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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Israel x Gaza x Oriente Médio (75) ....Shimon Peres: 'O mundo, no fim, nos agradecerá'

O Globo, Mundo, páginas 29, 30 e 31, em 09/01/2009.


O Globo, Mundo, página 29, em 09/01/2009.

Foguetes do Líbano caem sobre Israel

Hezbollah nega ter realizado ataque ao norte do país, que responde com mísseis


ASHKELON, Israel. Depois de 13 dias de campanha militar na Faixa de Gaza, Israel sofreu ontem o mais grave ataque vindo do Líbano nos últimos dois anos, o que trouxe de volta o fantasma da guerra de 2006. Pelo menos três foguetes Katiúsha, disparados do sul libanês, caíram na cidade de Nahariya, a cerca de dez quilômetros da fronteira, ferindo dois israelenses.


Ainda sob o trauma de uma conturbada ação militar que se estendeu em território libanês por 34 dias, as Forças Armadas de Israel reagiram, disparando cinco mísseis contra a área de onde partiram os projéteis. Caças F-16 invadiram o espaço aéreo do país numa tentativa de identificar o local dos disparos.


O grupo xiita Hezbollah negou a autoria do ataque e analistas acreditam que organizações palestinas baseadas no Líbano tenham feito os disparos em protesto contra a ofensiva em Gaza. Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque.


Desde a guerra de 2006, considerada um fracasso estratégico por muitos em Israel, o Hezbollah ganhou peso político no Líbano, e hoje integra o governo do país.


Um dos foguetes caiu num asilo no centro da cidade de Nahariya. Os moradores receberam ordens de se refugiar em abrigos antiaéreos.


Temendo a abertura de uma nova frente, o governo aumentou o nível de alerta na região. Centenas de reservistas, convocados para a operação em Gaza, foram mobilizados no norte do país. Há dois anos, o Hezbollah lançou quatro mil foguetes contra Israel.


De acordo com o ministro da Informação libanês, Tareq Mitri, os líderes do Hezbollah garantiram que o grupo não está envolvido no ataque. A imprensa local especula que a autoria dos disparos seria da Frente Popular para a Libertação da Palestina, liderada por Ahmed Jibril. O premier do Líbano, Fuad Siniora, afirmou que país não tem interesse num conflito com Israel, e determinou que o Exército redobrasse a vigilância na fronteira.


— O premier reconhece a violação inaceitável dos termos de cessar-fogo e já determinou a abertura de uma investigação para apurar o incidente — disse Siniora, num comunicado.


As tropas da ONU estacionadas na fronteira entre os dois países também redobraram o patrulhamento. Um dia antes, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, advertira os israelenses que “todas as possibilidades estavam abertas”.


Num pronunciamento no subúrbio de Dahieh, o reduto da milícia em Beirute, anteontem ele desafiou o premier israelense, Ehud Olmert, afirmando que o Estado judeu jamais poderá derrotar o Hezbollah no Líbano e o Hamas, em Gaza.


— Contra Israel temos que ser duros e estar sempre preparados.


O Globo, Mundo, página 31, em 09/01/2009.

'O mundo, no fim, nos agradecerá'

Presidente de Israel e Prêmio Nobel da Paz diz que a vitória do Hamas vai tornar o grupo incontrolável

ENTREVISTA
Shimon Peres


Estes são dias em que o presidente de Israel, Shimon Peres, de 85 anos, trabalha mais do que o normal. Sua agenda de ontem, por exemplo, teve 19 horas de trabalho. Em entrevista após uma reunião com o primeiro-ministro, Ehud Olmert, e de uma conversa telefônica com o ministro da Defesa, Ehud Barak, que o alertou para os riscos de uma segunda frente de combate na fronteira com o Líbano, Peres afirmou que líderes árabes dizem a Israel para acabar com o Hamas. Co-fundador do Partido Trabalhista, do qual saiu há três anos, Peres foi primeiro-ministro de 1984 a 1986 e de 1995 a 1996, e várias vezes ministro israelense. Em 1994, ganhou o Prêmio Nobel da Paz, com o ex-premier Yitzhak Rabin e o então líder da OLP, Yasser Arafat.


Henrique Cymerman Especial para O GLOBO JERUSALÉM


O GLOBO: Nesse momento há mísseis sendo disparados do Líbano no norte de Israel. Uma nova frente vai ser aberta nesta guerra?

