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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Israel x Gaza x Oriente Médio (58) .... A nota da “OLPT” / A carne barata das crianças palestinas / Mudar as palavras

FSP

Ilustrada: João Pereira Coutinho: Mudar as palavras

ISRAEL ESTÁ novamente em guerra com os terroristas do Hamas, e não existe comediante na face da Terra que não tenha opinião a respeito. Engraçado. Faz lembrar a última vez que estive em Israel e ouvi, quase sem acreditar, um colega meu, acadêmico, que em pleno Ministério da Defesa, em Jerusalém, começou a "ensinar" os analistas do sítio sobre a melhor forma de acabarem com o conflito. Israel luta há 60 anos por reconhecimento e paz.


Mas ele, professor em Coimbra, acreditava que tinha a chave do problema. Recordo a cara dos israelenses quando ele começou o seu delírio. Uma mistura de incredulidade e compaixão. Não vou gastar o meu latim a tentar convencer os leitores desta Folha sobre quem tem, ou não tem, razão na guerra em curso. Prefiro contar uma história. Imaginem os leitores que, em 1967, o Brasil era atacado por três potências da América Latina. As potências desejavam destruir o país e aniquilar cada um dos brasileiros. O Brasil venceria essa guerra e, por motivos de segurança, ocupava, digamos, o Uruguai, um dos agressores derrotados. Os anos passavam. A situação no ocupado Uruguai era intolerável: a presença brasileira no país recebia a condenação da esmagadora maioria do mundo e, além disso, a ocupação brasileira fizera despertar um grupo terrorista uruguaio que atacava indiscriminadamente civis brasileiros no Rio de Janeiro ou em São Paulo.


Perante esse cenário, o Brasil chegaria à conclusão de que só existiria verdadeira paz quando os uruguaios tivessem o seu Estado, o que implicava a retirada das tropas e dos colonos brasileiros da região. Dito e feito: em 2005, o Brasil se retira do Uruguai convencido de que essa concessão é o primeiro passo para a existência de dois Estados soberanos: o Brasil e o Uruguai.


Acontece que os uruguaios não pensam da mesma forma e, chamados às urnas, eles resolvem eleger um grupo terrorista ainda mais radical do que o anterior. Um grupo terrorista que não tem como objetivo a existência de dois Estados, mas a existência de um único Estado pela eliminação total do Brasil e do seu povo.


É assim que, nos três anos seguintes à retirada, os terroristas uruguaios lançam mais de 6.000 foguetes contra o Sul do Brasil, atingindo as povoações fronteiriças e matando indiscriminadamente civis brasileiros. A morte dos brasileiros não provoca nenhuma comoção internacional. Subitamente, surge um período de trégua, mediado por um país da América Latina interessado em promover a paz e regressar ao paradigma dos "dois Estados". O Brasil respeita a trégua de seis meses; mas o grupo terrorista uruguaio decide quebrá-la, lançando 300 mísseis, matando civis brasileiros e aterrorizando as populações do Sul.


Pergunta: o que faz o presidente do Brasil?


Esqueçam o presidente real, que pelos vistos jamais defenderia o seu povo da agressão.
Na minha história imaginária, o presidente brasileiro entenderia que era seu dever proteger os brasileiros e começaria a bombardear as posições dos terroristas uruguaios. Os bombardeios, ao contrário dos foguetes lançados pelos terroristas, não se fazem contra alvos civis -mas contra alvos terroristas. Infelizmente, os terroristas têm por hábito usar as populações civis do Uruguai como escudos humanos, o que provoca baixas civis.


Perante a resposta do Brasil, o mundo inteiro, com a exceção dos Estados Unidos, condena veementemente o Brasil e exige o fim dos ataques ao Uruguai.


Sem sucesso. O Brasil, apostado em neutralizar a estrutura terrorista uruguaia, não atende aos apelos da comunidade internacional por entender que é a sua sobrevivência que está em causa. E invade o Uruguai de forma a terminar, de um vez por todas, com a agressão de que é vítima desde que retirou voluntariamente da região em 2005.


