixar região mais otimista do que na chegada. CLÓVIS ROSSI. ENVIADO ESPECIAL A RAMALLAH. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê na crise entre Israel e os EUA, o principal respaldo internacional do Estado judaico, uma divergência "que parecia impossível de ocorrer", mas que "quem sabe", seja a "coisa mágica que faltava para chegar ao acordo [de paz] entre israelenses e palestinos". Pode parecer uma adaptação do lugar comum segundo o qual toda crise é também uma oportunidade. Mas a frase, pronunciada em entrevista coletiva concedida ontem em Ramallah, a capital provisória dos palestinos, reflete uma análise geopolítica mais abrangente da diplomacia brasileira. Análise que tem como eixo central o crescente avanço do Irã no Oriente Médio. Hoje, o país tem penetração no Líbano, por intermédio do Hizbollah, misto de movimento político, social e militar, e na faixa de Gaza, usando o Hamas. É eloquente que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, ao lado do qual Lula falou aos jornalistas, tenha dito há uma semana que o Hamas "deveria livrar-se da tutela iraniana". É uma raríssima coincidência de ponto de vista entre um líder palestino e um israelense, no caso o presidente Shimon Peres, que disse ao jornal espanhol "El País", no domingo: "Gaza está sob domínio do Irã. É um organismo iraniano. Eles é que põem o dinheiro". Na análise da diplomacia brasileira, o avanço iraniano é alimentado pelo conflito israelo-palestino. Não é uma opinião isolada: no jornal "Haaretz" de ontem, o colunista Eidad Yaniv escreveu que "é bom para eles [os radicais palestinos e o Irã] que Israel esteja se tornando uma versão atualizada de um Estado de apartheid". Chega-se, assim, à "coisa mágica" desejada por Lula: só a pressão americana seria de fato capaz de forçar Israel a fazer as concessões indispensáveis para a criação de um Estado palestino "viável", o que tiraria do Irã a arma principal para conquistar adeptos no Oriente Médio. Se a análise estiver correta, vem a pergunta seguinte inevitável: os EUA exercerão pressão suficiente para convencer o governo Binyamin Netanyahu? Claro que não há uma resposta científica, mas Reuven Rivlin, presidente da Knesset, o Parlamento de Israel, e do mesmo partido de Netanyahu, disse ontem ao "Haaretz": "Se não fosse presidente da Knesset, diria que os americanos não derramarão uma lágrima se Netanyahu e seu governo caírem". Enquanto não acontece a "coisa mágica", Lula cravou ante as autoridades palestinas demandas que não foram apresentadas a Israel, ao menos não de público, e que, claro, soaram como música: 1 - "O muro da separação deve vir abaixo. O mundo não suporta mais muros". É uma alusão ao muro de 350 quilômetros que Israel está construindo para separar seu território das áreas palestinas. As chances de que Israel concorde tendem a zero; 2 - "A ampliação dos assentamentos também deve parar sob pena de apagar definitivamente a chama da esperança". A frase é bonita, mas passa por cima do fato de que, na presença do próprio Lula, Netanyahu dissera, na segunda, que Israel não pretende parar as construções em Jerusalém Oriental. Lula reconhece que é difícil a tarefa de negociar a paz, mas afirmou que seu governo "está mais disposto do que nunca" a ajudar nas negociações. Tão disposto que aceita conversar até com o Hamas, considerado organização terrorista pelos EUA e pela União Europeia e em choque aberto com Abbas, o anfitrião de Lula. "Converso com quem quer que tenha importância na mesa de negociação e faça o processo andar. Não existe força política, de direita ou de esquerda, com quem o Brasil não tenha disposição de conversar." Para materializar qualquer conversa com o Hamas, no entanto, há um problema: Lula pede que "o povo palestino seja coeso e fale com uma só voz", ao mesmo tempo em que cobra que essa voz seja "de equilíbrio e moderação e respeite os direitos de Israel". Não é uma descrição que se aplique usualmente ao Hamas, mas, ainda assim, Lula encerrou sua visita a Ramallah com a afirmação de que saía mais otimista do que chegara. Ainda ontem, ele viajou à Jordânia, escala final de sua turnê pela região, onde foi recebido pelo rei Abdullah 2º.