SHIMON PERES: Acredito que não. Acredito que os disparos foram feitos pela Frente Nacional, um dos grupos extremistas do Líbano. Vamos tratá-los da forma apropriada.


Esses dias têm sido difíceis para Israel e para o senhor também. Por que Israel voltou a Gaza?

PERES: Israel não voltou a Gaza.

Está agindo para deter foguetes e mísseis. Em 2005, nenhum militar ou cidadão israelense ficou lá. Desmantelamos nossos assentamentos, mandamos 45 mil policiais para trazê-los para casa. A Faixa de Gaza estava na mãos de palestinos, livre da ocupação, com fronteiras abertas e com comércio.

O problema é a natureza do Hamas. É a primeira vez na História que um grupo tão extremista, fanático e irresponsável se apodera de um pedaço de terra e transformao numa base para ataques, sem nenhuma razão conhecida ou motivo declarado. Nenhum país no mundo poderia aguentar 90 foguetes por dia lançados sobre sua população sem qualquer motivo. Temos que proteger o nosso povo. É inimaginável que um milhão de israelenses viva em abrigos, só porque existe um grupo desequilibrado atirando contra nós.


Como um homem de paz, como o senhor se sente diante das imagens de dezenas de famílias e crianças assassinadas na Faixa de Gaza?

PERES: Esta não foi uma escolha nossa. A falta de alternativas nos levou a isso. Não é possível atingir a paz deixando aqueles que querem destruir a paz de mãos livres. Temos que fazer isso. O mundo no fim nos agradecerá, pois se deixarmos o Hamas ganhar, ele será incontrolável. É um grupo ilegal. Começaram a sua revolução contra a Autoridade Palestina. Mataram centenas de líderes e membros do Fatah em Gaza. O presidente Mahmoud Abbas reconhece isso.

Se alguém tenta legalizá-los ou pensar como eles, seria como apoiar um mundo selvagem e inviável.


O que o senhor diria a quem afirma que Israel está cometendo um massacre em Gaza?

PERES: Acredito que estejam fazendo declarações sem conhecer os fatos. O que diriam se eu contasse que o Hamas está usando crianças como escudos humanos para esconder armas? Têm uma resposta para isso? O que diriam se eu contasse que o Hamas esconde armas dentro de mesquitas? O que diriam se eu contasse que terroristas estão se disfarçando dentro de hospitais? Não sabem dos fatos. Alguém é capaz de mudar o comportamento do Hamas? Quem são eles? Professores de universidades? Se podem fazer com que parem, garanto: nenhum soldado israelense pisará mais em Gaza. Mas ninguém conseguiria isso.


O que aconteceu na escola da ONU? Israel pediu para que a população deixasse suas casas. Alguns se refugiaram na escola...

PERES: Alertamos à ONU que o Hamas usa suas instalações para lançar mísseis e atacar Israel. Pedimos à ONU que investigasse o tema. Eles não respeitam nada. Nem leis, nem normas, nem a vida humana.
Também sou contra a guerra, contra os disparos e a favor da paz. Mas se deixarmos que continuem disparando, não haverá paz.


Mas, que culpa têm crianças e palestinos adultos inocentes?

PERES: Quem disse que são culpados? Digo que é um crime que eles escondam granadas em creches. Insisto que o crime maior é esconder morteiros em escolas. Nunca ninguém fez isso no passado.


A operação militar está alcançando seus objetivos?

PERES: Não tínhamos objetivo.

Fomos atacados e tivemos que defender nossas vidas. Não temos o objetivo de conquistar Gaza, nem queremos suas terras ou os seus bens. O que queremos é que nossos cidadãos possam ser livres.


O que o senhor acha de comentários de outros líderes, como o presidente espanhol, que considerou a operação de Israel desproporcional?

PERES: Como definimos proporcional? O ataque terrorista ao trem de Madri é proporcional? Se disparam 50 foguetes por dia sobre Israel, é proporcional? Não falamos de proporções, exigimos que parem os ataques contra o nosso povo.


A trégua em Gaza está mais próxima? Quais são as condições para atingi-la?

PERES: A fronteira de Rafah está fechada a armas. Não permitiremos o contrabando de armas pelos túneis e exigimos que parem com os disparos e com o terror. Só queremos ser um povo normal.