Além disso, o Brasil também sabe que os terroristas uruguaios não estão sós; eles são treinados e financiados por uma grande potência da América Latina (a Argentina, por exemplo). A Argentina, liderada por um genocida, deseja ter capacidade nuclear para "riscar o Brasil do mapa".


Fim da história? Quase, leitores, quase. Agora, por favor, mudem os nomes. Onde está "Brasil", leiam "Israel". Onde está "Uruguai", leiam "Gaza". Onde está "Argentina", leiam "Irã". Onde está "América Latina", leiam "Oriente Médio". E tirem as suas conclusões. A ignorância tem cura. A estupidez é que não.


Veja.com

Blog Reinaldo Azevedo: A carne barata das crianças palestinas

Certo! Pode-se afirmar que os militantes do Hamas só usam cadáveres de crianças como bandeiras porque, afinal, há cadáveres de crianças. Sem dúvida, em qualquer guerra, elas são as vítimas que mais chocam e constrangem. Mas o que os terroristas fizeram para poupá-las? Nada! Ao contrário! A carne das crianças palestinas ou das crianças libanesas do Sul do Líbano são as mais baratas do Oriente Médio. Os militantes do Hamas e do Hezbolhah, respectivamente, escondem-se em meio à população civil. A cada criança morta, um triunfo. A imprensa dos países islâmicos faz o uso esperado dos cadáveres. E a dos países ocidentais não fica atrás. A primeira investe no vitimismo; a segunda, na perversão humanista.


A foto de uma criança palestina com lágrimas nos olhos vale por milhares de editoriais censurando Israel. O que sai do olhar treinado e estudado do fotógrafo assume as características de um flagrante. O que é uma escolha confunde-se com um registro objetivo da guerra. Imagens com essas características valem por perguntas: “Mas onde estão as criancinhas israelenses? Cadê os cadáveres dos infantes judeus?”. Também induzem algumas respostas: “Sem elas, só se pode concluir uma coisa: trata-se de uma luta desigual! De uma reação desproporcional! Precisamos de mais cadáveres de judeus para que possamos, então, ser compreensivos com Israel”.


E o ato essencialmente imoral do terrorismo islâmico — mais um — perde relevo para a comoção. Mais eficientes do que os foguetes do Hamas, são os cadáveres das crianças palestinas. São bombas de efeito moral que explodem no território israelense e demonizam um país que só não foi extinto em razão da sua tenacidade — também a militar. “Ora, então Israel que evite a reação”. É? E como agir, então, para conter o agressor? Reação proporcional?


Reação proporcional? Deve-se levar isso a sério? Terão os israelenses de fabricar seus foguetes quase domésticos par jogar em Gaza ou no Sul do Líbano? Seria legítimo treinar homens-bomba, que morreriam, então, em nome de Iahweh? Devem os israelenses ser “proporcionais” também no nível de exposição de seu próprio povo à fúria do inimigo, de sorte que também possam exibir, com vitimismo triunfante, seus cadáveres pelas ruas, passando-os de mão em mão, numa espécie de catarse da morte?


De fato, Israel não tem saída. A não ser lutar. A guerra de propaganda contra os adoradores de cadáveres, o país já perdeu. Resta-lhe fazer todos os esforços para não ser derrotado no terreno propriamente militar. É a sua contribuição do momento ao triunfo da civilização.


Blog Reinaldo Azevedo: A nota da “OLPT”

O PT, oh surpresa!!!, divulgou um nota de repúdio a Israel. Por que não? O texto, vocês verão, também poderia ser enquadrado no crime de terrorismo, mas contra a língua portuguesa. Segue em vermelho. Intervenho em azul.


PT condena ataques criminosos

Os ataques do exército de Israel contra o território palestino, que já causaram milhares de vítimas e centenas de mortes, além de danos materiais, só podem ser caracterizados como terrorismo de Estado.
Não aceitamos a "justificativa" apresentada pelo governo israelense, de que estaria agindo em defesa própria e reagindo a ataques.