  • Cunhado de premiê acusa Obama de ser antissemita
  • Líder brasileiro é alvo de tietagem palestina: MARCELO NINIO. ENVIADO ESPECIAL A RAMALLAH. Lula recebeu tratamento de popstar ontem em Ramallah, com direito a coro organizado, agarrões e histeria coletiva. Os palestinos retribuíram o ardente apoio dado pelo presidente brasileiro a sua luta por um Estado independente com manifestações de tietagem explícita. Para ver Lula de perto, cerca de 200 pessoas se aglomeraram em volta de um pequeno palco montado para a inauguração da rua Brasil, um modesto trecho mal asfaltado bem em frente à sede do governo palestino. Estima-se que haja cerca de 2.000 brasileiros na Cisjordânia. E o presidente não decepcionou a plateia, formada por pessoas vindas de várias partes da Cisjordânia, quase todas com alguma ligação com o Brasil, além da afetiva. Logo na abertura de seu discurso, Lula disse que estava feliz em estar pela primeira vez "naquele país", levando os fãs ao delírio. A paulistana Fadah Thum, há dez anos morando em território palestino, organizou um grupo de 40 pessoas de Al Mazra'a Al Sharqia, conhecida como a "aldeia brasileira" da Cisjordânia. Durante o discurso, puxou o coro para Lula, trocou acenos com o presidente e foi a primeira a abraçá-lo quando se formou o enorme tumulto no fim da cerimônia. Fiquei emocionada, porque foi uma homenagem muito bonita do presidente a um povo muito sofrido", disse Fadah, que está escrevendo sua tese de pós-graduação na universidade palestina de Bir Zeit sobre a política brasileira em relação à causa palestina desde 1948. Entre os cartazes exibidos pela plateia, muitos exaltavam a amizade entre brasileiros e palestinos. Outros pediam que Lula intercedesse a favor da causa palestina. Mustafa Dahl, técnico de futebol originário de São Paulo, que mora em Beitunia, ao lado de Ramallah, disse que há missões mais difíceis. "Acho mais fácil fazer a paz do que ensinar futebol aos palestinos", brincou Dahl. Mas embora a simpatia pelo presidente tenha sido unânime, havia vozes pragmáticas quanto a sua pretensão de ter papel mediador no conflito. "A intenção é boa, mas só nós podemos resolver nossos problemas", disse Fathi Abu Moghli, ministro da Saúde palestino. Quando a rua já estava inaugurada e o presidente já depositava flores no túmulo do histórico presidente palestino Iasser Arafat, dezenas de pessoas ainda se espremiam diante do portão fechado, implorando para entrar no local. Vestido com um gasto mas elegante terno azul turquesa e uma kefiah branca na cabeça, o tradicional lenço árabe, o agricultor Khader Joseph foi o primeiro a chegar à rua Brasil, quase duas horas antes da cerimônia. Nascido na Cisjordânia, Joseph viveu 20 de seus 78 anos no Rio Grande do Sul, na década de 1970. "Aprendi a ser brasileiro e tinha de estar aqui para ver o presidente", disse Joseph, elogiando o apoio explícito de Lula à causa palestina. "Seremos eternamente agradecidos."


FSP online (18/03/2010)


Estadão (18/03/2010)


JB (18/03/2010)


ZH (18/03/2010)


CB (18/03/2010)


GP (18/03/2010)


Paraná online (18/03/2010)


Terra (18/03/2010)


G1 (18/03/2010)


Último Segundo (18/03/2010)


Uol Internacional / Mídia Global (18/03/2010)


Aurora Digital (18/03/2010)


Carta Maior (17/03/2010)


Em Cima da Hora (17/03/2010)

  • Lula defende o fim do muro de Israel: Em sua visita pelo Oriente Médio, o presidente Lula voltou a afirmar que o bloqueio na Faixa de Gaza não pode continuar. Ele também falou sobre a crise diplomática entre os EUA e Israel.


BBC Brasil (17/03/2010)


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