No passado, a possibilidade realizar negociações com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) era considerada um tabu. O senhor vê chance de diálogo com o Hamas no futuro?

PERES: Quando começamos a conversar com a OLP? Quando (Yasser) Arafat reconheceu a existência do Estado de Israel. Se o Hamas seguir os mesmos passos, não descartaríamos dialogar. Lutamos contra uma política, a política do terror. Por enquanto, não temos com quem dialogar, é como dialogar com uma parede.


Barack Obama vai assumir a Presidência em dias. O senhor acredita na possibilidade de um acordo com os palestinos com mediação americana?

PERES: Se conseguirmos pôr fim às provocações do Hamas, o faremos. As posições da ANP e as nossas são muito parecidas. Nós conversamos com o presidente Abbas, que foi eleito por uma maioria de 62%. O único obstáculo é o Hamas. Podemos retomar o diálogo imediatamente.


Como Prêmio Nobel da Paz e visionário do Oriente Médio, é frustrante para o senhor constatar que Israel vive sua oitava guerra?

PERES: Eu sei que é mais difícil chegar à paz do que fazer a guerra. Ainda que eu tenha recebido um Prêmio Nobel, sei que a paz não é uma festa, há muitas dificuldades, interesses enfrentamentos. Tudo o que posso dizer é que nunca renunciamos a nosso desejo de paz e nossa vontade de pagar um preço por isso.


O Globo, Mundo, página 31, em 09/01/2009.

Brasil busca acordo

Celso Amorim visitará o Oriente Médio

Catarina Alencastro e Isabel Braga


BRASÍLIA. O chanceler Celso Amorim fará uma turnê pelo Oriente Médio para continuar os esforços do governo brasileiro de mediar um encontro para discutir o processo de paz entre Israel e os palestinos. No domingo, Amorim chega à Síria, onde será recebido pelo presidente Bashar al-Assad. No mesmo dia, o chanceler se encontrará com a colega de cargo em Israel, Tzipi Livni. De lá, Amorim segue para Ramallah, onde se reunirá com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. O Itamaraty informou que o objetivo da viagem é “apoiar os esforços para um cessar-fogo imediato, o alívio da situação humanitária e o estabelecimento de uma paz duradoura na região.” No dia 13, Amorim será recebido em Amã pelo rei Abdullah II, da Jordânia, onde acompanhará a entrega da doação que o Brasil está fazendo de 14 toneladas de medicamentos e alimentos aos palestinos de Gaza.


Em nota oficial, o PSDB acusou o PT de procurar transformar o complexo conflito do Oriente Médio em “roteiro cinematográfico simplório no qual o ‘bem’ e o ‘mal’ são claramente identificáveis”. Dias atrás, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e o PT classificaram a ação de Israel de “terrorismo de Estado”.


Youtube

FIERJ

Osias também participou da mesa de debates da Rádio Globo 1220 no início desta semana no "Manhãs da Globo", participantes: apresentador Jorge Luiz, profa. Roberta Barreto, dr. Luiz Eduardo Miranda. Oconteúdo completo também está no YouTube - Osias Wurman na Rádio Globo


A FIERJ também utilizou seu programa Comunidade no Ar, na Rádio Livre 1440 (terças as 15h) para com José Roitberg e Kim Spomberg, não só repudiar a nota oficial do PT em relação ao conflito mas para ler e explicar o racismo e anti-semitismo da Carta do Hamas de forma aberta.


Na quarta-feira no programa diário "Debates Com Carlos Bianchini", também na Rádio Livre (9h30 às 11h30), 40 minutos do programa foram dedicados a expor o horror da Carta do Hamas numa discussão encabeçada pelo professor Ricardo Moderno, presidente da Academia Brasileira de Filosofia, José Roitberg, dr. Condé (o papa da ginecologia no Brasil), deputado estadual João Pedro (DEM) e do radialista Carlos Bianchini. Toda a mesa também se pronunciou contra a nota oficial do PT. Estamos aguardando o áudio deste debate para colocar no YouTube.


Milênio

  • Silio Boccanera entrevista Ilan Pappe: A ONU propôs a partilha da área conhecida como Palestina, e os árabes que viviam ali não aceitam a decisão. Israel, como toda nação, desenvolveu sua narrativa oficial e os palestinos discordam.

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