Atentados não podem ser respondidos através de ações contra civis. A retaliação contra civis é uma prática típica do exército nazista: Lídice e Guernica são dois exemplos disso.


Viram só? Lembram-se do que escrevi na madrugada? Eis ali a associação entre a ação israelense e os nazistas. O que foi mesmo que escrevi? Sempre que se faz isso:

a) maximiza-se a tragédia presente dos palestinos;

b) minimiza-se a tragédia passada dos judeus:

c) apaga-se da história o fato de que o Hamas é a força agressora, e Israel, o país agredido;

d) equiparam-se os judeus aos nazistas que tentaram exterminá-los, o que, por razões que dispensam a exposição, diminui a culpa dos algozes;

e) cria-se uma equivalência que aponta para uma indagação monstruosa: não seria o povo vítima do Holocausto um tanto merecedor daquele destino já que incapaz de aprender com a história?


O governo de Israel ocupa territórios palestinos, ao arrepio de seguidas resoluções da ONU. Até agora, conta com apoio do governo dos Estados Unidos, que se realmente quiser tem os meios para deter os ataques.
AQUI ESTÁ UMA DAS FORMIDÁVEIS MENTIRAS DA NOTA. Não, os EUA não dispõem dos meios para impedir os ataques. Não há ou haverá governo americano — de Bush, de Obama ou de qualquer outro — capaz de impedir Israel de se defender. E não só em relação ao Hamas. Se a Europa e os EUA permitirem, por exemplo, que o Irã faça a sua bomba, Israel irá à luta. Nem que seja sozinho.


Feitos sob pretexto de "combater o terrorismo", os ataques de Israel terão como resultado alimentar o ódio popular e as fileiras de todas as organizações que lutam contra os EUA e seus aliados no Oriente Médio, aumentando a tensão mundial.

Duas canalhices morais em tão poucas linhas!

1 - O texto ignora os ataques feitos pelo Hamas — considerados apenas “pretextos”.

2 – A nota do PT pretende ser uma peça de fina teoria política. Observem que tem a ousadia de dar aula de realismo aos EUA e a Israel, como a dizer: “Se vocês não quiserem que o ódio contra vocês aumente, então os ataques têm de parar agora”. Vale dizer: “A melhor maneira que você têm de combater o inimigo é ceder às suas pressões e chantagens”. Ah, claro: até parece que o PT está realmente preocupado com a reputação dos EUA e de Israel...


O Partido dos Trabalhadores soma sua voz à condenação dos ataques que estão sendo perpetrados pelas forças armadas de Israel contra o território palestino e convoca seus militantes a engrossarem as manifestações contra a guerra e pela paz que estão sendo organizadas em todo o Brasil e no mundo.
De fato, os petistas conseguem “engrossar” qualquer coisa... Ah, sim: “manifestação pela paz” é sinônimo de condenação a Israel e, pois, da continuidade do ataques do Hamas. Na prática, o que se pede é que o terroristas continuem a lançar “em paz” os seus foguetes.

O PT reafirma, finalmente, seu integral apoio à causa palestina.

...E apóia os foguetes do Hamas


Ricardo Berzoini

Presidente nacional do PT

Valter Pomar

Secretário de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores

Berzoini é o camarada que, apropriadamente, costumo chamar de Berzoniev. Pomar? Ah, é o atual chefão do Foro de São Paulo, aquela entidade que congrega as esquerdas latino-americanas, inclusive o Partido Comunista Cubano, que responde por quase 100 mil mortos no seu esforço para construir o “novo homem”. Mortes justas, como sabemos, que honram o pacifismo e o humanismo.


E, como é sabido, a posição do PT é também a do governo brasileiro: sempre simpático às ditaduras, hostil, sempre que possível, às democracias. No começo dos anos 1980, quando praticamente todas as facções terroristas palestinas estavam abrigadas na então OLP (Organização para a Libertação da Palestina), uma amiga já chamava o PT de “OLPT”. Justo e premonitório.


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