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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Israel x Gaza x Oriente Médio (22).... E no sétimo dia não há descanso, a guerra continua

O Globo, Mundo, páginas 20, 21 e 22, em 02/01/2009.


Página 22

Israelenses divididos entre pânico e desdém

Renata Malkes

Especial para O GLOBO


ASHKELON. Em Israel, o estado de espírito de milhares de civis que moram num raio de até 40 quilômetros da Faixa de Gaza muda com a mesma velocidade com que dezenas de foguetes Grad e Qassam caem. Divididos entre o pânico e o desdém, e entre as decisões de permanecer em abrigos antiaéreos ou dar uma volta pelas ruas vazias, os moradores do sul do país têm buscado no humor uma maneira de extravasar as tensões do sexto dia de conflito na vizinha Faixa de Gaza.


Muitos desrespeitam determinação de não sair

Contrariando as recomendações da Defesa Civil, bastam apenas 30 minutos de calmaria para que os moradores de cidades como Ashkelon, Ashdod e Beersheba saiam de casa e arrisquem pequenos passeios pelas ruas vazias. Mas, quando toca a sirene que alerta para o lançamento de foguetes de Gaza, a sensação de alívio desaparece.


Ontem por volta das 13h (9h de Brasília), em menos de 15 minutos foram ouvidas quatro sirenes.

Quatro foguetes caíram em Ashkelon. Pelo menos 15 pessoas se encontraram no mesmo bunker de concreto, chamado pelos israelenses de “migunit”, nos fundos do porto. Ao entrar, a expressão de medo e desespero registrada no rosto de cada uma transformava-se, durante o bombardeio, em sorrisos, risadas e piadas de mau gosto sobre a guerra, os palestinos e até sobre os próprios israelenses.


— É um riso nervoso. Já estamos acostumados a interromper as atividades do dia a qualquer hora, correr para o bunker, ouvir o ‘bum’ da explosão e, minutos depois, retomar a rotina como se nada tivesse acontecido até a próxima sirene de alerta — disse ao GLOBO o estudante paulista Fred Haiat, de 28 anos, que há cinco mora na região.


Segundo o professor Yoram Yuval, do Departamento de Psicologia da Universidade de Haifa, diante da impossibilidade de mudar a situação, a ambigüidade das reações ao medo é normal e pode ser saudável.


Humor alivia tensão, diz especialista

Ele lembra que durante os pogroms contra comunidades judaicas no Leste da Europa no fim do século XIX, para escapar da realidade, os judeus faziam piadas, no que se transformou hoje no famoso “humor ídiche”.


— O humor afasta o medo, pois é uma forma de aliviar a tensão. Na verdade, os foguetes do Hamas são muito mais assustadores do que perigosos. A psicologia evoluiu muito neste diagnóstico. Se antes achávamos que era um comportamento indicativo de trauma, hoje achamos saudável. Os ataques são uma realidade que os civis não podem mudar — explicou o psicólogo.


O Globo online

  • Flagrante da queda de um foguete em cidade de Israel: Imagens de um circuito fechado de vídeo da cidade de Ashkelon, em Israel, flagraram o momento exato em que um foguete lançado por palestinos atingiu a rua. Um pedestre que passava pelo local escapou por pouco da explosão. Assista às imagens (sem áudio).

G1

FSP

ADRIAN HAMILTON

DO "INDEPENDENT"

Ignore as acusações e contra-acusações de culpa. O bombardeio de Gaza aconteceu porque atendia aos interesses políticos das partes envolvidas.


O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, o impeliu, a ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, o aplaudiu, e o primeiro-ministro Ehud Olmert o sancionou porque há uma eleição programada para fevereiro, e o líder da oposição e arquifalcão Binyamin Netanyahu está na dianteira nas sondagens de intenção de voto. Barak, como líder do Partido Trabalhista, e Livni, como líder do partido governista Kadima, estão determinados a ser mais guerreiros que ele.


O timing estava certo, e as circunstâncias, também.


George W. Bush, o presidente americano mais avassaladoramente pró-Israel desde o nascimento do país, ainda estará no poder pelas próximas semanas, antes da posse de um líder novo e menos resolutamente favorável a Israel, em 20 de janeiro.


Ao mesmo tempo, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, também em final de mandato, viu nesta guerra a oportunidade de quebrar de uma vez por todas a espinha de sua oposição, o Hamas, antes de serem realizadas novas eleições. Gaza é o último e desesperado lance de xadrez de três líderes que se encaminham para a porta de saída -Bush, Olmert e Abbas.


E o que dizer do próprio Hamas? É verdade que o grupo errou em seus cálculos ao pôr fim ao cessar-fogo quando o fez e subestimar a ferocidade da resposta israelense. Ele travou um jogo de pombas e falcões com Israel, apostando sua própria população na jogada dos dados. Mas é verdade também que o Hamas tem suas razões políticas para saudar um confronto violento com o inimigo. Quanto mais duro Israel golpeia Gaza, mais enfurecida fica a população do território e mais solidariedade é despertada nos países muçulmanos.


Pode soar como intransigência dizer que centenas de civis morreram puramente no interesse de um grupo de políticos demasiado atentos a suas ambições próprias para levar em conta as consequências. Mas essa é a verdade brutal sobre este conflito.


Do mesmo modo que essa conflagração é essencialmente política, sua solução também precisa ser política.


Apesar de seus esforços para provar o contrário, Israel não é imune à desaprovação do mundo externo. Embora tenha barrado a entrada de qualquer organização de mídia em Gaza, vivemos no mundo moderno dos celulares e da internet, e as notícias não podem ser caladas.


Barak e Livni devem saber, graças à experiência no Líbano, que ações desse tipo só funcionam se produzem resultados rápidos. Nos primeiros dias, eles podiam nutrir a esperança de superar Netanyahu em intransigência. Mas depois de uma semana sem uma vitória clara, eles começarão a parecer ineficazes. Em algum momento, eles podem muito bem considerar que é do seu interesse declarar vitória e aceitar um cessar-fogo.


A melhor coisa que o mundo externo pode fazer para ajudar é parar de fazer o jogo político. A crise na faixa de Gaza começou e foi imensuravelmente agravada pela maneira como Washington e Londres vêm trabalhando para reforçar Mahmoud Abbas e solapar o Hamas.
O Egito e os chamados Estados árabes moderados, além do quarteto, representado por Tony Blair, foram sugados para dentro de uma política de isolamento proposital de Gaza e enfraquecimento do Hamas. Essa política não funcionou e não funcionará. O Hamas foi democraticamente eleito e, quanto mais isolado, mais é reforçada sua reivindicação de representar a única voz palestina independente. Barack Obama não vai reverter essa política do dia para a noite. Ele não pode, em vista do compromisso dos EUA com Israel, e é inútil esperar que o faça. Mas ele pode influenciar a opinião pública. Uma palavra sua de condenação ao recurso à violência como arma política seria o suficiente para avisar os líderes e o eleitorado israelense de que uma abordagem mais justa está a caminho.


A crise em Gaza não será solucionada enquanto os palestinos não se entenderem. Mas sua única chance de fazê-lo depende de Washington, Londres e o quarteto pararem de tomar partido e de Israel parar de fazer política por meio da guerra.


Tradução de CLARA ALLAIN

FSP online

Estadão

Estadão Blog do Gustavo Chacra:


Estadão Blog Marcos Guterman:

Deutsche Welle

Aurora

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